Numa troca de opiniões sobre as
condições de trabalho, mais do que penosas, dos vigilantes de museus, palácios
e monumentos, alguém sugeriu que as condições climatéricas podiam ser obviadas
com fardamentos apropriados. A ideia até podia ser boa se as condições fossem
uniformes, e não são, e se os serviços tivessem orçamento que comportasse essa
despesa, com fardamentos em quantidade suficiente e adaptados aos locais de
trabalho e às diferentes condições existentes ao longo de todo o ano.
A realidade é bem diversa, e além
de não serem fornecidos fardamentos adequados e em quantidade, os funcionários
são mal remunerados e obrigados a apresentar-se dentro de parâmetros que os
superiores consideram adequados, sendo que em alguns serviços as exigências são
perfeitamente absurdas.
Esta situação de carência não é
nova e por isso deixo-vos com extratos dum documento de 1912 e de outro de 1914:
“Em resposta ao ofício de V. Exª
nº --- de 16 do corrente, cumpre-me dizer que solicitei da Administração do
Concelho que… Quanto à substituição do fardamento não me é possível fazê-la, em
virtude da pequena verba de dotação para os serviços a meu cargo. Envidarei
porém os meus esforços para que da repartição que superintende n’este edifício
se possa conseguir novos uniformes para o pessoal do museu.”
“Sendo de muita necessidade a
reparação dos fardamentos dos moços que fazem serviço no museu, e existindo em
arrecadação neste serviço uns 8 capotes de cocheiro, já usados, mas que podem
muito bem serem transformados em casacos para os mesmos, rogo a V. Exª se digne
autorizar-me a fazê-lo, visto o cálculo feito por um alfaiate daqui a
transformação não ir além de 8 escudos.”
Tudo isto pode parecer caricato,
ultrapassado, e até despropositado, mas é tudo real, e parece que o tempo não
fez com que a função fosse devidamente valorizada e respeitada.
1 comentário:
E cem anos não foram dsuficientes para resolver a situação.
Abraço e bom fim-de-semana
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