Um pouco como acontecia por toda
a Europa, Portugal foi assolado por epidemias, sobretudo nos séculos XIV e XV,
com surtos muito expressivos de peste bubónica e de peste negra, que causaram
um grande pânico entre as populações.
As grandes precauções tomadas na
época incidiam sobre a abstenção dos prazeres sexuais, a moderação no comer e
também o uso de poucos banhos.
Até ao século XVIII a higiene
corporal incidia sobretudo sobre as partes expostas, as mãos e a cara, sendo
que o resto do corpo não merecia tanta importância. A limpeza era apenas
cosmética e não real, bastando parecer limpo, e quase que bastava mostrar os
punhos e colarinhos brancos imaculados para se estar “limpo”.
Existiam, é certo, os banhos de
vapor e de água, mas destinavam-se a outros tipos de prazer. Os banhos de água
quente ainda tinham o seu fascínio, especialmente os de carácter colectivo, mas
estavam associados a actividades grupais e eróticas, em tabernas, bordéis e
outros lupanares.
Os mosteiros e conventos
continuam a seguir a tradição dos banhos romanos, mas com a vertente dedicada à
saúde. A alta nobreza gosta das estâncias termais, para nadar, e também
associadas às sangrias, e purgas.
Curiosamente era nos mosteiros e
nos conventos que o hábito dos banhos, dois a quatro anuais, era mais
frequente, acompanhados pelo corte do cabelo (tonsura) e da semanal lavagem dos
pés. Era comum existir lavabos perto dos refeitórios, e o abastecimento de água
aos mosteiros e conventos era bem pensado e eficaz, recorrendo-se a condutas
bem pensadas desde rios, minas de água ou até aquedutos construídos para o
efeito.
O Convento de Mafra é um dos
locais que merece reflexão nesta matéria, pois tanto a parte conventual como a
própria basílica tinham um abastecimento eficaz, mas o andar nobre reservado
aos reis não tinha abastecimento de água, que tinha de ser trazida pelos
criados para os aposentos reais.
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