domingo, fevereiro 27, 2011

POESIA

ANTÓNO CABRAL

SOLIDÃO

A maior parte das vezes não abre a janela:
senta-se no velho poial, como um resto de musgo,
e deixa que os olhos passem no vidro,
visitando-se mais uma vez. As coisas,


gradualmente, configuram-na, desde aquela hora,
e quem a procura, sentindo-a no fundo das águas,
não lhe pergunta pelo marido.
O relicário de pau-santo fere-lhe

a solidão de semente abolida,
já o arco de si própria.
Pudesse ao menos saber para onde irão varrer


o que ficar da sua sombra, quando vender a quinta.
Para junto dos limoeiros, sonha.
enquanto a alma escorrega, docemente.


in ANTOLOGIA DOS POEMAS DURIENSES



FOTOGRAFIA


CARTOON

3 comentários:

Pata Negra disse...

Poesia do Douro? Douro-ouro-douro-vinho-douro-quinta-trabalho e c'mil diabos já fazes oito anos?!
Um abraço feito num oito se assim não fôr

Zé Povinho disse...

Não faço oito anos neste espaço, mas também não falta tudo. Oito é um número mágico da garota a quem foi destinado o cartoon, e que essa sim faz oito anitos de casório, com um troglodita que até é bom rapaz, ainda que desajeitado.
Esqueci-me do nome do autor? Vou tentar corrigir a coisa.
Abraço do Zé

Isamar disse...

O tão pertinente problema da solidão, que dá que pensar, nas sociedades modernas num poema cujo autor eu desconhecia.

Bem-hajas!

Abraço fraterno