Nada melhor do que estar num
monumento, de ouvidos bem abertos, para perceber como comentam os visitantes
aquilo que vêm e quais as suas interpretações sobre a História que de algum
modo lhe esteja ligada.
Dispenso-me de comentar, neste
momento, disparates que até podem ser engraçados e capazes de nos fazer rir,
mas vou centrar-me apenas em comentários sérios, de pessoas educadas e com boa
formação académica.
Os comentários referem-se à Sala
de Caça do Palácio de Mafra, onde se podem ver penduradas pelas paredes
diversas hastes de cervídeos, umas cabeças embalsamadas de veados e javalis,
além de umas mesas e cadeiras feitas com hastes de animais que decoram a sala.
Para além dos comentários que se
prendem com o gosto de cada um, que são naturais e que não merecem discussão,
os que mais impressionam são os ligados às palavras barbárie e crueldade.
Há pouco mais de meio século era
perfeitamente aceitável, socialmente, participar em caçadas de animais de
grande porte para obtenção de troféus que eram exibidos nas paredes das suas
casas (depois de devidamente tratados por taxidermistas). As fotos das presas
caçadas eram profusamente exibidas na imprensa, e também decoravam paredes de
escritórios. As damas, e até alguns homens, exibiam casacos de peles de animais
exóticos e raros, que eram encarados com alguma inveja pelos menos abastados.
No passado, e até ao século XIX,
as salas de troféus de caça eram banais nas casas senhoriais, e nesses tempos não
mereciam qualquer censura por parte da sociedade.
Olhar para o passado, como é o
caso duma sala dum palácio usado nos séculos XVIII e XIX, e fazer juízos à luz
do que hoje é aceite ou não socialmente, é um erro que praticamos muitas vezes,
e não apenas neste caso particular…
Sala de Caça do Palácio de Mafra
Theodore Roosevelt’s Long Island home
2 comentários:
Ainda convalescente mas graças a Deus bem melhor, estou de volta.
Abraço e boa semana
Boa partilha
Abraço
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