Estava hoje a falar com um amigo
sobre competitividade e saltou para a mesa a sua longa experiência no sector
público e privado, onde ocupou posições de chefia intermédia.
Dizia ele que durante os últimos
25 anos viu passar pelos serviços mais de uma centena de jovens, com boa
formação académica, em programas de tempos livres, com programas ligados ao
IEFP, com contratos a prazo, com programas de aquisição de serviços a empresas
de serviços temporários, em estágios remunerados e não remunerados, e até com
falsos recibos verdes. Nunca houve por parte da administração, pública, ou
privada, qualquer intenção de integrar nenhum dos muitos jovens e menos jovens
com que ele lidou.
No início de funções quase todos
mostram grande vontade de aprender e colaborar (ainda têm ilusões), cerca de
três meses depois estão preparados para responder às solicitações, fase que
dura uns dois ou três meses, começando então a fase em que se apercebem da
realidade, e o desempenho começa a ficar proporcional ao nível de esperança em
ficar nos quadros do serviço.
Ao final do dia fui ao
supermercado e quando comentei a falta de reposição de artigos constantes do
folheto promocional, a menina da caixa diz bastante desanimada que vai ser
dispensada no final do mês, altura em que termina o seu contrato, que no total
teve 18 meses.
Todos percebemos que a
mão-de-obra é na maioria dos casos, para usar, abusar e deitar fora quando os
benefícios dados pelo Estado terminam. Lamento a gulodice de muitos empresários
deste país, e de políticos também, que tentam fazer-nos acreditar que os
contratos a prazo são para situações de picos de actividade, ou para movimento
sazonal, porque é uma descarada mentira.
PS- Para que conste, o Estado tem
falsos recibos verdes, e não vemos os dirigentes máximos dos serviços
condenados pela ilegalidade nessas situações, o que é indecente.
2 comentários:
O estado é mau pagador, e o primeiro a dar maus exemplos. E ultimamente, não fora o Tribumal Constitucional e ainda era pior.
Um abraço e uma boa semana
Muitos contratos a prazo são feitos para os patrões terem mão de obra barata e para terem os benefícios fiscais, como isenção da TSU patronal que dá imenso jeito...
O Estado prevarica imenso e são conhecidos imensos casos de recibos verdes em serviços públicos, que até o Tribunal de Contas detectou mas não existiram punições...
Bjo da Sílvia
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