domingo, janeiro 07, 2018

OLHAR A HISTÓRIA E NÃO A PERCEBER



Nada melhor do que estar num monumento, de ouvidos bem abertos, para perceber como comentam os visitantes aquilo que vêm e quais as suas interpretações sobre a História que de algum modo lhe esteja ligada.

Dispenso-me de comentar, neste momento, disparates que até podem ser engraçados e capazes de nos fazer rir, mas vou centrar-me apenas em comentários sérios, de pessoas educadas e com boa formação académica.

Os comentários referem-se à Sala de Caça do Palácio de Mafra, onde se podem ver penduradas pelas paredes diversas hastes de cervídeos, umas cabeças embalsamadas de veados e javalis, além de umas mesas e cadeiras feitas com hastes de animais que decoram a sala.

Para além dos comentários que se prendem com o gosto de cada um, que são naturais e que não merecem discussão, os que mais impressionam são os ligados às palavras barbárie e crueldade.

Há pouco mais de meio século era perfeitamente aceitável, socialmente, participar em caçadas de animais de grande porte para obtenção de troféus que eram exibidos nas paredes das suas casas (depois de devidamente tratados por taxidermistas). As fotos das presas caçadas eram profusamente exibidas na imprensa, e também decoravam paredes de escritórios. As damas, e até alguns homens, exibiam casacos de peles de animais exóticos e raros, que eram encarados com alguma inveja pelos menos abastados.

No passado, e até ao século XIX, as salas de troféus de caça eram banais nas casas senhoriais, e nesses tempos não mereciam qualquer censura por parte da sociedade.
Olhar para o passado, como é o caso duma sala dum palácio usado nos séculos XVIII e XIX, e fazer juízos à luz do que hoje é aceite ou não socialmente, é um erro que praticamos muitas vezes, e não apenas neste caso particular…  


Sala de Caça do Palácio de Mafra 

Theodore Roosevelt’s Long Island home

2 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Ainda convalescente mas graças a Deus bem melhor, estou de volta.
Abraço e boa semana

O Puma disse...

Boa partilha
Abraço