Na precisa altura em que o
governo anuncia uma discussão sobre o Estado social que os portugueses querem e
podem sustentar, importa reflectir sobre o que está na origem desta discussão,
que está profundamente inquinada.
Tudo foi despoletado pela
intenção do governo de cortar 4 mil milhões de euros da despesa pública, sem
que fosse apresentada uma razão para tal. De seguida o governo veio afirmar que
os cortes seriam nas funções do Estado, nomeadamente na educação, na saúde e na
Segurança Social.
Antes de qualquer discussão
pública, já estão sobre a mesa os tais cortes e a redução drástica de
funcionários públicos, falando-se já num subsídio de desemprego para eles,
ultrapassando-se mais uma vez a própria Constituição.
Para o governo é tudo uma questão
de números, e não se descortina onde é que estão as preocupações sociais do
executivo. Se por um lado dizem ser inevitável o corte de direitos sociais,
continuamos a assistir às mordomias dos governantes e dos seus nomeados, à
impunidade dos grandes banqueiros, à impunidade dos grandes devedores, e ao
empréstimo de dinheiros públicos a bancos mal geridos.
Na lista de prioridades os
cidadãos devem estar em último lugar, porque os sacrifícios continuam a incidir
sobre os rendimentos do trabalho, sobre as pensões e sobre os direitos sociais.
Reclama Passos Coelho legitimidade para fazer o contrário do que prometeu,
teimando em castigar a maioria em benefício de uns poucos? Não a tem,
evidentemente.
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