Não tens corpo, nem pátria, nem família, 
 Não te curvas ao jugo dos tiranos. 
 Não tens preço na terra dos humanos, 
 Nem o tempo te rói. 
 És a essência dos anos, 
 O que vem e o que foi. 
 
 És a carne dos deuses, 
 O sorriso das pedras, 
 E a candura do instinto. 
 És aquele alimento 
 De quem, farto de pão, anda faminto. 
 
 És a graça da vida em toda a parte, 
 Ou em arte, 
 Ou em simples verdade. 
 És o cravo vermelho, 
 Ou a moça no espelho, 
 Que depois de te ver se persuade. 
 
 És um verso perfeito 
 Que traz consigo a força do que diz. 
 És o jeito 
 Que tem, antes de mestre, o aprendiz. 
 
 És a beleza, enfim. És o teu nome. 
 Um milagre, uma luz, uma harmonia, 
 Uma linha sem traço... 
 Mas sem corpo, sem pátria e sem família, 
 Tudo repousa em paz no teu regaço. 
Miguel Torga, in 'Odes'
domingo, março 18, 2012
À BELEZA
By Palaciano
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4 comentários:
Óptima escolha, esta do grande Torga!
O meu reconhecido abraço
Excelente como tudo o que saíu da pena inspirada do Torga.
Um abraço e bom Domingo
Torga é maravilhoso e a flores também. Bom domingo.
Bjos da Sílvia
...
Vim
deliciei-me
com este poema de Miguel Torga!
Gostei também da foto.
Obrigado pela visita ao meu blog e pelas palavras deixadas;
pode visitar o blog mais recente que tenho,
é diferente mas de qualidade, modéstia à parte.
HOJE
...
Meu post é sobre
MIRÓBRIGA
uma visita que fiz,
no sábado passado e adorei.
Achas que apenas 2 horas ao computador (ordens médicas) chega para eu fazer as pesquisas que faço?
...
o meu blog tem a função de INFORMAR
- PARTILHAR INFORMAÇÃO
que além de servir aos outros, também é muito bom para mim,
vou sempre APRENDENDO ALGO MAIS.
É isso que eu gosto de fazer:
aprender até morrer!
...
A Oeste, desenvolve-se uma faixa costeira, plana até ao mar.
Região húmida, dada a proximidade do Oceano, pode considerar-se como uma zona muito fértil do ponto de vista agrícola,
permitindo também o desenvolvimento da fruticultura, comprovada arqueologicamente em Miróbriga desde a ocupação romana.
Hoje reduzida no Sudoeste alentejano, a produção de azeite bem como a vinícola parece ter sido também abundante no período romano, tendo-se mantido durante a Idade Média e a Época Moderna.
Embora sejam apenas conhecidos alguns vestígios de casas agrícolas na área circundante a Miróbriga, em Alvalade do Sado,
a aproximadamente 20 km,
conhecem-se várias dessas explorações, as uillae, que deveriam pertencer a um conjunto mais vasto de pólos de exploração agro-pecuária, em íntima relação com a grande bacia hidrográfica do Sado.
A teia de relações entre Miróbriga e Sines, a Oeste;
entre Miróbriga e as povoações a Norte (Salacia, Caetobriga?); entre Miróbriga e o Sul
(Ilha do Pessegueiro, Porto Covo, Vila Nova de Milfontes e Odemira) e ainda entre Miróbriga e as zonas do interior, deveria ter-se fortalecido com a dominação latina.
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