terça-feira, setembro 18, 2007

O INFANTE D. HENRIQUE

Qual foi o real papel do Infante D. Henrique nas descobertas marítimas portuguesas? Esta sempre foi uma questão que suscitou apaixonadas discussões, especialmente depois do 25 de Abril de 1974. Para os mais novos, talvez possa parecer que antes desta data não se conheciam alguns dos factos que hoje se conhecem, pois ignoram que a História de Portugal tinha sido “retocada”, a partir do Estado Novo, para de algum modo exaltar os feitos gloriosos dos portugueses na gesta dos descobrimentos marítimos.
Uma das figuras de proa da imagem que nos foi passada desde a mais tenra idade, era precisamente o Infante D. Henrique, o fundador da Escola Náutica de Sagres. Só com a mudança de regime político, é que se começou a desfazer o mito da escola náutica e até da figura do próprio Infante.
D. Henrique foi feito duque de Viseu e senhor de vários lugares da Beira, e mais tarde recebe Ceuta com o encargo de a defender e abastecer. Naturalmente, e devido a esse encargo recebe também o governo do Algarve, tendo então mudado de Viseu para Lagos. Em 1520 é-lhe entregue o governo da Ordem de Cristo, que lhe proporcionava uma força militar e rendimentos para as campanhas de Marrocos, em que esteve verdadeiramente empenhado.
Ao invés de outros familiares, era pouco viajado, nunca tendo ido além de Marrocos. Como outros senhores do seu tempo mostrou-se interessado em matemática, astronomia e ciência náutica, tendo acolhido até alguns estrangeiros a quem recebeu com generosidade.
Os descobrimentos, que naturalmente também suscitaram o seu interesse, surgem sobretudo da necessidade de aumento do património e receitas, de que sempre esteve necessitado. Este interesse, sobretudo económico, estendeu-se às actividades de pesca, à pirataria e guerra de corso, bem como ao tráfico de escravos.
Não se conhecem planos específicos do Infante virados específicamente para as descobertas marítimas, e são poucas as expedições realizadas depois da conquista de Ceuta e até 1460, data da sua morte, que terão sido da sua iniciativa.
O Infante D. Henrique é portanto um típico senhor medieval, instruído e com bastante importância na época, que terá dado também o seu contributo para os descobrimentos portugueses, mas que de facto nunca os liderou nem planeou, para além da sua vertente económica.
Contributo do Palaciano
Fonte História de Portugal A.H. de Oliveira Marques – Palas Editores


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FOTOGRAFIAS
Waiting for ship by Pavel Potocek

Игорь Патокин

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CARTOON
Bauer

14 comentários:

MARIA disse...

Olá Zé, foi um gosto ler o post, também gostei especialmente da imagem em que se vê uma caravela, creio e uma mulher que a espera.
Maior gosto ainda , revê-lo , nesta casa simpática, onde a música como sempre está * * * * *
Um beijinho
Maria

SILÊNCIO CULPADO disse...

Não sou particularmente entendida em História mas o Infante D.Henrique nunca mereceu as minhas preferências. Os registos que me têm chegado não me mostram um homem magnânimo nem particularmente dotado. Achei interessante este post que acrescenta mais alguma informação.
Um abraço

José Lopes disse...

É interessante saber que o Palaciano anda por aí. O mito do Infante foi uma boa escolha.
Cumps

quintarantino disse...

Era um homem mediano que, aguçado pela necessidade, terá tido o engenho para aproveitar a boleia dos conhecimentos e da tecnologia que ooutros detinham.
Teve, ao menos, essa visão.
Fruto da ascendência, uma vez que anos mais tarde os ingleses não tiveram pejo nenhum em, de certa mnaneira, lhe seguir algumas passadas...

Maria Faia disse...

Amigo Zé,

O Infante D. Henriques terá sido o homem magnânimo que muitas vezes se apregoa? Talvez não.
De qualquer forma foi um português que, mal ou bem, em algo contribui para a evolução deste país.
Gostei do texto, bem como das imagens.

Um abraço amigo e votos de boa semana.
Maria Faia

C Valente disse...

saudações amigas

Anónimo disse...

Gostei da abordagem a este personagem histórico e agradou-me que não tivesse descambado para a vertente, mais comum da discussão actual, em que uns quantos se debruçam sobre as inclinações sexuais do senhor.
A alusão das vinhas da ira num cartoon é notável.
Bjos

Tiago R Cardoso disse...

Sempre adorei história, gostei do post.
Resumindo a necessidade aguça o engenho. Menos mal.

adrianeites disse...

ja li que o infante era um visionário... parece-me pelo menos que existiram méritos indiscutiveis no infante que fizeram dele uma personalidade intemporal!

cp's

Vladimir disse...

"O Infante D. Henrique é portanto um típico senhor medieval, instruído e com bastante importância na época, que terá dado também o seu contributo para os descobrimentos portugueses, mas que de facto nunca os liderou nem planeou, para além da sua vertente económica." Plenamente de acordo.

Anónimo disse...

Qualquer das fromas, contribuiu na época para o nosso desenvolvimento.
A História é feita de 'pequenos' Homens (e Mulheres). Os outros, só dão as ordens ;-)



Abraço da SUlista

Pata Negra disse...

Foi o Infante D.Henrique! Tem que existir sempre um nobre, um santo ou "um boas famílias" por detrás dos grandes feitos. A arraia míuda, essa só serve para limpar o rabo aos grandes senhores. Do povo que faz a História, a história reza pouco!

Ema Pires disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ANTONIO DELGADO disse...

Parece que a história é a biografia dos grandes senhores, pelo menos a portuguesa. O que eles fizeram generaliza o resto e o povo nunca existiu.. Mas sobre o infante dom Henrique este senhor nunca me mereceu grande estima. 1º. foi o introdutor de escravos vindos de africa para Portugal. Há uma descrição de um dos nosso cronistas mores, não recordo o qual, que descreve uma cena que arrepia qualquer coração mesmo que seja cavernicula. É a separação de escravos das suas respectivas familias...é atroz a imagem de crianças a chorarem por serem separados das suas mães...tive de estudar essa descrição quando estudei o secundário e nunca mais gostei do infante.
2º. Consta entre alguns dos nossos historiadores que ele teve a possibilidade de rescatar o irmão do cativeiro, o D.fernando o tal designado posteriormente por Infante Santo.Não o fez porque não cedia às exigencias dos norte africanos em dar uma cidade marroquina pela sua libertação. Para ele era msi importante a satisfação economica da cidade que o amor ao irmão. Estes dois pontos, por si só, são suficientes para não me atrair nada semelhante personagem sem valores morais. Tal como hoje o capital mandava pela força das armas...a história de Portugal se fosse contada como devia e de forma critica talvez ajudasse os portugueses a terem mais amor por si mesmos e a retirar-nos muito dos complexos que transportamos devido à forma como o passado nos tem sido transmitido.