quinta-feira, fevereiro 28, 2013

COELHO FALTA À VERDADE



O 1º ministro Passos Coelho vai mostrando claramente que o seu propósito no poder é o de esmagar os rendimentos do trabalho e diminuir os direitos sociais dos portugueses. Devo dizer que para mim isto não é uma novidade, mas muitos foram enganados com os discursos anteriores às eleições legislativas que conduziram esta maioria ao poder, em que foram prometidas coisas que a prática veio a desmentir completamente.

Ontem Passos Coelho, enquanto ouvia a contestação que merece, disse que o governo tinha que mexer (cortar) nas funções sociais do Estado, uma vez que estas cresceram a “um ritmo que se tornou demasiado pesado para os salários”. Esta afirmação é uma meia verdade, que neste caso é pior do que uma mentira.

As despesas sociais do Estado aumentaram na medida em que aumentou a austeridade imposta, que resultou num desemprego insustentável e na redução dos rendimentos do trabalho. Não considerando o aumento das verbas dedicadas aos desempregados e às reformas antecipadas em resultado das políticas seguidas nos dois últimos anos, as despesas fixas do Estado com salários e pensões, até diminuíram.

O gato escondido com o rabo de fora é o crescimento dos encargos da dívida, que aumentaram em dois anos 56%, isso sim um aumento insustentável. Outro aumento insustentável é o do encargo com as Parcerias Público Privadas, que já se sente e vai aumentar nos anos mais próximos.

É feio não dizer a verdade completa, e vir apontar as funções sociais do Estado como fonte dos problemas, quando as culpas se resumem a má governação e más políticas que são da responsabilidade deste governo e de outros que o antecederam.



terça-feira, fevereiro 26, 2013

O CÚMULO DO CINISMO



Paulo Portas tem conseguido passar entre os pingos da chuva, com alguma habilidade e sobretudo com muita ausência, mas como sempre acontece, há um dia em que se molha a valer.

Veio há pouco a lume na imprensa online uma frase, que apesar de toda a habilidade política e comunicacional, deitou a estragar todo o seu esforço de passar incólume perante a opinião pública que critica o governo.

O CDS de Paulo Portas é afinal o parceiro do PSD no governo, pelo que é igualmente responsável pelo que é alvo de contestação popular, e que não é pouco. A frase a que me refiro foi dita relativamente aos parceiros europeus, e diz que o sacrifício dos portugueses no combate ao défice merece um “prémio”.

É preciso muita lata e igual dose de cinismo para vir pedir aos nossos parceiros europeus, um ministro do mesmo governo que desde que chegou ao poder mais não fez do que nos atirar com austeridade para cima. É preciso não ter vergonha falar em “prémio” quando o que o governo nos impõe, são mais cortes, menos direitos e mais austeridade.



domingo, fevereiro 24, 2013

O PALÁCIO DA VILA DE SINTRA NO DISCOVERY

Porque por cá pouco se faz ao nível da divulgação do nosso Património, depois do que o professor Hermano Saraiva conseguiu realizar, aqui fica um documentário que o Discovery realizou em 1995 e foi retransmitido pelo Discovery Civilization este domingo pela manhã, sobre o Palácio Nacional de Sintra.

O documentário tem diversas imprecisões, mas mesmo assim merece a nossa atenção.

sexta-feira, fevereiro 22, 2013

NÃO NOS GOZEM...



A última piada dos nossos políticos é a de que a Presidência da República detectou «erro de publicação» na lei de limitação de mandatos, aprovada em 21 de Abril de 2005.

Todos sabem que estamos à beira das eleições para o poder local, e que está a ser posta em causa a candidatura de actuais presidentes de Câmara já com três mandatos consecutivos, a outras Câmaras diferentes.

A leitura simples da lei que limita os mandatos dos eleitos locais mostra sem qualquer equívoco de linguagem que a intenção do legislador foi a de impedir que os autarcas se perpetuassem no poder, e qualquer consulta simples à imprensa falada, escrita ou televisionada da época o pode corroborar.

Não passa de um insulto grosseiro à inteligência do cidadão, vir precisamente agora, alguém alegar que houve um «erro de publicação», em que uma vogal foi, por erro, trocada no texto da lei, repetidamente, o que altera a sua devida interpretação. Também é coincidência que o erro seja precisamente no mais forte argumento escrito, que tem sido alegado por quem está contra a proliferação de dinossauros autárquicos, terminologia profusamente utilizada à época da aprovação da dita lei. 

Pactuar com esta entorse à verdade é mentir descaradamente, senhores deputados. Acordem e denunciem a mentira... 



quarta-feira, fevereiro 20, 2013

DEMOCRACIA ABALROADA



A expressão mencionada no título foi utilizada pelo líder parlamentar do PSD, quando condenava os recentes protestos realizados quando membros do governo pretendiam falara em encontros públicos.

Sabe-se que o PSD não lida bem com a contestação e que os seus membros costumam ser infelizes na escolha das palavras que utilizam nos seus argumentos, mas têm que aprender a conviver com a contestação.

Não consegui descortinar nos recentes protestos qualquer carácter violento, como afirma Montenegro, nem sequer atitudes antidemocráticas, despóticas e visceralmente intolerantes.

Inversamente ao que afirmou o líder parlamentar do PSD, a mim ofendeu-me o tom utilizado por Miguel Relvas ao pretender fazer coro com a Grândola, Vila Morena e considerei um condicionamento à liberdade de expressão, a identificação dos manifestantes numa situação com o ministro da Saúde.

A canção utilizada nos recentes protestos não é propriedade de ninguém, mas o senhor deputado sabe, ou deveria saber, que as políticas seguidas pelo actual executivo não são do agrado popular, e é isso que está implícito e expresso nas palavras que a compõem. Não foram estas as políticas que os portugueses sufragaram nas últimas eleições, pois não, senhor Montenegro?

Quem abalroou então a Democracia?



segunda-feira, fevereiro 18, 2013

NÃO COMPREENDO



Portugal atravessa um grave crise, não só económica mas também social e de valores, cujas causas são bastante claras, apesar de haver quem as tente mascarar. Tudo teve início com os problemas das instituições bancárias, resultantes da especulação desenfreada por elas praticada,

Todos conhecemos os remédios receitados pelas autoridades monetárias e pelas instituições internacionais, prontamente seguidas pelos países com economias mais frágeis, como Portugal, e as consequências dessas mesmas medidas.

A receita falhou, a austeridade excessiva teve consequências dramáticas a nível social e a nível económico, que estão bem à vista de todos. A destruição do Estado social como se isso resolvesse a situação agora existente é mais uma asneira com impacto certo, a curto prazo, de tensões sociais que podem ter consequências indesejáveis.

Quando se fala tanto de reestruturação, disto e daquilo, porque será que não se fala da reestruturação do sector financeiro, afinal o verdadeiro responsável pela situação? A grande finança e a política são avessas à mudança, e ambas são incapazes de reconhecer as suas culpas.


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