terça-feira, agosto 23, 2005

SANTA BÁRBARA

É tipicamente português o ditado “só se lembram de Santa Bárbara quando troveja”. Claro que não me refiro a incêndios e ao facto de haver, ou não um estado de calamidade, mas genericamente à falta de planeamento e capacidade de prever situações mais graves do que o normal.
Em sociedades modernas e desenvolvidas é normal haver organização e o primeiro pressuposto é o planeamento, nós por cá deixamos muito a desejar neste campo, preferindo navegar à vista confiando demasiado na sorte. Quando as coisas dão para o torto, também é norma procurar uma saída airosa culpando tudo e todos porque os próprios nunca assumem plenamente as suas responsabilidades.
O país está a arder, boa parte já está em cinzas, mas como em anos anteriores tudo foi feito por parte das entidades máximas, pelo menos eles assim o dizem. Não há meios suficientes e adequados no terreno, mas ouvimos dizer que é porque a situação é absolutamente excepcional. Não foi feita a limpeza dos matos, mas claro que há legislação nesse sentido, pelo que a culpa é dos proprietários.
O planeamento atempado talvez pudesse ter indicado aos senhores governantes que o ano por ser anormalmente seco era propício às ignições. A experiência de 2003 já mostrava que os meios eram insuficientes em situações de pico de incêndios. Já era conhecido que a prevenção no corte de matos não tinha sido feita, apesar da tal legislação que não está a ser aplicada.
Porque é que não se planeou a prevenção e não se preparou um plano de contingência para situações mais anormais? A falta de dinheiro não explica tudo e a herança de governos anteriores já não colhe. Os senhores conheciam a situação, propuseram-se ao eleitorado, foram escolhidos e, pura e simplesmente, não cumpriram a contento a vossa missão.

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