terça-feira, janeiro 12, 2010

ESCRUTINAR O ESTADO E NÃO OS CIDADÃOS (?)

Por vezes há afirmações que nos espantam e que nos recordam aquela do ovo e da galinha, qual terá surgido primeiro?

Hoje li diversas notícias sobre actos condenáveis que podem ser chamados de corrupção, mas que prefiro não arriscar tal a proliferação de nomes que agora andam na baila.

Fixei as afirmações de José Miguel Júdice, advogado, e de Saldanha Sanches, fiscalista, transcritas no DN de 11/01. O primeiro diz que “a luta contra a corrupção está a ser feita no sítio errado”, rematando dizendo que quer que se controlem os funcionários públicos, pois a corrupção só é reduzida "se se atacar os corruptores passivos". E acrescenta: "Ah…E parem de lhes chamar passivos, que eles são muito activos." O segundo é mais comedido e acha “interessante” a figura de “crime urbanístico”.

Ouvir um advogado falando de corruptores activos quando se refere aos funcionários públicos deixa-me estarrecido porque a generalização é mais prejudicial aos advogados do que aos ditos funcionários. Também pensei que na posição de funcionários públicos a infracção, ou crime, mais provável era a possibilidade de serem corrompidos por alguém, com benefícios para as duas partes e prejuízo para o Estado, mas isto é apenas a minha ignorância a falar.

Um advogado e um fiscalista pretendendo escrutinar o Estado e não os cidadãos, deixam-me com a sensação de que os funcionários além de serem normalmente facínoras, nem sequer são cidadãos como os outros, por algum motivo que também me ultrapassa.

Ficou-me apenas uma dúvida que foi a de me parecer que Júdice não se pronunciou sobre os casos exemplares do BPN e do BPP, nem tão pouco Saldanha Sanches, se bem me recordo. Talvez tenham sido falcatruas bem urdidas por alguns funcionários públicos daqueles que frequentemente contratam bons advogados e consultam proeminentes fiscalistas para gerir as suas fortunas.



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4 comentários:

o escriba disse...

Bom, já se tinha percebido que os primeiros e únicos culpados do descalabro económico em que o nosso país mergulhou (com ou sem crise internacional)eram os funcionários públicos, esses seres faltosos, preguiçosos, açambarcadores do erário público... já só faltava juntar a corrupção activa, passiva, enfática,e outras quiçá mais modernas... Tá bem, tá!
Realmente devemos ser todos uns grandes ignorantes perante essas opiniões tão doutas desses não menos doutos senhores.

Um abraço
Esperança

Quint disse...

Depois de saber disso, vou-me apresentar no estabelecimento prisional mais próximo :)

Anónimo disse...

O Júdice é um especialista na defesa dos verdadeiros maus elementos, daqueles com bago à farta, por isso os seus verdadeiros inimigos são "os outros" que vivem apenas do trabalho o que é para os seus interesses "um crime contra os defensores dos que podem pagar a especialistas".
O outro, bem esse é o moralista de serviço que sabe bem para onde vai o dinheiro que foge aos impostos, mas que nunca disse como se pode evitar a tramóia, pelo menos àquela senhora que tem um gosto especial em escolher indumentárias exóticas.
Lol

AnarKa

Pata Negra disse...

Lá estão o homens do Altíssimo a cagar sentenças! A corrupção combate-se com vontade! Não com leis feitas pelos corruptos, não com as receitas de quem convive com eles! A corrupção é coisa de gente grande, não culpem os trabalhadores com ela!
Um abraço anti-júdice e não sanches