quarta-feira, fevereiro 11, 2009

UTILIDADE PÚBLICA VERSUS INTERESSES PRIVADOS

O derrube de sobreiros iniciado hoje em Setúbal, no Vale da Rosa, é um dos exemplos mais recentes do modo como se alteram as regras existentes para satisfazer alguns interesses privados, bastando para tal declarar a utilidade pública de determinado projecto.


Uma coisa que era proibida em determinado local, como seja o abate de determinadas espécies e a construção de determinados tipos de empreendimentos, pode vir a ter luz verde por decisão governamental, bastando para isso declarar “a imprescindível utilidade pública”. É curioso que este tipo de imprescindibilidade pública só assiste a grandes empreendimentos, e curiosamente em terrenos com baixo valor comercial exactamente pelas restrições impostas pela legislação em vigor até à tal “imprescindível utilidade pública”.


Os interesses colectivos parecem estar sempre sujeitos aos interesses económicos, os inconvenientes ecológicos e ambientais deixam de ter importância, a partir do momento em que sem regras precisas e verificáveis, um executivo procede a uma classificação que faz tábua rasa da legislação até então aplicável a determinada porção do território.


Estará tudo certamente previsto na lei, mas aqui o Zé ficará sempre com a pulga atrás da orelha em casos desta natureza, porque não me restam dúvidas de que os beneficiados não serão , nunca, outros Zés como eu.



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FOTOGRAFIA
Glass Apple - Version 2 by lucky-m3

3d exterior by deltaoni

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CARTOON
Steve Sack

Patrick Chappatte

8 comentários:

A. João Soares disse...

Caro Zé,
Claro que esses benefícios não são para si nem para mim. São apenas para quem for «simpático» para os ocupantes do Poder, como consta ter sido o caso do Freeport!!! Para os grandes empreendimentos até a Quercus é simpática.
Quem pode pode! Lá dizia o meu avô.
Um abraço
João Soares

Pata Negra disse...

Existe aqui junto à minha casa um sobreiro que apenas tem o tronco no vizinho sendo que toda a copa está sobre a minha propriedade, emsombra os meus painéis solares, emsombra-me a piscina, enche-me o terraço de folhagem. Tenho na meu casal, 14 carvalhos, 5 sobreiros, 24 pinheiros, 2 pinheiras e outras árvores mais - adoro árvores! Acontece que o vizinho me diz que não podemos cortar o sobreiro porque é proibido. Gostava de um conselho do Zé Povinho: consumo energia do Pêgo? queimo gasóleo? passo as féria no allgarve?
Que ecologia é esta que permite o abate de montados e não permite o abate dum sobreiro?
Gostava de um conselho do Zé na volta deste abraço

Zé Povinho disse...

Caro Pata Negra
Que tal pedir um projecto de pormenor, outro de impacto ambiental e ainda um terceiro de eficiência energética ao senhor Inginheiro? Olhe que ele costuma ser célere nessas coisas, e afinal, como ainda não é rico, não deve dispensar uns trabalhitos por fora, agora talvez assinados pelos que outrora lhe faziam os projectos que assinava.
Solução de recurso, candidate-se à autarquia aí do burgo.
Eu como não tenho muita paciência já tinha deitado a coisa abaixo e apresentava queixa logo a seguir contra desconhecidos que teriam invadido a propriedade e se tinham dedicado a actos de vandalismo.
Abraço do Zé (madeireiro)

São disse...

Estou cansada, cansada, cansada, destas infâmias!!!
Durma bem.

Anónimo disse...

O que são uns quantos sobreiros. para quem não olha a meios para atingir os fins que pretende. Lembram.se de quem autorizou isto, com celeridade?
Bjos da Sílvia

Papoila disse...

Querido Zé Povinho:
Estou tão fartinha destas cambalhotas de interesses... absolutamente fartinha desta gentinha que nos governa...
Beijos

Anónimo disse...

Utilidade pública? Bolas afinal também tenho cota no tal centro comercial? É que não sabia de nada...
Lol

AnarKa

Anónimo disse...

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