sábado, maio 31, 2014

APRENDIZAGEM DIFÍCIL

Apesar das palavras do 1º ministro, que disse que “numa democracia madura” como a de Portugal, os governos “não podem fazer tudo o que querem”, não me parece que Passos Coelho tenha aprendido a respeitar a letra da Constituição Portuguesa, e muito menos o espírito da mesma.

A prova de que a aprendizagem é difícil está nas declarações do 1º ministro, que se apressou a afirmar que o chumbo do TC o deixou “profundamente preocupado” e que na altura própria o governo irá anunciar como o país (?) vai ultrapassar esta “enorme adversidade”.

Já se percebeu que a corda foi demasiado esticada com os funcionários públicos e com os pensionistas, e que os impostos sobre o trabalho estão para além do que é admissível, o que só deixa em aberto os rendimentos do capital, mas por aí é que Passos Coelho não pretende, de modo nenhum, ir.


Como Passos Coelho não parece aprender com os chumbos do TC, o mais provável é que insista pelo lado do imposto sobre o consumo (IRS), que incide sobre todos, pobres e ricos, ou então que não desista de cair sobre os mesmos de sempre, funcionários públicos e pensionistas, e reponha os cortes que vigoraram até agora, mesmo que tenham sido excepcionais e irrepetíveis… 


quinta-feira, maio 29, 2014

UMA EUROPA POUCO CONFIÁVEL

A União Europeia tem vindo a centrar a sua acção quase que em exclusivo nas questões económicas, desprezando completamente os cidadãos e as preocupações sociais, que eram a imagem de marca da Europa.

As preocupações com os mercados de capital e com a inflação, que os países com economias mais fortes têm imposto, fizeram com que a austeridade fosse quase uma norma para os países com economias mais fracas e com maiores dependências de financiamento estrangeiro.

O resultado tem sido catastrófico, não apenas pelo clima recessivo que tem causado, mas sobretudo pelos efeitos ainda mais negativos sobre os cidadãos, traduzidos em desemprego insustentável, e consequentes perdas de direitos nas diferentes áreas sociais.

Perante o avanço dos eurocépticos, começam a aparecer agora discursos anunciando planos para fomentar o mercado laboral europeu, tentado assim reconquistar a confiança dos cidadãos europeus.


Será que os cidadãos ainda confiam em quem os andou a tramar durante os últimos anos, e que não foi capaz de reconhecer o falhanço das suas políticas? É que este discurso recente pode ser interpretado apenas como uma tentativa para manter o poder, e nada mais.

PINTURA
Malangatana

terça-feira, maio 27, 2014

VALORIZAR SINTRA

Qualquer pessoa que conheça razoavelmente o centro histórico de Sintra, sabe que a Vila Velha vive muito à custa da paisagem natural, dos seus monumentos e das queijadas e travesseiros.

Os muitos milhares de turistas nacionais e estrangeiros que acorrem à Vila de Sintra não vão lá apenas para comprar souvenirs ou para beber um cafezinho, isso com toda a certeza.

Os destinos de Sintra estão, em larga medida, entregues à sua Câmara Municipal, mas a sua obra é escassa, para não dizer nula, nestes últimos anos.

Podia começar pela reabilitação urbana, que tem sido praticamente inexistente, continuar pelas acessibilidades e sinalização, que não melhoram há anos, para não falar do apoio à Cultura, que também é cada vez menor.

O fecho anunciado do Museu do Brinquedo, e a falta de uma solução para o viabilizar, é inacreditável. A compra do Hotel Netto e a sua situação absolutamente lastimável, é uma perplexidade, tanto mais que a CMS exerceu o seu direito de preferência, e o seu presidente disse que tinha sido “um bom negócio”.


Sintra merece certamente mais, e de certeza maior e melhor atenção das autoridades responsáveis, porque contribui em larga medida para o crescimento do turismo em Portugal. Não deixem morrer a galinha dos ovos de ouro!


segunda-feira, maio 26, 2014

OS ELEITORES PERDERAM

Muitas vezes ficamos sem saber quem teve razão, quando ouvimos o balanço feito pelos diversos partidos ou coligações. Invariavelmente todos ganharam qualquer coisa e ninguém perdeu verdadeiramente.

Nestas europeias o PS foi o mais votado, mas registou-se uma abstenção superior a 2/3 dos eleitores.

A coligação PSD/CDS registou o pior resultado de sempre, mas também não perdeu porque a vitória do PS não foi expressiva.

O PCP registou um terceiro lugar, mas teve melhor resultado do que nas eleições anteriores.

O MPT ficou em quinto lugar mas conseguiu a maior subida percentual de todos os partidos.

