Fui um dos que aguentei firme os cinquenta e tal minutos que durou a entrevista do secretário de Estado da Cultura, dada à SIC, para ficar esclarecido sobre algumas frases que lhe eram atribuídas, e sobre a política para o Património.
Fiquei esclarecido sobre a polémica sobre a importância dada às bilheteiras, que apesar de Francisco José Viegas ter dito que não era o critério mais importante, nem sequer decisivo, pesam muito na sua estratégia para os museus, como se percebe pelas suas decisões.
Sinceramente achei muito pobre, o pouco que disse o entrevistado sobre a área do Património, que lhe tomou pouco mais do que 1 minuto, e onde apenas desvendou a intenção de acabar com as gratuitidades aos domingos, aventando a hipótese de ficar reduzida a apenas um dia por mês.
O argumento dos tais 36% de entradas pagas, que são manifestamente curtas para as necessidades de conservação e funcionamento dos serviços, é curto e não explica quase nada.
Vem a propósito a entrega da tutela de palácios a uma sociedade anónima de capitais públicos, que Francisco José Viegas nunca explicou em público, nem discutiu com os mais de sessenta funcionários desses serviços, apesar de gostar de debate e discussão das matérias.
O senhor secretário de Estado ainda não teve a “amabilidade” de esclarecer os funcionários, o que é estranho, nem veio publicamente esclarecer os contribuintes das vantagens desta “entrega de tutela”. Os cidadãos deviam poder conhecer a avaliação dos serviços em causa e da empresa a quem vão ser entregues.
Numa análise sobre os números que pudemos colher no sítio do IMC, ficámos a saber que o Palácio Nacional de Sintra foi nos primeiros 6 meses deste ano, o serviço que teve mais visitantes e que apresenta o rácio mais elevado de entradas pagas de todos os que constam das estatísticas do IMC. O de Queluz tem menos visitantes, talvez por ter um horário mais pequeno, e por não estar numa zona com tanta oferta como em Sintra, mas também tem um bom rácio de entradas pagas.
Quanto à empresa Parques de Sintra – Monte da Lua, apenas conseguimos saber qual a sua constituição accionista actual, que não tinha dívidas a 30 de Junho de 2011, e só. Digamos que é curto pois já existe há mais de cinco anos e julgamos que deve contribuir para os orçamentos dos organismos que fazem parte da estrutura accionista, e desconhece-se completamente qual tem sido o seu contributo.
Penso que a Secretaria de Estado da Cultura devia ter uma postura mais clara sobre o Património e devia deixar bem claras as suas opções, explicando-as e discutindo-as interna e publicamente. Os cidadãos têm direito a ser informados e estou certo que Francisco José Viegas deve ser o primeiro a estar interessado em deixar-nos esclarecidos.
Aquela alusão à falta de dinheiro e qual a parte que não tinha sido entendida, foi a parte mais infeliz da entrevista, e era absolutamente desnecessária, para quem o questiona com educação e respeito.
5 comentários:
Havia-me esquecido de que não temos Ministro da Cultura.
Já não me lembrava de que o Secretário de Estado da Cultura era Francisco José Viegas, pessoa de quem partilhava opiniões e admirava (algum) pensamento.
A partir de hoje não esquecerei que uma coisa é estar no Governo e outra é estar fora.
Gostamos sempre de nos comparar com os países mais desenvolvidos do que nós.
Sem dúvida que é inteligente e salutar aprender com os exemplos válidos.
Na prática o que em Portugal acontece é um hibridismo podre e estúpido que só copia a parte que não interessa a ninguém (a não ser aos lóbis).
Quando os os museus Portugueses tiverem qualidade de forma e conteúdo que se tornem comparáveis aos melhores museus da Europa podem cobrar balúrdios de entrada que todos os visitarão.
Quando a maioria dos Portugueses partilhar o interesse médio pela Cultura quantitativamente comparável com os melhores exemplos europeus podem cobrar balúrdios de entrada que todos visitarão museus.
Enquanto prosseguirmos na linha política da estupidificação das massas para maior colheita de votos não acontecerá nada do que até agora se disse.
Acho mal que se passe a cobrar entrada nos museus com todas as condicionantes inerentes à pequena reflexão que aqui fizemos.
Parece-me normal que se cobre a entrada nos museus à luz da teoria embrutecedora de quem se quer manter apoiado à custa da cegueira do seu semelhante.
Fora da política Viegas era respeitado e tinha ideias boas, no poder limita-se a ser um seguidor de Relvas, que de facto é quem manobra o leme.
Bjos da Sílvia
Depois de ler os comentaristas anteriores não me ocorre acrescentar nada mais.
Um abraço e uma bos semana
Perdeste tempo porque bastava teres lido um livro do tipo O LIBERALISMO PARA TOTÓS.
Lol
AnarKa
Tenho problemas em ouvi-los :)
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