Meu caro Teófilo Braga
O carácter inalteràvelmente afectuoso das nossas relações, através de uma íntima convivência de mais de quarenta anos, me anima a dirigir esta carta ao chefe do actual governo da Nação. Sabe muito bem V., conhecendo a minha orientação mental, que, indiferente às formas de governo, nada em política me é mais profundamente antipático do que o votismo e o parlamentarismo, que eu considero os mais destrutivos agentes da capacidade administrativa em democracias insuficientemente educadas para a liberdade. O governo a que V. preside provém da intervenção fortuita de uma élite que distribuiu o exercício das funções pela especialização das capacidades. Esta génese torna para mim particularmente interessante e atraente o seu governo. Não vá porém julgar, meu caro Teófilo, que por meio desta sincera confissão eu venho formular a minha adesão à República, engrossando assim o abjecto número de percevejos que de um buraco estou vendo nojosamente cobrir o leito da governação. Não; pela minha parte eu não presto esse tributo à República. Nunca também o prestei aos políticos monárquicos, de cujos partidos nunca fiz parte, a cujo funcionalismo nunca pertenci, aos quais nunca absolutamente pedinchei o que quer que fosse…
Carta de Ramalho Ortigão a Teófilo Braga, de 16 de Outubro de 1910.
Leia o texto integral AQUI
5 comentários:
Esta carta não é minha, não tem que ser concordante com as minhas posições políticas, mas retrata coisas que já deviam ter sido expurgadas numa democracia com mais de 3 décadas.
Não creio que alguém necessite de pensar longamente no sentido de voto para domingo, mas deixo-vos apenas uma carta escrita no princípio do século passado.
Abraço do Zé
OLÁ AMIGO ZÉ
venho do blog da minha sobrinha e ela tem lá linkado este teu blog, por isso é sinal que ela te admirava e cá estou a deixar-te um recado:
HOJE faço uma homenagem à minha sobrinha Tânia do Bookcrossing, falecida em Março passado:
Minha querida, um “grande amigo” recente, também da blogosfera, mas já real, em Abril passado, já depois da tua partida para sempre da minha vida, fez o percurso “Caminhos de Santiago” ( conheceu-te através de mim, do meu sofrimento, da partilha de emoções) e, juntamente com os seus companheiros de caminhada rezaram por ti e fizeram uma oferta pela tua alma, deixando no local um símbolo e umas florzinhas do campo.
LINDO, não é?
Aqui estão duas imagens desse “momento”.
Faço-te homenagem nos meus dois blogues, neste "teu dia".
Oportuno texto e também as caricaturas.
Lol
AnarKa
Também deixei um "recado" alheio para o dia de reflexão.
E agora vou votar.
Boa semana.
Quando ainda tínhamos homens que sabiam escrever e que diziam o que pensavam, davam-se à estampa pérolas assim!
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