segunda-feira, agosto 16, 2010

O SER, E O PARECER

Circulando sempre por bandas do turismo e da hotelaria, por força da minha actividade principal, tenho para mim que o novo riquismo de alguns portugueses ostentam, principalmente nas férias, não é saudável nem recomendável.

Uma certa classe de deslumbrados que giram em torno da política e da finança, fazem questão de alardear que estão na mó de cima e aparecem em tudo o que é muito badalado e “em grande” para impressionar quem os vê.

É lamentável que num país pobre e com desigualdades que nos deviam envergonhar, haja quem alardeie tanta abastança, na maioria das vezes sem nunca ter provado competência profissional alguma.

Uma volta pela noite de Lisboa e pelo paradeiro dos sem abrigo, talvez pudesse contribuir para abrir os olhos desta cambada de deslumbrados, alguns dos quais bem podiam contribuir com dinheiro e com trabalho comunitário para tornar a vida um pouco menos dura aos que não foram bafejados pela sorte, ou não tiveram amigos influentes nos sítios certos.

Ao invés do brilho das festas, do luxo dos alojamentos de férias, e dos acenos para as máquinas fotográficas, que tal descerem ao mundo real uma vez por outra?



CARTOON


ELVIS PARTIU HÁ 33 ANOS

4 comentários:

Anónimo disse...

Adorei a foto do Passos. Está uma beleza... de asno.
Bjos da Sílvia

Pata Negra disse...

Já não sei se é o Ser e o parecer se o parecer e não ser! O país arde, o povo do interior grava queimaduras na pele mas , enquanto isso, há férias que não se podem deixar de gozar! O nosso maior património era a floresta, não a pedra! Que incendeiam todos os monumentos! Salvam as árvores! Não faço turismo, corto mato!
Ai o meu país a arder e as praias cheias de gente a banhos!
Um abraço das cinzas

Anónimo disse...

Ricos poder de ricos e cada vez mais pobres, ainda mais pobres que antes. Do Pontal pontuou a política social do Passos, pela omissão está visto.
Lol

AnarKa

MARIA disse...

Olá Zé, tenho poucas oportunidades para sair e consequentemente utilizar esse tipo de empreendimentos hoteleiros. Mas nas raras vezes que o faço se há coisa que me choca é ver como as pessoas se "despersonalizam" face ao luxo e se entendem como que fazendo parte dele, espécie de seres à parte das massas anónimas "populares" que nunca poderão frequentar os lugares em causa.
Às vezes vão essas pessoas para ali mediante créditos de férias, enfim...

Um dia destes precisei de permanecer num desses locais aonde o cómodo mais barato por uma noite não era nunca inferior a 100 E
A dada altura vejo entrar um miúdo (16/17) que perguntava contando exaustivamente os seus 97 cêntimos se não tinha quarto para ele e uma menina de igual idade para uma noite.
Esta situação que poderia suscitar as mais diversas ponderações só era comentada pelos presentes na salinha da recepção pela "pindirequice" do miúdo. "Se não tem dinheiro, esta gente não tem noção do seu lugar, etc, etc ..."
O miúdo era de uma das famílias mais abastadas que tive oportunidade de conhecer em Torres Vedras e como era habitual o pai usar aquele hotel, quis passar a primeira noite com a namorada ali.

Ele acabou por ficar porque alguém se aproximou com uma nota de 20 euros e entregou à moça que o acompanhava dizendo-lhe que reparara que havia caído do bolso das suas calças.

:)

Mas vivemos num mundo onde a aparência pode ser mesmo tudo. Quem se recusa a viver assim e segue as suas normas, sofre consequências.
:)
Gostei imenso deste post meu amigo, da sua reflexão. Coincidimos absolutamente neste aspecto naquilo que pensamos a respeito deste assunto.


Um beijinho.