O BE teve metade da percentagem conseguida nas últimas eleições, mas também não perdeu porque quem saiu derrotada foi a coligação governamental.

Não falo dos outros que não elegeram ninguém, porque desses não reza a história.


Chegados aqui podemos facilmente concluir, que não havendo partidos derrotados, então temos uma derrota real do eleitorado, porque para os partidos este sistema dá garantias da continuação do status quo.   


domingo, maio 25, 2014

VOTAR EM CONSCIÊNCIA

Este domingo os portugueses vão ter nas suas mãos a hipótese de escolher os seus representantes na União Europeia.

A UE teve um comportamento lamentável quando o país atravessou o pico da crise, fazendo os portugueses pagar muito caro os erros da banca nacional e europeia, bem como os disparates cometidos por governantes incompetentes. A solidariedade europeia traduziu-se por empréstimos bem remunerados, e a imposição de uma austeridade que asfixiou a nossa economia e causou um desemprego brutal de que será difícil recuperar.

Os portugueses podem escolher entre votar nos partidos que nos entregaram à troika estrangeira, e a ela obedeceram cegamente, ou podem castigar esses mesmos partidos.

Relativamente à política interna talvez seja de recordar que estamos nesta situação de regressão no que respeita a direitos sociais, recuo de salários e pensões, e com um desemprego que ameaça toda a segurança social, devido aos desmandos dos partidos que têm alternado na governação, e que demonstraram já ser boa parte dos nossos problemas e nunca uma solução possível.


Vão votar, e façam-no pensando no futuro de Portugal e dos portugueses.  

Coloca o teu voto de acordo com os teus desejos de vida

sexta-feira, maio 23, 2014

CAMPANHA ELEITORAL

Está a chegar ao fim mais uma campanha eleitoral, onde os dois partidos, ou coligações, que têm passado pela governação, deram um espectáculo mais do que indigente.

A coligação PSD/CDS apresentou-se a estas eleições europeias, centrando o seu discurso na pessoa de José Sócrates, tudo fazendo para desviar as atenções populares, de tudo o que de mau tem feito nestes últimos 3 anos, como se isso fosse possível.

O PS que também passou diversas vezes pela governação, esqueceu-se (propositadamente) de dizer quais as suas posições na arena europeia, tendo até repescado Sócrates que também é um rosto comprometido com o estado a que este país chegou.


Os portugueses têm sido sistematicamente enganados por esta verdadeira troika nacional, mas agora espero que não se esqueçam de que tudo o que estamos a sofrer agora é resultado da má governação destes partidos, que ainda por cima têm as mesmas posições na União Europeia.


quarta-feira, maio 21, 2014

PALÁCIO DA VILA DE SINTRA

Uma das imagens mais antigas que se conhece do Paço Real de Sintra é a de Duarte d'Armas que se encontra imediatamente abaixo, e que data do início do século XVI.

De finais do século XIX conhecem-se diversas imagens e fotografias que nos mostram o antigo Paço ainda rodeado de construções que hoje não existem.


O Paço propriamente dito, exceptuando-se umas construções fronteiras e outras que estavam à entrada do terreiro e se estendiam para o Jardim da Preta, continua basicamente o mesmo.

Em finais do século XIX, e mesmo no começo do XX, talvez resultado dum certo revivalismo, surgiram diversas representações mais ou menos fantasiosas do Paço Real, onde os autores tentaram reproduzir a torre que terá caído devido a um tremor de terra. A representação abaixo é apenas uma dessas imagens, que se encontra ainda hoje num outro monumento da Vila de Sintra.


A imagem do agora Palácio Nacional de Sintra é profusamente usada em todo o tipo de recordações, desde postais, a loiças, magnéticos, litografias, e até selos, como se pode constatar pela imagem seguinte.


segunda-feira, maio 19, 2014

A TROIKA E AS ELEIÇÕES EUROPEIAS

O governo embandeirou em arco sobre a saída troika, mas logo vieram o Moedas e o Cavaco dizer que a saída da troika em nada ia alterar o rumo da política, que continuaria a ser de austeridade, maior ainda no ano que vem, e que a alternativa era o segundo resgate como disse a troika à saída.

O relógio do Portas e o 1640 anunciado foi apenas um slogan publicitário, e o champanhe bebido pelos membros da coligação foi apenas para seu deleite pessoal, porque os portugueses continuam a penar pelos erros dos políticos que escolheram.

Passos Coelho e companhia só deixarão de nos importunar quando forem apeados do poleiro, e Seguro já demonstrou ser exactamente da mesma cepa do láparo de Massamá.

