Suspensão Coloidal
Penso no ser poeta, e andar disperso
na voz de quem a não tem;
no pouco que há de mim em cada verso,
no muito que há de tudo e de ninguém.
Anda o cego a tocar
e eu a vê-lo e a cegar;
e a pobre da mulher esfregando e pondo a cera,
e eu a vê-la, e a esfregar
Que riso perto, que aflição distante,
que ínfima débil, breve coisa nada,
iça, ao fundo, esta draga carburante,
rasga, revolve e asfalta a subterrânea estrada?
Postulados e leis e lemas e teoremas,
tudo o que afirma e fura e diz sim,
teorias, doutrinas e sistemas,
tudo se escapa ao autor dos meus poemas.
A ele, e a mim.
António Gedeão
*** * ***
RETRATOS - FRANCIS BACON


*** * ***
CARTOON


9 comentários:
Gedão tem sido ultimamente o poeta no meu blog, mas este poema não conhecia.
Fantásticas as imagens e os cartoons.
Boa semana
Um abraço
Esperança
Escriba
Sempre gostei de ler Gedeão, e colecciono poemas dele recolhidos aqui e ali.
Abraço do Zé
Gedeão sim, Francis Bacon não,´que é simplesmente asqueroso.
Lol
AnarKa
Gosto muito de poesia e tenho a obra completa de Gedeão. Não me lembro de ter lido este poema. Bem-hajas por no-lo teres trazido.
Imagens fantásticas. Excelentes cartoons.
Um abraço
Grande poeta.
"Robot" malandreco!
O professor é dos meus preferidos. Foste por acaso a Espanha recentemente, ou estiveste a estudar?
Bjos da Sílvia
Excelente Gedeão e magníficos "bonecos".
Boa semana e um abraço, amigo Zé Povinho.
Olá Zé!!
Parabéns pelo blog...gostei muito do seu trabalho e do blog em si. Voltarei mais vezes!
Abraço,
Rafael
Querido Zé Povinho:
António Gedeão de uma actualidade perene canta o sentir do povo como nenhum outro...
Penso no ser poeta, e andar disperso na voz de quem a não tem; no pouco que há de mim em cada verso, no muito que há de tudo e de ninguém.
Os retratos fantásticos!
Beijos
Enviar um comentário