Os putos
Uma bola de pano, num charco
Um sorriso traquina, um chuto
Na ladeira a correr, um arco
O céu no olhar, dum puto.
Uma fisga que atira a esperança
Um pardal de calções, astuto
E a força de ser criança
Contra a força dum chui, que é bruto.
Parecem bandos de pardais à solta
Os putos, os putos
São como índios, capitães da malta
Os putos, os putos
Mas quando a tarde cai
Vai-se a revolta
Sentam-se ao colo do pai
É a ternura que volta
E ouvem-no a falar do homem novo
São os putos deste povo
A aprenderem a ser homens.
As caricas brilhando na mão
A vontade que salta ao eixo
Um puto que diz que não
Se a porrada vier não deixo
Um berlinde abafado na escola
Um pião na algibeira sem cor
Um puto que pede esmola
Porque a fome lhe abafa a dor.
José Carlos Ary dos Santos
Diogo Salles
4 comentários:
Os ventos são de mudança em muitos países. Recordar o 25 de Abril é sempre oportuno.
Bjos da Sílvia
Uma excelente recordação e homenagem, nestes dias em que é necessário trazer cada vez mais amigos para a luta que se advinha por uma sociedade mais justa e solidária e por um sistema livre desta escumalha de políticos oportunistas e corruptos.
Saudações do Zé Marreta.
E os putos têm cada vez mais fome...
Um abraço e votos de boa semana
Vozes inesquecíveis que se mantêm vivas e que assim continuarão enquanto houver injustiça neste mundo cada vez mais desigual.
Bem-hajas!
Abraço fraterno
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