O 1º ministro Passos Coelho vai
mostrando claramente que o seu propósito no poder é o de esmagar os rendimentos
do trabalho e diminuir os direitos sociais dos portugueses. Devo dizer que para
mim isto não é uma novidade, mas muitos foram enganados com os discursos
anteriores às eleições legislativas que conduziram esta maioria ao poder, em
que foram prometidas coisas que a prática veio a desmentir completamente.
Ontem Passos Coelho, enquanto
ouvia a contestação que merece, disse que o governo tinha que mexer (cortar)
nas funções sociais do Estado, uma vez que estas cresceram a “um ritmo que se
tornou demasiado pesado para os salários”. Esta afirmação é uma meia verdade,
que neste caso é pior do que uma mentira.
As despesas sociais do Estado
aumentaram na medida em que aumentou a austeridade imposta, que resultou num
desemprego insustentável e na redução dos rendimentos do trabalho. Não
considerando o aumento das verbas dedicadas aos desempregados e às reformas
antecipadas em resultado das políticas seguidas nos dois últimos anos, as
despesas fixas do Estado com salários e pensões, até diminuíram.
O gato escondido com o rabo de
fora é o crescimento dos encargos da dívida, que aumentaram em dois anos 56%,
isso sim um aumento insustentável. Outro aumento insustentável é o do encargo
com as Parcerias Público Privadas, que já se sente e vai aumentar nos anos mais
próximos.
É feio não dizer a verdade
completa, e vir apontar as funções sociais do Estado como fonte dos problemas,
quando as culpas se resumem a má governação e más políticas que são da
responsabilidade deste governo e de outros que o antecederam.