quarta-feira, junho 27, 2018

HÁBITOS DE HIGIENE


Um pouco como acontecia por toda a Europa, Portugal foi assolado por epidemias, sobretudo nos séculos XIV e XV, com surtos muito expressivos de peste bubónica e de peste negra, que causaram um grande pânico entre as populações.

As grandes precauções tomadas na época incidiam sobre a abstenção dos prazeres sexuais, a moderação no comer e também o uso de poucos banhos.

Até ao século XVIII a higiene corporal incidia sobretudo sobre as partes expostas, as mãos e a cara, sendo que o resto do corpo não merecia tanta importância. A limpeza era apenas cosmética e não real, bastando parecer limpo, e quase que bastava mostrar os punhos e colarinhos brancos imaculados para se estar “limpo”.

Existiam, é certo, os banhos de vapor e de água, mas destinavam-se a outros tipos de prazer. Os banhos de água quente ainda tinham o seu fascínio, especialmente os de carácter colectivo, mas estavam associados a actividades grupais e eróticas, em tabernas, bordéis e outros lupanares.

Os mosteiros e conventos continuam a seguir a tradição dos banhos romanos, mas com a vertente dedicada à saúde. A alta nobreza gosta das estâncias termais, para nadar, e também associadas às sangrias, e purgas.

Curiosamente era nos mosteiros e nos conventos que o hábito dos banhos, dois a quatro anuais, era mais frequente, acompanhados pelo corte do cabelo (tonsura) e da semanal lavagem dos pés. Era comum existir lavabos perto dos refeitórios, e o abastecimento de água aos mosteiros e conventos era bem pensado e eficaz, recorrendo-se a condutas bem pensadas desde rios, minas de água ou até aquedutos construídos para o efeito.

O Convento de Mafra é um dos locais que merece reflexão nesta matéria, pois tanto a parte conventual como a própria basílica tinham um abastecimento eficaz, mas o andar nobre reservado aos reis não tinha abastecimento de água, que tinha de ser trazida pelos criados para os aposentos reais.   



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