segunda-feira, julho 04, 2005

GATO ESCONDIDO

A estratégia de responsabilizar os funcionários públicos de todos os males de que padece o país, já começa a ficar demasiado gasta e em breve pode virar-se contra os seus mentores.
A função pública está e sempre esteve sob a direcção e orientação dos governos e do pessoal por eles nomeado, como tal se o seu desempenho não é satisfatório isso não abona nada de bom sobre a qualidade das chefias políticas. Também começa a ficar difícil passar a mensagem de que os funcionários são diferentes de todos os restantes portugueses, excepcionando-se o facto de serem geridos por uma classe que continua a não admitir a sua incapacidade para gerir a coisa pública.
Sobre as dificuldades com a segurança social, também é perigoso dividir a sociedade portuguesa entre funcionários e não-funcionários, pois os primeiros não podem de modo nenhum fugir aos descontos, já os segundos, com a conivência de alguns patrões, podem.
Os tais privilégios de que tanto fala o governo também são um terreno escorregadio até porque ainda não se falou de muitas mordomias dos políticos e outro pessoal dirigente, nem de acumulações de funções em diversos campos que são verdadeiramente obscenas.
Dividir para reinar é um estratagema muito batido. Cortar para depois nivelar por baixo é perigoso, porque o limite suportável já foi atingido e o descontentamento vem aí, logo depois das férias.Dobrar a espinha aos funcionários públicos é a táctica para desmobilizar a contestação organizada e forte. Mais temível contudo será o descontentamento social não organizado induzido pelas dificuldades de subsistência e pela descrença na classe política.

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