Os portugueses podem dar um tratamento exemplar aos responsáveis pelo programa de assistência que trouxe a troika a Portugal, não votando na troika nacional que nos tem desgovernado nos últimos 20 anos.


Pensem bem, e vão votar

Coelho só à caçador

sábado, maio 17, 2014

OS CULPADOS DA CRISE

Quando ouvimos os discursos e os debates políticos, não é raro ouvir uns a deitar as culpas aos outros sem nunca alguém admitir a sua cota parte da culpa.

Dos partidos que passaram pelos governos dos últimos vinte anos, temos os políticos do PS que atiram as culpas para a conjuntura internacional, e os dos PSD e do CDS que atiram as culpas para o PS e para o facto de os portugueses terem vivido acima das suas posses.

Foi curioso ler que o BCE atribui as causas da crise ao excesso de confiança dos mercados, ao excesso de optimismo da banca que não assegurou capital suficiente para cobrir a sua exposição a algum aventureirismo, e aos políticos que não souberam antecipar ou prever que se estava a caminhar para uma crise causada pelo excesso de confiança.

Os culpados foram poupados e auxiliados pelos esforços exigidos à população em geral, que nada tinham contribuído para a situação, mas que foram sendo forçados a defender e fazer prosperar os verdadeiros culpados de tudo.


Políticos e mercados de capital acabaram por se apresentar como vítimas, e os inocentes passaram a culpados e por isso foram castigados com o desemprego, diminuição de rendimentos do trabalho e perda de direitos sociais. O sistema defende os que o criaram.   


quinta-feira, maio 15, 2014

A PROPÓSITO DE LUVAS

As luvas parecem ser um dos adereços que os políticos desdenham sempre que a opinião pública começa a falar delas.

Quando se soube que alguns alemães foram condenados por pagar luvas no negócio da venda de submarinos à Grécia e a Portugal, o que ficou provado, logo se falou de luvas que alguém envolvido no negócio por parte de Portugal teria recebido, e foi ver todos a fugirem do assunto.

Fala-se agora dos negócios da CP com a Argentina, e das luvas envolvidas no negócio, e já se foge ao assunto como o diabo da cruz.


Claro que não se justificam as luvas em Portugal, porque as temperaturas não são tão baicas que elas sejam necessárias, mas lá que no negócio dos submarinos houve dinheiro sob a mesa pago a intervenientes no negócio, deve ter havido porque os tribunais alemães o deram por provado, só que por cá não houve ninguém que fosse apanhado de luvas na altura em que o caso foi investigado…


terça-feira, maio 13, 2014

O DISCURSO E A PRÁTICA

O governo e o patronato têm vindo a público dizer que Portugal não deve competir internacionalmente através de salários baixos, palavras que alguns tomaram como boas, mas que o tempo acabaria por desmentir.

Vem aí mais uma reunião da concertação social e sobre a mesa estará uma proposta do governo, que segundo este é uma reivindicação do patronato, que estabelece que os dias feriados e as horas extraordinárias continuarão a ser pagas a 50% até Julho de 2016, independentemente do que está acordado na negociação colectiva.

Esta proposta não só é lesiva para os trabalhadores, que perdem na compensação do trabalho extraordinário, como também é lesiva para a economia pois diminui possíveis aumentos de rendimento, além de naturalmente desincentivar a criação de emprego, quando o país tanto necessita dele.


A hipocrisia deste governo e o seu alinhamento com as posições do patronato são uma verdadeira vergonha, e esperemos que o castigo venha das urnas…   

FOTOGRAFIA

domingo, maio 11, 2014

SER E NÃO PARECER

Não me importa nada se um homem deseja mudar de sexo ou se uma mulher o faz, porque isso é um exercício da liberdade pessoal, que não me cabe a mim avaliar ou criticar.

Sou contra o exibicionismo, de heterossexuais ou de homossexuais, porque acho que há manifestações demasiado explícitas que deviam restringir-se ao recato, ficando apenas pela intimidade, ainda que possa ser classificado de puritano, coisa que acho bem que não sou.

Ao ver a/o Conchita Wurst, que conquistou o Festival Eurovisão da Canção, que mais parecia uma mulher barbuda, em tempos uma atracção circense, confesso que pensei em diversos políticos, que ostentando publicamente uma orientação ideológica, revelam na prática ser quase o seu oposto.

O travesti austríaco não será uma mulher barbuda, mas confesso que se assemelhou muito a essa imagem, que no campo artístico também não me impressionou positivamente, não passando de mais um intérprete medíocre num evento pobre e demasiado gasto.


