O jornalismo português tem estado em foco, não pelas melhores razões, e muitos ouvintes, espectadores e leitores se têm questionado sobre as razões de tamanha polémica.
No DN de hoje, 25 de Maio, vem um título que devia envergonhar qualquer director de jornal: “Função pública com salários 50% acima da média”.
Para começar o que é que estamos a comparar? Será que comparamos profissionais de níveis e profissões iguais do sector público e do privado?
A leitura de dados estatísticos é sempre problemática e susceptível de conclusões erradas, principalmente quando, como neste caso, não é acompanhada pelos quadros estatísticos e respectivas fichas técnicas. Para exemplificar um erro clamoroso da notícia em causa, refira-se esta frase do subtítulo “Em média, a função pública ganha 2158 euros”. A jornalista que assina o trabalho não acreditará certamente em tamanho disparate, facilmente desmontado pela consulta das tabelas salariais publicadas em DR, podendo constatar que mesmo os técnicos superiores, na sua grande maioria, só alcançam verbas dessa grandeza depois duma longa carreira na função pública.
Curiosamente soubemos que cerca de 70% das notícias divulgadas têm como fonte as agências de informação e as acessórias de imprensa, o que explica o facto de no mesmo dia ser possível ler-mos as mesmas notícias em toda a imprensa escrita, ouvir o mesmo nas rádios e à noite mais uma repetição nas televisões.
Não sei se há muitos maus jornalistas, se são apenas uma minoria, se há ou não dinheiro e/ou vontade de verificar o rigor das fontes, mas do que não duvido é de que há notícias que não sendo correctas podem servir interesses que não são decerto comuns à maioria dos portugueses.
quinta-feira, maio 25, 2006
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