domingo, janeiro 31, 2016

MUSEUS E RECORDES

O interesse por parte do Expresso relativamente ao novo Museu Nacional dos Coches é interessante, e devia ser complementado pela visão de quem conhece bem o funcionamento de museus, bem como os fluxos de visitantes e o modo de os atrair, mantendo e renovando o interesse das potenciais visitas.

Um edifício concebido por um arquitecto famoso, pode suscitar o interesse e a curiosidade, mas tudo isso não passa de um fenómeno efémero, talvez mais prolongado pela divergência de opiniões sobre a obra e o seu custo.

Uma colecção única em todo o mundo pela sua riqueza e dimensão, é um trunfo forte, mas se não estiver enquadrado com o edifício, perde boa parte do seu brilho e imponência. É aqui que a museologia, ou a falta dela, teria um papel importante, se existisse.

A segurança e o atendimento têm um papel importante para os operadores turísticos, e existem falhas flagrantes, começando logo pelo acesso ao andar onde se encontra a exposição, que é feito por dois elevadores colossais, ou por escadas de emergência, o que em caso de falha grave pode colocar problemas na evacuação de pessoas com mobilidade reduzida. A falta de pessoal com a formação devida, não só em conhecimentos sobre a colecção, mas também com conhecimentos de procedimentos em casos de emergência, é outra falha importante, e não pode ser colmatada como até aqui com pessoal contratado a prazo, factor comum à maioria dos equipamentos culturais.

A sinalização a partir das artérias mais próximas e em torno da zona mais procurada de Belém, que indiquem o Museu dos Coches é inexistente, e considerando que muitos roteiros turísticos usados pelos estrangeiros estão desactualizados, encontrar este equipamento depende muito do factor sorte. Mesmo dentro da praça do museu as indicações são pobres, e nem a entrada e saída dos visitantes está sinalizada, para não falar do placard informativo que é de um amadorismo atroz.

Para suscitar o interesse não é preciso anunciar entradas grátis para cada vez mais gente, como parece pensar o ministro, até porque obras e colecções destas necessitam de valores avultados para a manutenção e funcionamento, mas é preciso haver ideias para atrair públicos com interesses diversos. Numa altura em que os grandes construtores automóveis escolhem Portugal para fazer as suas apresentações de modelos de topo, ainda ninguém pensou em procurar captar o interesse desses construtores para exibirem os seus carros em exposições temporárias, lado-a-lado com os veículos do passado?

Já agora digam-me: porque é que existem agora dois museus com coches encostados um ao outro? Aproveitar o antigo picadeiro é importante, mas para mostrar 7 coches a 4 euros, é ridículo e certamente dispendioso.


Tão importante como bater recordes de visitas, é cumprir a função de museu e procurar fazer isso com níveis de excelência pelo menos equiparada à qualidade da colecção. 

Jaguar E Type Oldtimer By elmero

5 comentários:

Anónimo disse...

Visitei hoje o museu e encontrei por lá o Ricardo Costa do Expresso, que deve estar a pensar que a feira de velharias, encostada às paredes do museu, tinha de tudo menos velharias. Curiosamente vi umas malas de cortiça, umas pulseiras, pacotes de bolachas e mel exposto ao sol. Se isto é animação então preferia uns palhaços, uns malabaristas e mesmo uns homens estátua.A dignidade do museu exigia pelo menos umas barraquinhas decentes como vemos em todas as capitais europeias, e uma criteriosa escolha de produtos, porque em Belém já existem lojas de indianos e chineses que vendem "coisas para turistas" de proveniência mais do que evidente (chinesa).
Caro Zé, ambos conhecemos quem sabe disto, e já só pensa na reforma, tão mal tem sido tratado pelos dirigentes culturais...
Bjo da Sílvia

Anónimo disse...

Ultima hora Passos está a espera que governo caia para subir novamente ao poleiro para continuar as suas politicas de austeridade ,noticia de fontes seguras !!!

LopesCaBlog disse...

Ainda não consegui ir ao novo espaço.
Achei q mudança despropositada e o edifício demasiado moderno para o tema mas é apenas a minha opinião.

Blog LopesCa/Facebook 

Anónimo disse...

As obras faraónicas servem sempre para satisfazer uns amigos e para encher os bolsos de muitos mais, essa é a cultura do regime corrupto e incompetente que nos tem desgovernado
Lol

AnarKa

O Puma disse...

... entretanto não muito longe
Coelho está em campanha na sua casa
Parece que vai ganhar