Fala-se muito da crise, e quase sempre se aponta uma causa que nos impede de sair dela, a falta de confiança do mercado. Confiança é a palavra-chave, já a confiança do mercado é outra coisa bem diferente.
O que nos levou a esta crise foi exactamente o mau funcionamento do mercado, alicerçado numa especulação completamente descontrolada e sem fiscalização alguma, muito por causa da confiança cega de quem afirmava que o mercado se auto regulava por via da concorrência.
Identificada a causa, e julgo que hoje já não há dúvidas sobre o assunto, era de esperar que fossem tomadas medidas para que não houvesse qualquer hipótese de repetição da situação. Pois bem, aqui começa a minha discordância, porque não tomei conhecimento de qualquer medida a nível nacional, europeu ou mesmo mundial, que criasse mecanismos impeditivos de repetição dos mesmos erros pelo mesmo sector económico.
Aqui chegado volto à confiança, ou melhor à falta dela, por parte dos cidadãos, nomeadamente dos que vivem apenas do seu trabalho, que perante a desconfiança no sistema económico, pela precariedade sentida no emprego, pela insegurança cada vez maior decorrente da desregulamentação das leis laborais e pelo desemprego galopante que paira por todo o lado, cada vez consome menos, ou porque não tem dinheiro disponível, ou porque teme pelo futuro.
A falta de confiança existente, e muito real, não é entre bancos, nem sequer nos grandes poderes económicos como nos querem fazer crer, é do cidadão comum para quem o futuro, pessoal e familiar, é uma incógnita com contornos que mais se assemelham a uma tragédia.
4 comentários:
"A falta de confiança existente, e muito real, não é entre bancos, nem sequer nos grandes poderes económicos como nos querem fazer crer, é do cidadão comum para quem o futuro, pessoal e familiar, é uma incógnita com contornos que mais se assemelham a uma tragédia."
E ainda não vi, tal como tu, quaisquer medidas que apontem para uma tentativa de melhoria da crise por que passamos. Afinal o homem não aprende com a história!
Um abraço
Andas a estudar a economia do mercado, Zé? Sem confiança diminui o consumo, diminuindo o consumo aumentam os stocks, rareia o emprego e vira tudo uma grande confusão.
Curiosa abordagem, para quem não confia no mercado desregulado, mas que encaixa perfeitamente na actualidade.
Bjos da Sílvia
Zé,
Mas se nós todos os dias tomamos conhecimento das trafulhices e da forma impune como somos todos "roubados"!!!
Que futuro esperamos?
Olha para o que se passa e se diz na AR, e diz-me como podemos ter confiança.
Quando até o próprio PR já responde a perguntas sérias dos jornalistas, num tom jocoso, nada apropriado à situação do País.
O tempo não está para ironias, que o povo merece respeito.
Um abraço
Querido Zé Povinho:
Que mais dizer senão que esta análise está brilhante, que também nao vi (nem verei) qualquer medida que seja capaz de renovar a confiança no mercado.
Gostei das duas telas.
As minhas estações do ano preferidas...
Beijos
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