Interrompi o meu descanso para manifestar o meu contentamento pelo NÃO dos eleitores da Irlanda ao Tratado de Lisboa.
Ainda hoje ao almoço, com a companhia do meu amigo senhor Silvino, falámos sobre o referendo irlandês e eu manifestei o meu desejo de ver o “NÃO” ganhar. O amigo Silvino, mais velho e excelente analista de personalidades, manifestou a sua sagacidade perguntando-me muito simplesmente «se eu era contra o Tratado de Lisboa». A sua pergunta era uma evidente provocação, ele conhece-me muito bem e há muitos anos, e lá tive que dizer de minha justiça, que o que mais me tinha irritado nesta manobra dos burocratas de Bruxelas, não tinha sido propriamente o Tratado, que eu considerei propositadamente incompreensível para o comum dos mortais, mas sim o processo de ratificação.
Na realidade, é perfeitamente incompreensível que governantes que se dizem democratas, pretendam contornar dois desaires em referendos democráticos, com um articulado perfeitamente incompreensível, mas na substância igual ao que tinha sido recusado, e que depois tenham optado pela ratificação parlamentar, mesmo que em vários casos tenham deixado por cumprir promessas eleitorais. Isto é tudo menos democracia, tal como eu a entendo, e é uma imposição completamente reprovável segundo todos os critérios realmente democráticos.
Pelo que percebi das declarações que ouvi depois de ser conhecido o “NÃO” irlandês, ainda há responsáveis europeus que pretendem insistir no mesmo erro, preparando-se para alterar cosméticamente alguns pontos do Tratado mais sensíveis para os irlandeses, dando a sensação de alguma cedência, meramente aparente, para ver se eles num segundo referendo alteram a sua posição. Nem sequer estão dispostos a ponderar a hipótese de referendarem o que quer que seja nos restantes 26 países.
Esta Europa, muito pouco democrática, nunca terá o meu apoio, evidentemente. Eu só poderei ser a favor de algo que seja perfeitamente claro, o que não é o caso, e votarei se a oportunidade me for dada, “NÃO”, a propostas «manhosas» como esta a que teimaram apelidar de Tratado de Lisboa.
13 comentários:
Viva a Irlanda! viva a Irlanda, voz de todos os povos a quem não foi dada a oportunidade de falar com um X.
Que Europa é esta que tem medo de ouvir os seus cidadãos? Uma europa destas, não tem cidadãos, tem durões!
Um abraço do portugal profundo
OLÁ XAMUAR
QUE BOM...ainda bem que estás satisfeito com o resultado
e
eu estou deliciada com este tão belo tema em francês:
LA VIE CONTINUE.
E, se continua...
que remédio - bola prá frente.
Muito obrigado pelas tuas visitas e palavras de amizade.
Beijinho.
Os cidadãos já mostraram que não querem uma Europa com tamanho défice democrático, mas aquela cambada assobia para o ar e vai voltar a insistir, podes estar certo disso.
Vou trabalhar para o bronze, que o dia está convidativo.
Bjos da Sílvia
Viva a Irlanda! Foi «porreiro, pá», dizemos nós agora. Não queremos esta Europa dos tecnocratas e dos burocratas, uma Europa feira contras as pessas e contras as populações. Boa semana com tudo de bom.
Eu confesso a minha ignorância. Não sei do que trata o tal tratado. Mas penso que coisa boa não será, porque senão os governos dos outros 26, não tinham medo de levar o Tratado a referendo.
Um abraço e bom fim de semana
Não é contar o Tratado que eu me movo, é contra o método usado para a sua rectificação.
No entanto não comemoro o resultado Irlandês, por ter sido um resultado baseado em argumentos falsos e especulativos.
Os defensores do não avançaram que o tratado liberalizava o aborto, que criaria um exercito europeu, etc.
Resultado, pouca discussão apenas muitas nuvens nos olhos dos cidadãos.
de férias,
Tiago.
Da esquerda à direita muitos foram os que votaram NÃO, e o único motivo aglutinador, que propositadamente não é referido, é o facto de não existir democraticidade no modo de aprovação do Tratado. Gente que não foi legitimada por voto universal fica com poder decisão que, vagamente, poderá ser escrutinado pelos legitimamente eleitos. Desafio os que me contestem a citarem os artigos do Tratado que provem o contrário. Estou disposto a esclarecer a minha opinião, caso queiram colocar os artigos a que reportam e a interpretação a que tenham chegado. ao contrário dos nossos políticos.
Atenciosamente
O Zé Povinho
Parece que nos guiamos pelo mesmo diapasão. Vim retribuir a tua visita e gostei do teu blogue. Vou voltar com mais tempo que a noite já vai alta.
Um abraço
Alguém que diz não faz SEMPRE falta, sobretudo em dados supostamente adquiridos... Gosto de rebeldias, precisamos cada vez mais de quem ponha em causa os grandes senhores. Curioso, este resultado, no mínimo.
Digamos "Não" ou "Sim", mas que digamos conscientes do que queremos.
Fica bem,
Miguel
assino por baixo do teu texto, que diz tudo aquilo que eu também sinto em relação a este assunto.
beijinhos
Amigo Zé,
Sabes como estou de tempo, como o manifesto lá no blogue.
Precisava de pelo menos mais 4 horas por dia.
Ouvi da Irlanda, ouvi de Espanha, ontem sobre os emigrantes, mas acredita que mal tenho tempo para pensar.
Mas vim dar-te um abraço e desejar-te uma boa semana.
Um abraço da Meg
O meu NÃO É claro a todas ps métodos obscuros de legitimar algo que nunca foi bem explicado.
Não aos Cozinhados políticos, venham eles com moules de Bruxelas ou acompanhados pela sardinha assada portuguesa.
O povo irlandês não é parolo, nem seguidista e míope.
Um abraço.
Jorge P.G.
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