quarta-feira, janeiro 23, 2013

PESSOAS E NÃO NÚMEROS



Na precisa altura em que o governo anuncia uma discussão sobre o Estado social que os portugueses querem e podem sustentar, importa reflectir sobre o que está na origem desta discussão, que está profundamente inquinada.

Tudo foi despoletado pela intenção do governo de cortar 4 mil milhões de euros da despesa pública, sem que fosse apresentada uma razão para tal. De seguida o governo veio afirmar que os cortes seriam nas funções do Estado, nomeadamente na educação, na saúde e na Segurança Social.

Antes de qualquer discussão pública, já estão sobre a mesa os tais cortes e a redução drástica de funcionários públicos, falando-se já num subsídio de desemprego para eles, ultrapassando-se mais uma vez a própria Constituição.

Para o governo é tudo uma questão de números, e não se descortina onde é que estão as preocupações sociais do executivo. Se por um lado dizem ser inevitável o corte de direitos sociais, continuamos a assistir às mordomias dos governantes e dos seus nomeados, à impunidade dos grandes banqueiros, à impunidade dos grandes devedores, e ao empréstimo de dinheiros públicos a bancos mal geridos.

Na lista de prioridades os cidadãos devem estar em último lugar, porque os sacrifícios continuam a incidir sobre os rendimentos do trabalho, sobre as pensões e sobre os direitos sociais. Reclama Passos Coelho legitimidade para fazer o contrário do que prometeu, teimando em castigar a maioria em benefício de uns poucos? Não a tem, evidentemente.

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