Eu não voto em Conchitas, seja em festivais seja em eleições… 


sexta-feira, maio 09, 2014

GOVERNO AMIGO DOS TRABALHADORES

O governo de Passos Coelho tem sido um autêntico campeão do desemprego, pois temos agora mais desempregados do que em qualquer outra altura dos anos mais próximos. Para além do desemprego temos também o mau emprego, o subemprego e os falsos recibos verdes, cujos s números são muito preocupantes.

Não é por acaso que o governo tenha insistido, e continue a insistir, nos critérios para despedimento, que têm sido facilitados, na desregulação do mercado de trabalho, e até na despenalização do despedimento sem justa causa.

Hoje em dia o despedimento selvagem é possível, bastando para tanto pagar uma indemnização, e até o Estado se arroga o direito de despedir trabalhadores, ou incentivar as rescisões (ditas amigáveis) mediante indemnizações cujos critérios são diferentes (e inferiores) aos praticados no sector privado, especialmente no que respeita aos trabalhadores com maior antiguidade.

Nem os reformados escapam à “amizade” deste governo, porque também eles são atacados sem que se possam defender, e contrariando o princípio de confiança existente entre o cidadão e o Estado.


De “amigos” destes, pedimos todos que nos livrem!...

CARTOON NACIONAL

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quarta-feira, maio 07, 2014

MÚSICA E LETRA


O Charlatão
Numa ruela de má fama 
faz negócio um charlatão
 
vende perfumes de lama
 
anéis de ouro a um tostão
 
enriquece o charlatão
No beco mal afamado 
as mulheres não têm marido
 
um está preso, outro é soldado
 
um está morto e outro f´rido
 
e outro em França anda perdido
É entrar, senhorias 
a ver o que cá se lavra
 
sete ratos, três enguias
 
uma cabra abracadabra
Na ruela de má fama 
o charlatão vive à larga
 
chegam-lhe toda a semana
 
em camionetas de carga
 
rezas doces, paga amarga
No beco dos mal-fadados 
os catraios passam fome
 
têm os dentes enterrados
 
no pão que ninguém mais come
 
os catraios passam fome
É entrar, senhorias 
a ver o que cá se lavra
 
sete ratos, três enguias
 
uma cabra abracadabra
Na travessa dos defuntos 
charlatões e charlatonas
 
discutem dos seus assuntos
 
repartem-se em quatro zonas
 
instalados em poltronas
P´rá rua saem toupeiras 
entra o frio nos buracos
 
dorme a gente nas soleiras
 
das casas feitas em cacos
 
em troca de alguns patacos
É entrar, senhorias 
a ver o que cá se lavra
 
sete ratos, três enguias
 
uma cabra abracadabra
Entre a rua e o país 
vai o passo de um anão
 
vai o rei que ninguém quis
 
vai o tiro dum canhão
 
e o trono é do charlatão
Entre a rua e o país 
vai o passo de um anão
 
vai o rei que ninguém quis
 
vai o tiro dum canhão
 
e o trono é do charlatão

É entrar, senhorias 
a ver o que cá se lavra
 
sete ratos, três enguias
 

uma cabra abracadabra

segunda-feira, maio 05, 2014

POLÍTICA POUCO LIMPA

 Dizem que a troika já saiu de Portugal, e que a saída do programa de ajustamento vai ser limpa, o que fica fora desse discurso são os compromissos assumidos com os credores, e uma dívida claramente impossível de ser paga, pois com os seus encargos é impossível crescer para a pagar.

POLÍTICA NACIONAL 

O que é formidável na discussão política, no Parlamento, é que nunca ninguém admite responsabilidades do estado a que o país chegou, limitando-se os que estão e os que passaram pelo governo, a atirar as culpas uns para os outros.

sexta-feira, maio 02, 2014

EM ESTADO DE NEGAÇÃO

Membros deste governo disseram há pouco tempo que os impostos não iam aumentar, que era chegada a hora de baixar o IRS e que as medidas tomadas eram excepcionais, provisórias e irrepetíveis.

O tempo (pouco, diga-se) encarregou-se de demonstrar que os impostos aumentam, o IRS não baixa e as medidas provisórias vão passar a definitivas, o que desmente as promessas governamentais.

É caricato ouvir da boca de Paulo Portas que não vai haver aumento de impostos, chegando mesmo a dizer que “quando se fala em duas décimas da TSU dos trabalhadores não é para o Estado, é para proteger as pensões de amanhã” e que “quando se fala em 0,25 pontos de IVA não é para o Estado, é para o IVA social”.


Paulo Portas não saberá que o Estado somos nós? Ou será que ele quis dizer que há impostos que não são para o Estado?