De acordo com a mitologia grega, Europa foi uma mulher muito bonita que despertou os amores de Zeus (Júpiter), deus-rei do Olimpo. No dizer de Homero, na Ilíada, ela era filha de Fénix, ancestral dos fenícios, ou então de Agenor, rei de Tiro, e por isso irmã de Cadmo. Uma outra lenda grega conta que o deus maior a vira quando passeava com algumas amigas em uma praia da Fenícia, actual Líbano, e não resistindo aos seus encantos decidiu ir ao seu encontro disfarçado como um imponente touro branco, para então raptá-la.
Sobre essa passagem, o mitologista Thomas Bulfinch (1796-1867) escreve em “O Livro de Ouro da Mitologia”, que a mortal Aracne – “uma donzela que atingira tal perfeição na arte de tecer e bordar, que as próprias ninfas costumavam deixar suas grutas e suas fontes para admirar seu trabalho, que era belo não somente depois de feito, mas belo também ao ser feito” –, entendeu que poderia desafiar sua mestra, a deusa Minerva, para uma competição de bordados, pretendendo demonstrar dessa forma que sua habilidade como bordadeira era inigualável. Em um dos trabalhos feitos nessa oportunidade, ela mostrava que Europa, iludida por Zeus (Júpiter) sob a forma de um touro, sentiu-se encorajada pela mansidão do animal, e por isso aventurou-se a cavalgá-lo. Júpiter, então, entrou no mar e levou-a a nado para Creta. Dessa união entre a jovem e o deus supremo, nasceram três filhos, Minos, Radamanto e Sarpedonte.
Na descrição desse sequestro de autoria divina (na ilustração, tela de António Carracci -1583/1618- representando o momento em que ele se realizou), costuma-se dizer que Europa, passeava um dia com algumas amigas em certa praia de Tiro, cidade mediterrânea ao sul do actual Líbano, a uma distância relativamente curta da pastagem onde se encontrava o rebanho de seu pai. As moças colhiam flores, e caminhavam assim, alegres e satisfeitas, quando Europa notou que um touro de porte majestoso e com pelagem branca e brilhante, era o que mais se destacava entre todos os bovinos ali reunidos. Ela nunca o tinha visto e por isso, curiosa, aproximou-se dele, e ao acariciá-lo sentiu que pairava no ar o odor de açafrão. O touro então dobrou os joelhos e deitou-se a seus pés, de forma a permitir que ela subisse em seu dorso, e a esse convite explícito a jovem não resistiu: montou, ornou os cornos do animal com as flores que carregava, e este em seguida pôs-se de pé, caminhou directamente para o mar, entrou na água e nadou até Gortina, ao sul da ilha de Creta, acompanhado por nereidas navegando sobre tritões e delfins. Lá chegando, o touro transmudou-se em Zeus, (Júpiter), deu-se a conhecer a Europa, e o casal então se amou junto a uma fonte e debaixo de plátanos que, segundo a lenda, conservaram para sempre a sua folhagem.
Europa recebeu três presentes de Júpiter; Talos, um gigante de bronze dotado de movimentos, capaz não só de atirar pedras como o de se aquecer a ponto de queimar os intrusos, cuja missão era guardar a ilha de Creta contra possíveis invasores; um cão que seguia sempre a pista de sua presa, e uma lança que nunca errava o alvo. Por ordem de Júpiter ela casou-se posteriormente com Astério, rei de Creta, que adoptou seus três filhos. Um deles, Minos, assumiu o trono da ilha quando da morte do padrasto. Porém, segundo uma outra tradição, Europa foi primeiramente transportada para a Beócia, onde teve um filho, Carnao, antepassado das égides, que eram os filhos de Egeu, ou atenienses.
Seu pai, durante toda a vida, a procurou em vão, e ela, uma vez morta, foi elevada por Zeus à categoria de divindade e transformada em constelação. Em homenagem a Europa, várias festas eram realizadas em Creta e na Grécia. Seu rapto foi ilustrado por artistas de todos os tempos, desde aqueles que representaram a cena em templos arcaicos, ou então sobre vasos, moedas, a frescos e mosaicos, até aos pintores de épocas mais recentes, como Veronese, Ticiano, Tintoreto e outros mais.
Texto de FERNANDO KITZINGER DANNEMANN
Sobre essa passagem, o mitologista Thomas Bulfinch (1796-1867) escreve em “O Livro de Ouro da Mitologia”, que a mortal Aracne – “uma donzela que atingira tal perfeição na arte de tecer e bordar, que as próprias ninfas costumavam deixar suas grutas e suas fontes para admirar seu trabalho, que era belo não somente depois de feito, mas belo também ao ser feito” –, entendeu que poderia desafiar sua mestra, a deusa Minerva, para uma competição de bordados, pretendendo demonstrar dessa forma que sua habilidade como bordadeira era inigualável. Em um dos trabalhos feitos nessa oportunidade, ela mostrava que Europa, iludida por Zeus (Júpiter) sob a forma de um touro, sentiu-se encorajada pela mansidão do animal, e por isso aventurou-se a cavalgá-lo. Júpiter, então, entrou no mar e levou-a a nado para Creta. Dessa união entre a jovem e o deus supremo, nasceram três filhos, Minos, Radamanto e Sarpedonte.
