Enquanto se debatia a necessidade da criação da sobretaxa sobre o subsídio de Natal, e da sua “universalidade”, bem como a sua “justiça” e progressividade, o senhor ministro Vítor Gaspar ia dando as suas explicações.
O ministro das Finanças não conseguiu explicar satisfatoriamente a “universalidade” da incidência da sobretaxa, na medida em que o capital fica isento desta sobretaxa, nem teve argumentos verdadeiramente sólidos sobre a “justiça” da medida, já que se terá limitado a dizer que com a mesma percentagem o esforço é proporcional aos rendimentos. É curioso que ninguém lhe tenha dito que muitos portugueses vão simplesmente adiantar dinheiro ao Estado, já que na totalidade ou em parte, o seu desconto terá que lhes ser devolvido.
Vítor Gaspar adiantou que a sobretaxa é absolutamente “indispensável” para cobrir os “desvios existentes nas contas públicas”, acrescentando que estes são susceptíveis de serem documentados em detalhe”, o que não fez.
O que eu não entendi, e gostava que me explicassem, é a afirmação do senhor ministro, “parece-me fútil e relativamente pouco útil discutir questões de responsabilidade do passado”, quando se pedem sacrifícios aos cidadãos exactamente para cobrir asneiras praticadas por membros de vários governos. Será que quem paga não tem o direito de saber para onde vai o seu dinheiro, ou será que os nossos governantes são simplesmente inimputáveis?
Saber a verdade das contas públicas não é nenhuma futilidade, senhor ministro, e acima de tudo lembre-se que são os cidadãos que pagam os salários dos governantes e as suas asneiras!

