Começo por declarar que não sou
católico, não sou do Benfica e não um apreciador ferrenho do fado, ainda que
goste do de Coimbra. No manifesto de interesses também devo declarar-me não
nacionalista, embora orgulhoso de ser português.
Quando no mesmo dia vejo as
atenções dos média saltar da visita a Fátima do Papa, para a victória do
Benfica à tarde, e depois dar uma guinada; à noite, para o Festival da
Eurovisão, fico apreensivo, porque as multidões saltam também de um
acontecimento para outro, parecendo que não houve ninguém que ficasse alheio a,
pelo menos um dos acontecimentos do dia.
Os três FFF do Estado Novo eram o
Futebol, o Fado e Fátima, pela ordem que desse mais jeito a cada um. O povo
revia-se em pelo menos uma das manifestações, bastava portanto dar o devido
relevo a todas para manter o povo “anestesiado” relativamente às realidades da
vida que a grande maioria dos portugueses tinha, com baixos salários, sem
direitos e sem a oportunidade de manifestar a sua vontade livremente,
escolhendo outros que não os candidatos impostos pelo regime.
Hoje é tudo mais subtil, mas os
direitos estão ainda condicionados pela economia, os salários continuam a ser
muito baixos relativamente ao espaço onde competimos, e politicamente até as
escolhas estão cada vez mais condicionadas, porque temos que obedecer aos
credores.
As televisões e as rádios,
começando pelas que são do sector público, deram relevo aos três FFF no passado
sábado, mas espero que haja sempre quem resista, alguém que pense pela sua
cabeça, e alguém pretenda um Portugal melhor, para si e para os seus filhos…
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