sábado, setembro 03, 2016

OS ALERTAS E O PATRIMÓNIO



Os alertas feitos pelo director do Museu Nacional de Arte Antiga, sobre uma possível calamidade que poderá acontecer em breve, podem soar a exagero, podem até roçar o ridículo, mas nada têm de descabidos.

Cada um usa os meios que tem à sua disposição, do modo que acha mais eficaz, ou perante a plateia que acha mais receptiva, pelo que desta vez nem sequer critico o senhor, que acho um pouco ávido de protagonismo.

A situação do Museu de Arte Antiga não é a que me parece mais grave, nem a do Museu dos Coches, pois ambos têm bastantes funcionários cuja função será a vigilância e acolhimento de visitantes, a julgar pelos mapas de pessoal, disponibilizados no sítio da Direcção Geral do Património Cultural. Claro que se sabe que muitos destes funcionários desempenham outras funções, de secretariado, como telefonistas, nos serviços educativos e até em funções de manutenção, não previstos nos referidos mapas, mas necessários segundo as direcções dos serviços.

Existem vários serviços que conheço, com mais carências, como os Jerónimos, a Torre de Belém, a Batalha, o Grão-Vasco, Alcobaça, e Mafra, serviços que visitei nos últimos dois anos e onde pude constatar a falta de funcionários nos espaços visitáveis.

Ao contrário do que possa parecer pelos mapas de pessoal, na DGPC existem mais técnicos superiores do que funcionários a fazer efectivamente acolhimento e vigilância, e estes estão um pouco deixados ao abandono pela falta de formação profissional contínua, inexistente, e pela falta de coordenadores que os vão enquadrando, dependendo de pessoas que não desempenham estas funções, nem sabem desempenhá-las, e não têm os mesmos horários pelo que os deixam ao abandono boa parte do ano (sábados, domingos e feriados).

O que acontecerá se um dia houver uma calamidade pública, incêndio, tremor de terra ou inundação, ou se houver um furto ou alguma coisa for vandalizada por falta de vigilantes? Quem arca com as responsabilidades pelas deficiências no acolhimento e com a falta de informação em muitos locais?

A Cultura não pode ser uma bandeira de políticos quando estão na oposição. Tem de ser acarinhada todos os dias e tem que ser dotada de meios humanos e materiais suficientes para um bom desempenho. Ao nível da organização também há muito que fazer, porque houve um retrocesso nos últimos anos. 
 
 

1 comentário:

Elvira Carvalho disse...

Onde é que assino?
Abraço