quinta-feira, fevereiro 27, 2014

OS PEDREIROS PELUDOS

Já nos chamaram de PIGS, já disseram de nós cobras e lagartos, por isso já devíamos estar habituados a desaforos desse tipo, mas cada vez fica mais difícil suportar tantos insultos, porque somos boa gente que respeita quem nos visita e sabemos respeitar também quem nos acolhe.

O último insulto veio da parte de um artista belga, de seu nome Sébastien Laurent, que fez um novo mapa da Europa onde os nomes dos países são substituídos por clichés, uns mais simpáticos do que outros.
Segundo o dito artista Portugal é o país dos “pedreiros peludos” e a Bélgica é a terra dos “gaufres”, aquela bolacha a que costumamos chamar waffles.


Não achei graça nenhuma ao termo usado para nos designar e desconfio que na boca de uma senhora belga talvez até nem fosse tão despropositado e inconveniente, já vindo da parte dum belga que se julga artista, não passa duma besteira ou de um insulto sem qualquer sentido.  


terça-feira, fevereiro 25, 2014

PROGRESSO OU RETROCESSO

Nas reuniões partidárias e nas campanhas eleitorais começa a ser uma constante ouvir-se os maiores disparates, bem como os maiores barretes.

É inútil recordar o que foi dito por membros deste governo na última campanha eleitoral para a Assembleia da República, mas o Congresso do PSD aconteceu há poucos dias e também serve para se ter uma ideia sobre o que digo.

Grosso modo ouviram-se diversas vozes deste partido da maioria a dizer que o país está melhor e que os sinais da economia são bons mas será que é verdadeiramente assim?

Ora vale bem a pena ler os jornais destes dias, e fica-se a saber que o desemprego voltou a aumentar, que os casais de desempregados aumentaram, que há mães que abandonam os filhos por não terem como os sustentar, ou que expõem as suas carências em público porque não têm como alimentar os filhos. Podia continuar a descrever notícias deste tipo, mas chegam como exemplo.

Para os tais congressistas é o país que está melhor e que ainda não chegaram as melhorias aos cidadãos (?). Não sei como é que isso é racional porque o país somos nós, os cidadãos, e se não estamos melhor então é porque não há melhoras.


A dívida pública por acaso diminuiu? Os impostos porventura baixaram? Os salários e as pensões aumentaram? Será que o progresso para este governo não é um retrocesso nas condições de vida da maioria dos portugueses?

 Roubado DAQUI

domingo, fevereiro 23, 2014

POLÍTICOS SEM PALAVRA

Muitas vezes dizemos que os portugueses são culpados pelas escolhas que fazem quando são chamados a votar, e se isso parece ser verdade, também é verdade que a palavra dos políticos muitas vezes não corresponde aos seus actos.

Estarão todos lembrados das palavras de Passos Coelho antes das eleições que o levaram ao poder, quanto aos subsídios dos funcionários públicos, aos seus salários, e quanto aos impostos, tudo exactamente ao contrário do que depois veio a fazer.

Depois de ser eleito, o governo fez cortes em salários e pensões garantindo que eram medidas extraordinárias e irrepetíveis, fugindo assim ao chumbo lógico do Tribunal Constitucional, mas não só repetiu o irrepetível como até agravou alguns cortes, preparando-se agora para os tornar em medidas permanentes, mandando para as urtigas os pareceres e recomendações do TC.

Se há algo que terá que mudar na vida política deste país, será certamente a criação de instrumentos penalizadores dos governantes que se comprometem com um determinado programa e depois não o seguem. A política não pode ser um exercício de mentiras e fingimentos sem consequências.


A indiferença e a descrença dos cidadãos pela política nacional resulta da falta de princípios de muita gente que passa pela política sem qualquer preocupação ética e sem sentido de serviço público, que descredibiliza toda a classe. Só é respeitado quem se dá ao respeito e infelizmente muita gente que passou pelos governos não merece qualquer respeito por parte dos cidadãos.  


Jean Limbourg

Botticelli

sexta-feira, fevereiro 21, 2014

TÃO CIVILIZADOS QUE ELES SÃO

Na Europa costuma desvalorizar-se os países do Sul, havendo quem use até o acrónimo de PIGS para os classificar, e o centro e o Norte da Europa acha-se o mais avançado, civilizado e economicamente equilibrado.

É evidente que apesar de ter sido no Sul que as mais importantes civilizações europeias surgiram, no campo económico nos tempos modernos as coisas não correram de forma particularmente boa, e que os do centro e do Norte têm tido melhor desempenho, mas isso não significa que sejam assim tão mais civilizados.

