segunda-feira, maio 08, 2017

TIRO AO LADO, PLUMA CAPRICHOSA

Um artigo de Clara Ferreira Alves, no Expresso de domingo, chamou-me a atenção para o modo como alguns portugueses encaram os problemas que têm perante os serviços da administração pública.

Para começar devo dizer que a articulista agiu, e escreveu como um típico português com habilitações académicas e uma posição social até um pouco acima da média, e foi por isso que a li com mais atenção.

O seu contacto, pelos vistos traumático, com a conservatória do registo civil para obter um passaporte, que ela supôs erradamente que seria mais rápido porque a ministra da Modernização Administrativa disseram que ficaria mais simples por causa do Simplex, e afinal foi frustrantemente mais lento do que poderia imaginar.

Chegados a esta frustração, que atinge indistintamente funcionários públicos, e os não funcionários, temos que CFA decidiu lançar a suspeita de que haveria uma “hora de almoço da função pública”, bastante cedo, que entre os funcionários que estava a ver “ninguém se lembrou de simplexamente actualizar a lista do site do Estado” (desactualizado), que talvez els fossem responsáveis pelo “ar desleixado” (do piso), e pelo estado do WC, e até que “uma funcionária apanhava papéis com uma lenta deliberação, sem atender”, talvez estando a fazer cera.

Quando conseguiu entabular diálogo com uma funcionária, foi-lhe dito que os funcionários são poucos, que estão desmotivados, o que classificou como “o queixume do costume”, e conclui com “ e deste lado, a espera e a desorganização geral fazem com que os ameacemos e hostilizemos”.

A Pluma Caprichosa ignora muito simplesmente que existem responsáveis pelos procedimentos administrativos, chefias responsáveis pelos serviços e pela sua coordenação, e responsáveis políticos que deviam dar a todos os serviços condições, não só de meios físicos, mas também de meios humanos para um funcionamento de qualidade. Nada disto se cria apenas com um qualquer Simplex, anunciado com pompa e circunstância.


Clara Ferreira Alves apontou muito baixo, e inverteu a pirâmide de responsabilidades, talvez porque é mais fácil, está mais à mão e talvez lhe seja muito conveniente (isto penso eu, que também tenho o mesmo direito de opinar). 


Sem comentários: