As preocupações com a segurança
das obras de arte dos museus, palácios e monumentos por esse mundo fora, são
motivo de preocupação geral periodicamente, sempre que ocorrem roubos ou actos
de vandalismo.
O último incidente tornado
público, porque existem muitos que são ocultados, foi o da National Gallery, em
Londres, onde dois quadros do século XVI sofreram danos que parecem ter sido
causados por unhas ou anéis. Os responsáveis desta galeria começaram por
diminuir o número de funcionários, em 2011, no ano passado 300 funcionários dos
seus quadros foram obrigados a passar para os quadros da Securitas, uma empresa
privada contratada para fazer a segurança das instalações, que foram alvo de
privatização, e os salários baixaram para os novos funcionários, bem como o
nível de formação para fornecer informações aos visitantes.
Por cá a escassez de pessoal
encarregue da vigilância é imenso, até o Tribunal de Contas o reconheceu em
relatório recente, a formação profissional não existe há vários anos, os
quadros têm funcionários com idades bastante elevadas, e a carreira não é
atractiva, por que é mal remunerada, exige disponibilidade para trabalhar
sábados e domingos sem qualquer remuneração extra, e os feriados não existem e
são mal remunerados. Só concorre a esta carreira quem procura um vínculo
público para depois saltar para outro serviço sem todos os contras que esta
profissão contém.
Já se registaram tentativas mais
ou menos encobertas de privatizar a segurança dos museus, e já vi seguranças
privados no controlo de bilhetes à entrada dum museu, noutro vi um segurança a
vender bilhetes, e até a dar informações a visitantes em diversos locais.
Longe vão os tempos em que os
vigilantes respondiam às perguntas dos visitantes, e davam informações sobre as
colecções, ou nos ajudavam (visitantes), quando procurávamos saber onde
encontrar determinada peça, ou nos aconselhavam a visita a outros museus onde
se podiam admirar coisas que nos interessavam. Sei que as exigências académicas
são hoje maiores, mas o desinteresse de quem está desmotivado, e a rotatividade
destes profissionais, aliada à falta de formação profissional, levam-nos a esta
triste situação.
Parece que tudo se resume a duas
hipóteses: deseja-se sobretudo mais público, que significa maiores receitas, o
que prevalece sobre o aumento da qualidade de serviço, que custa mais dinheiro,
ainda que proporcione maior satisfação dos visitantes. É pena que a Cultura se
resuma apenas, e só, ao factor económico.
Marte e Vénus de Sandro Botticelli, National Gallery
1 comentário:
Os poderes enfeudados são assim
instruídos
mas pouco cultos
Abraço
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