sexta-feira, fevereiro 09, 2018

A DITADURA DAS FINANÇAS E OS CONFORMADOS



Muitos serviços do Estado, especialmente na Administração Central, sofrem de grave falta de recursos humanos para o desempenho cabal das funções para que estão destinados. O resultado é quase sempre a degradação dos serviços prestados e a desmotivação dos funcionários, para além do descontentamento dos utentes.

Na realidade os serviços públicos, e os seus funcionários, são criticados pelo público em geral, quantas vezes tendo grandes razões de queixa, mas as responsabilidades estão bastante acima na cadeia de comando, e são invisíveis aos olhos do público.

Falando da Cultura e dos serviços ligados ao Património (museus, palácios e monumentos), é preciso salientar que os serviços têm quadros de pessoal subdimensionados, nomeadamente nas áreas de atendimento do público (vigilância, bilheteiras e lojas), e que os responsáveis o sabem bem, como sabem que é quase impossível fixar jovens nestas funções, e porquê.

Com a situação perfeitamente identificada, em vez de se tentar resolver o problema os responsáveis preferem restringir os períodos de férias e penalizar ainda mais os profissionais, já que são o elo mais fraco, por estarem na base da pirâmide da organização, e claro, das remunerações.

O senhor ministro da Cultura, a directora geral da DGPC, e os directores dos museus preferem conformar-se com o status quo, em vez de serem reivindicativos justificando as suas necessidades com maior empenho, perante o todo-poderoso Ministério das Finanças. Algumas vezes justificar-se-ia o pedido de demissão dos cargos por manifesta insuficiência de meios para realizar a sua missão com a devida dignidade.

O sistema de nomeações, a tal confiança política que lhes é exigida, e porventura os salários que auferem bem como as oportunidades que os postos lhes abrem, fazem com que quase todos pensem que é melhor não fazer ondas, conformarem-se com a situação e marimbarem-se para os funcionários e para o público.

Ainda um dia espero vir aqui manifestar o meu respeito e vir aplaudir a verticalidade de um alto responsável dum serviço que perante uma situação destas apresente a sua demissão por não estar disposto a defraudar o público e os seus subordinados.



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