quinta-feira, junho 23, 2005

RENOVAÇÃO DE GERAÇÕES

Esgrimindo argumentos de sustentabilidade do sistema e do fim dos privilégios (?) dos funcionários públicos, este governo decidiu aumentar a idade de reforma dos funcionários. Eu podia rebater estes pontos, recordando apenas que o sistema de segurança social está ameaçado porque os diversos governos deixaram de cumprir as suas obrigações contributivas, ou recordando que também no sector privado(deixo de lado altos cargos diversos, incluindo políticos) era possível a reforma aos 55 anos de idade.
È mais sério aqui falar de produtividade e de combate ao desemprego e ao trabalho precário, que convenientemente ficam de fora nesta equação. Aumentar a idade de reforma visa apenas reduzir os anos de usufruto da mesma, tanto mais que não se leva em linha de conta os anos de carreira contributiva dos funcionários. Haver pessoas que apelidam de privilégio o direito à reforma ao fim de 36 anos de trabalho, e não renunciam a reformas obtidas ao fim de 6, 8 ou 12 anos de alguma actividade, é um escândalo e uma imoralidade.
Como pode alguém esperar um aumento da produtividade de trabalhadores que se sentem enganados e espoliados de direitos ? Onde pára o discurso da falta de habilitações das gerações mais velhas que seríam a causa da baixa produtividade?
Não será com medidas deste tipo que vamos aumentar a produtividade, melhorar a qualidade dos serviço ou combater o desemprego e o trabalho precário, disto estou certo. Posso até acrescentar que, se não houver no futuro imediato uma renovação de gerações, nem sequer será possível transmitir os conhecimentos e experiências adquiridos ao longo de muitos anos aos novos funcionários.Senhores políticos, desçam ao mundo real e deixem-se de teorias económicas que levaram este país ao buraco onde estamos. Privilegiados, apenas vos conheço a vós, que nunca são responsabilizados pelos erros que cometem, e são muitos!

1 comentário:

José Lopes disse...

Trabalhai até caírem de podres, assim decreta o filósofo. Reformai-vos só aos 65 anos, como fazem os nossos políticos. Ou há moralidade ou comem todos. Platão dixit, e nós rimos de tanta falta de chá...