Na descrição desse sequestro de autoria divina (na ilustração, tela de António Carracci -1583/1618- representando o momento em que ele se realizou), costuma-se dizer que Europa, passeava um dia com algumas amigas em certa praia de Tiro, cidade mediterrânea ao sul do actual Líbano, a uma distância relativamente curta da pastagem onde se encontrava o rebanho de seu pai. As moças colhiam flores, e caminhavam assim, alegres e satisfeitas, quando Europa notou que um touro de porte majestoso e com pelagem branca e brilhante, era o que mais se destacava entre todos os bovinos ali reunidos. Ela nunca o tinha visto e por isso, curiosa, aproximou-se dele, e ao acariciá-lo sentiu que pairava no ar o odor de açafrão. O touro então dobrou os joelhos e deitou-se a seus pés, de forma a permitir que ela subisse em seu dorso, e a esse convite explícito a jovem não resistiu: montou, ornou os cornos do animal com as flores que carregava, e este em seguida pôs-se de pé, caminhou directamente para o mar, entrou na água e nadou até Gortina, ao sul da ilha de Creta, acompanhado por nereidas navegando sobre tritões e delfins. Lá chegando, o touro transmudou-se em Zeus, (Júpiter), deu-se a conhecer a Europa, e o casal então se amou junto a uma fonte e debaixo de plátanos que, segundo a lenda, conservaram para sempre a sua folhagem.
Europa recebeu três presentes de Júpiter; Talos, um gigante de bronze dotado de movimentos, capaz não só de atirar pedras como o de se aquecer a ponto de queimar os intrusos, cuja missão era guardar a ilha de Creta contra possíveis invasores; um cão que seguia sempre a pista de sua presa, e uma lança que nunca errava o alvo. Por ordem de Júpiter ela casou-se posteriormente com Astério, rei de Creta, que adoptou seus três filhos. Um deles, Minos, assumiu o trono da ilha quando da morte do padrasto. Porém, segundo uma outra tradição, Europa foi primeiramente transportada para a Beócia, onde teve um filho, Carnao, antepassado das égides, que eram os filhos de Egeu, ou atenienses.
Seu pai, durante toda a vida, a procurou em vão, e ela, uma vez morta, foi elevada por Zeus à categoria de divindade e transformada em constelação. Em homenagem a Europa, várias festas eram realizadas em Creta e na Grécia. Seu rapto foi ilustrado por artistas de todos os tempos, desde aqueles que representaram a cena em templos arcaicos, ou então sobre vasos, moedas, a frescos e mosaicos, até aos pintores de épocas mais recentes, como Veronese, Ticiano, Tintoreto e outros mais.
Texto de FERNANDO KITZINGER DANNEMANN
9 comentários:
Olá Zé. Obrigada pela partilha generosa desta lenda sobre a origem da Europa que de modo ternurento e encantador nos leva a reflectir a respeito do que aconteceu hoje a essa Europa saída das mãos de Zeus , destinada a ser especial, mas que nos nossos dias insiste em forçar uma identidade própria que parece não possuir, totalmente alheada da vontade dos filhos de Zeus nela lançados, em seus diversos cantos.
Muito oportuno e colocado a debate de modo particularmente inteligente.
Um beijinho da sua amiga
Maria
Em muitos sentidos a Europa, aquela onde vivemos, também começa a ser uma figura da mitologia.
Fui
A Europa mitológica agrada-me... a que estamos a construir nem por isso!
Muito bem , gostei da mitologia.
...está-se sempre a aprender---gostei de ler! ná conhecia a maior parte da história :-)
Bjs
A Mitologia e as diversas interpretações. Adoro quando passas em revista coisas históricas.
Bjos
E Europa é avó do Minotauro. Ena! Será por isso que andamos num labirinto? Espero que haja um Teseu que faça renascer uma Europa bela, poderosa, livre.
Beijinhos
Pois é assim, andava ela a passear numa praia do actual Líbano, qu ando o malandreco do zeus, que não podia ver um rabo de saia, zás! Armou-se em touro e investiu a fundo.
De então em diante a bela europa nunca mais parou de andar em bolandas. De um lado para o outro, venerada e odiada.
No fundo, a que hoje conhecemos não teve melhor sorte! E já há quem aposte que, apesar da sua avançada idade, ainda virá a casar-se de novo, agora com um magnata do petróleo que de há muito a cobiça.
Gostei deste pedaço de prosa retirado da mitologia, afazer-me recordar outros deuses mas semelhante cobiça pela bela Europa.
Um abraço e obg. pelo apontamento deixado no Sino.
Obrigada por esta bela lenda sobre a origem da Europa. Ao nível das lendas temos beleza e magia. Ao nível das realidades temos azedume. Mas é com esse azedume que podemos construir um mundo mais justo.
Um abraço solidário
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