O caso do jantar no Panteão já
tinha sido infeliz, e tinha sensibilizado a opinião pública para as más
práticas que advinham do aluguer de espaços em edifícios classificados como
museus e monumentos, mas na altura estavam apenas (?) em causa questões de dignidade
dos espaços, mas não eram apenas esses que nos deviam preocupar, pois sempre
estiveram também em causa problemas de uso e conservação, que também podem
decorrer da ligeireza (necessidade afirmam alguns) em fazer estas cedências de
espaços.
Agora veio a público um jantar no
Palácio Nacional da Ajuda, e ilustrado com fotos bem elucidativas de más
práticas, desde logo porque o número de convivas era demasiado elevado para o
espaço cedido, o que devia ter inviabilizado desde logo a sua realização.
Algumas frases atribuídas à
assessoria da direcção do Palácio Nacional da Ajuda e/ou ao conselho de
curadores do Museu de Arte Antiga é que me deixaram furioso com tudo isto. Pretender
que o facto de se verem pratos colocados nos corrimões, mesas de catering “perigosamente
juntas aos frescos e tapeçarias” e convidados fotografados “encostados e
sentados na parte lateral de um coche secular” eram resultado de haver
vigilantes em número insuficiente, é para rir, porque quem autorizou a
realização, e determinou a colocação das mesas e de todo o material de apoio,
bem como o que se iria passar no decorrer da festarola, foram com toda a
certeza técnicos superiores do palácio, e nunca vigilantes, que muitas vezes
nem são autorizados a estar nos espaços onde decorrem os eventos.
Sacudir a água do capote é coisa
que está na moda, mas é patético estar sempre a bater nos mais fracos quando as
coisas dão para o torto, e neste caso, como em muitos outros, os responsáveis
não se podem esconder atrás dos subordinados que só obedecem a quem manda.
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