Quando na segunda metade da década de sessenta do século passado comecei a tomar consciência política, e a desejar mudanças contribuindo de algum modo para que isso acontecesse, ainda sonhava com um mundo melhor. Uns anos depois alguém disse que eu teria que escolher entre a realidade e a utopia, porque o mundo não ía mudar só porque eu assim o desejava.
Um homem só não muda o mundo, mas a vontade de muitos pode fazê-lo, essa foi a conclusão a que cheguei uns anos mais tarde com o 25 de Abril. Todos temos direito a uma vida melhor, a uma melhor distribuição da riqueza e a mais Justiça no sentido mais lato.
Portugal retrocedeu em quase todos os parâmetros estabelecidos logo após a 1974, e as desigualdades sociais voltaram a aumentar, a Justiça está de má saúde e apenas os ricos se mostram satisfeitos com a impunidade de que gozam, e os direitos laborais já quase deixaram de existir e a saúde começa a estar apenas ao alcance de quem pode.
Os políticos caíram em descrédito, o sistema judicial afunda-se rapidamente, e a saúde, que alguns dizem que é dos sectores que goza de alguma credibilidade, começa a ficar cada vez mais distante do cidadão normal.
Na mesma altura em que se diz que os portugueses confiam no SNS, revela-se também que são cada vez mais os portugueses que não compram os óculos que necessitam, ou que não vão ao dentista por não poderem arcar com as despesas. O tendencialmente gratuito da Constituição Portuguesa, por vontade dos políticos que temos, transformou-se num luxo que só está verdadeiramente ao alcance de quem tenha recursos para o pagar.
São da minha geração alguns dos dirigentes do PS e até do PSD, e a alguns vi-os nas lutas estudantis e nos tempos que sucederam à revolução dos cravos, discursando e manifestando os seus desejos de construção duma sociedade melhor e mais justa, por isso apetece-me perguntar: ONDE PÁRAM OS IDEAIS DELES?
7 comentários:
Os políticos não têm ideais Zé. Têm sacos coloridos. Normalmente azuis. Sem fundo...
Um abraço
Concordo com tudo o que diz.
Só tenho a lamentar,que a nossa geração,se tenha vendido ao Capitalismo,destruindo os ideais deles e os dos outros,que sendo da mesma geração,não se corroperam!
Não há dúvida,que o país regrediu!
Lindíssima pintura.
cumps
Param onde começa o lóbi, o tachismo e o compadrio. Param quando perceberam que não é com ideais que conseguem (des)governar e governarem-se ao mesmo tempo. Enfim, para alguns, uma questão de prioridades...
Saudações do Marreta.
Sé têm um idealmesmo, ter os bolsos cheios, e como não gostam de trabalhar nós pagamos pois então!
Lol
AnarKa
Hoje em dia quase ninguém tem ideais!
O cartoon sobre o Maddof está notável.
"Um homem só não muda o mundo, mas a vontade de muitos pode fazê-lo"
Concordo totalmente com esta frase. Por isso é tão importante o dar as mãos e caminharmos juntos seja em que direção for, seja por que causa for. Como eu já escrevi uma vez quando mais de 250 blogs participaram da Blogagem coletiva de Flavia (tu inclusive, amigo querido) Sozinhos fica difícil, mas juntos somos poderosos.
No mais, vale sempre a pena passar por aqui para além de ler teus textos politizados, ver esta beleza de imagens e cartoons.
Um forte abraço pra ti Zé.
Os seus ideiais estão nas suas carteiras. Um século de lutas para nos rendermos a isto?! Sim, creio que fomos traídos pelo egoísmo da classe média! Só o fim da classe média pode gerar sinergias para recomeçarmos, isto se entretanto não foram todos estupidificados por ums sistema educativo à magalhães.
Um abraço sem ideiais à venda
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