quarta-feira, setembro 09, 2015

1895 - PRISÃO DE GUNGUNHANA

A notícia da captura de Gungunhana chegou a Lisboa quando o prisioneiro desembarcou em Lourenço Marques (actual Maputo).

O “telegrama importante” desse dia 4 de janeiro de 1986, enviado ao secretário particular do rei, chegou logo ao DN: “Peço honra apresentar com minhas homenagens, entusiásticas felicitações a sua majestade pela prisão de Gungunhana e seu filho Godide, levada a efeito pelo valente Mouzinho.” Em março, o jornal anotou no dia da sua chegada “à vista em Cascais”: “O Gungunhana chega a Lisboa numa sexta-feira 13, dia de bem mau agouro para ele, posto que de ótimo auspício para nós.”

Gungunhana, mítico imperador de Gaza, foi capturado a 28 de Dezembro de 1895 num ataque surpresa das forças comandadas por Mouzinho de Albuquerque à povoação sagrada de Chaimite. A operação culminou um ano de combates – Marracuene, Magul, Coolela – por tropas expedicionárias enviadas para Moçambique com o objectivo de capturar o chefe tribal dos vátuas. Essenciais nessas vitórias foram as novas armas de repetição – espingardas e carabinas com capacidade para oito tiros de calibre 8mm – e a táctica do quadrado, evitando a luta corpo a corpo com os temíveis guerreiros vátuas e concentrando o poder de fogo. A decisão de derrotar o Leão de Gaza reflectiu o endurecimento da política portuguesa no quadro das chamadas campanhas de conquista e pacificação, iniciadas uma década antes. Gungunhana ascendeu ao trono em 1894, ano em que a Conferência de Berlim dividiu o continente africano entre as potências coloniais. Com a ênfase posta no direito de ocupação, cresciam as pressões sobre os territórios de Portugal na África Austral. Na sequência da sua proposta do Mapa Cor-de-Rosa, ligando Angola e Moçambique, a Inglaterra contrapôs em 1890 um ultimato: ou Lisboa abandonava o projecto ou entrava em guerra com Londres. Gungunhana jogou com essa rivalidade para manter a independência de um império que sofria a pressão invasora dos europeus. Essa mesma pressão de ingleses e alemães, que levara Lisboa a defender a pacificação dos seus territórios pela via militar, acentuou-se em Moçambique após o acordo de fronteiras estabelecido em 1891 com a Inglaterra e que deixara Gaza dentro daquela colónia. A recusa de Gungunhana em assumir-se como súbdito da coroa portuguesa, a par dos ataques contra colonos e povos locais sob protecção de Lisboa, levaram Mouzinho de Albuquerque para Lourenço Marques com o objectivo de o eliminar. A sua captura permitiu recuperar da humilhação causada pelo Ultimato britânico, sendo alimentada nas décadas seguintes como ato heróico do oficial de cavalaria – embora vozes isoladas o qualificassem como crimes de guerra pelas leis castrenses de então. Gungunhana, enviado para Lisboa, viu-se passeado – com as sete mulheres, escandalizando os católicos – e exibido para gáudio de todos. Deportado para os Açores, foi convertido, alfabetizado e integrado na sociedade da Terceira, onde morreu 11 anos depois (1906). Em 1985, o agora herói da resistência moçambicana foi trasladado para a Fortaleza de Maputo – onde está a estátua de Mouzinho erigida na antiga Lourenço Marques.

MANUEL CASTRO FREIRE


Nota: Este texto foi retirado do DN de 30/07/2014

Gungunhana e suas sete esposas em Lourenço Marques actual Maputo ( Foto de The Delagoa Bay Review)

3 comentários:

Anónimo disse...

Eu vou votar na esquerda !!!

Anónimo disse...

Ultima hora psicólogo analista e perito de faces humanas diz que Passos de Coelho passou a maior parte do tempo a piscar os olhos baixando a face ligeiramente que prova que esta inseguro no que diz ,alem de mentir repetidamente com algumas frases sem importância para o debate ,salientando recursos ao passado ,repetindo o nome de Sócrates muitas de vezes como alibi do debate mostrando assim que não tem assunto nem ideias para o debate recaindo muitas vezes e quase sempre no passado ,fazendo mesmo Antonio Costa lembrar-lhe que estava a debater-se com ele e não com Sócrates , coisa que Passos prometeu antes deste debate que não ia pronunciar a palavra Sócrates ,
O debate para o analista foi largamente mais positivo para ANTÓNIO COSTA do que para Passos de COELHO que não conseguiu transmitir ao publico ou convencer dando confiança daquilo que ia fazer fugindo muitas vezes ao assunto sendo repetidamente chamado a razão pelas jornalistas .

Anónimo disse...

Até houve quem se risse da figura que Passos fez hoje no debate co Costa


https://www.youtube.com/watch?v=t_oXrnsvlxY