Muitos serviços do Estado,
especialmente na Administração Central, sofrem de grave falta de recursos
humanos para o desempenho cabal das funções para que estão destinados. O
resultado é quase sempre a degradação dos serviços prestados e a desmotivação
dos funcionários, para além do descontentamento dos utentes.
Na realidade os serviços
públicos, e os seus funcionários, são criticados pelo público em geral, quantas
vezes tendo grandes razões de queixa, mas as responsabilidades estão bastante
acima na cadeia de comando, e são invisíveis aos olhos do público.
Falando da Cultura e dos serviços
ligados ao Património (museus, palácios e monumentos), é preciso salientar que
os serviços têm quadros de pessoal subdimensionados, nomeadamente nas áreas de
atendimento do público (vigilância, bilheteiras e lojas), e que os responsáveis
o sabem bem, como sabem que é quase impossível fixar jovens nestas funções, e
porquê.
Com a situação perfeitamente
identificada, em vez de se tentar resolver o problema os responsáveis preferem
restringir os períodos de férias e penalizar ainda mais os profissionais, já
que são o elo mais fraco, por estarem na base da pirâmide da organização, e
claro, das remunerações.
O senhor ministro da Cultura, a
directora geral da DGPC, e os directores dos museus preferem conformar-se com o
status quo, em vez de serem reivindicativos justificando as suas necessidades
com maior empenho, perante o todo-poderoso Ministério das Finanças. Algumas
vezes justificar-se-ia o pedido de demissão dos cargos por manifesta
insuficiência de meios para realizar a sua missão com a devida dignidade.
O sistema de nomeações, a tal
confiança política que lhes é exigida, e porventura os salários que auferem bem
como as oportunidades que os postos lhes abrem, fazem com que quase todos
pensem que é melhor não fazer ondas, conformarem-se com a situação e
marimbarem-se para os funcionários e para o público.
Ainda um dia espero vir aqui
manifestar o meu respeito e vir aplaudir a verticalidade de um alto responsável
dum serviço que perante uma situação destas apresente a sua demissão por não
estar disposto a defraudar o público e os seus subordinados.
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