A Alemanha já tinha demonstrado, num passado ainda recente, que tinha uns problemas com diversas raças e nacionalidades, e agora a Suíça fez questão de mostrar o seu lado negro, no que respeita à civilização.

O fecho das fronteiras, ou se quiserem as limitações à imigração, já tinham dito muito sobre a civilização dos suíços, mas o Tribunal Federal daquele país conseguiu ir ainda mais longe, e decidiu que chamar “porco estrangeiro” ou “refugiado nojento”, não se enquadra na lei antirracista.


Enfim, nós podemos ter muitos defeitos, mas nesta matéria ainda não descemos tão baixo como a civilizadíssima Suíça.   


quarta-feira, fevereiro 19, 2014

PORTAS E OS MARINHEIROS

Começamos todos a pensar que Paulo Portas tem uma queda especial por marinheiros, ou pelo menos por coisas ligadas à marinha.

Poderá pensar-se que os portugueses são todos dados ao mar e às conquistas, mas o vice-primeiro-ministro tem demonstrado, já por diversas vezes, que a sua atracção pelas coisas do mar é muito profunda.

A sua passagem pela Defesa ficou marcada pelo caso da compra dos submarinos, que fez correr imensa tinta e que nos custou, e ainda vai custar muito dinheirinho. Agora com o novo posto governamental, que pouca ligação terá com o mar, veio novamente à tona a sua fixação quando disse que as “exportações são o porta-aviões da nossa economia”.


Esperam os portugueses que Paulo Portas não se lembre agora de comprar algum porta-aviões, alegando algum desígnio nacional ligado à nossa saga marítima… 

CARTOON
O porta-aviões revolucionário

segunda-feira, fevereiro 17, 2014

A EUROPA POUCO SOLIDÁRIA

Em diversos momentos da actual crise económica que atravessamos, os parceiros europeus e muitos “especialistas” nacionais acenaram-nos com dois cenários possíveis, ou uma obediência cega aos nossos credores, sobretudo europeus, ou a saída do euro.

A Europa solidária que nos forçaram a aceitar sem qualquer consulta popular, não se tem demonstrado assim tão solidárias, nem aplica as suas regras da mesma maneira aos países mais fortes e aos países mais fracos, como se percebeu no caso dos défices excessivos.

Os programas de ajuda também não foram tão favoráveis como os pintavam, antes foram imposições de choque que acarretaram consequências sociais que levarão décadas a remediar. A recuperação dos países intervencionados, a acontecer, deixará o seu rasto de desemprego, emigração e pobreza, que debilitarão todo o tecido social comprometendo a recuperação dos países em dificuldades.

A solidariedade tão apregoada pelos governantes europeus sofreu um grande rombo nesta crise económica, mas está em vias de sofrer o golpe final com a possibilidade, já visível, de se criarem limites à livre circulação de populações como a que se prepara para acontecer na Suíça.  

CARTOONS
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domingo, fevereiro 16, 2014

VARIAÇÕES EM AMARELO


Relacionado com a cor da flor, que tal recordar quem também se deteve no amarelo para realizar uma animação que ao tempo foi um sucesso?...


A música também mora aqui e o vídeo é um dos muitos feitos a partir do filme com o mesmo nome...

sexta-feira, fevereiro 14, 2014

O BEIJO MATA O DESEJO

MOTE 

«Não te beijo e tenho ensejo 
Para um beijo te roubar; 
O beijo mata o desejo 
E eu quero-te desejar.» 

GLOSAS
 
Porque te amo de verdade, 
'stou louco por dar-te um beijo, 
Mas contra a tua vontade 
Não te beijo e tenho ensejo. 

Sabendo que deves ter 
Milhões deles p'ra me dar, 
Teria que enlouquecer 
Para um beijo te roubar. 

E como em teus lábios puros, 
Guardas tudo quanto almejo, 
Doutros desejos futuros 
O beijo mata o desejo. 

Roubando um, mil te daria; 
O que não posso é jurar 
Que não te aborreceria, 
E eu quero-te desejar!   
 

António Aleixo


quarta-feira, fevereiro 12, 2014

A LÓGICA "GENIAL" DA DEFESA

Não trilhei a área do direito, que nunca me atraiu, mas sou dos que pensa que a Justiça é essencial à Democracia, e que para isso deve ser célere, simples de entender e de interpretar, não contendo em si mesma contradições ou ambiguidades.

No caso do BPP, que agora está julgamento, não me surpreenderam as declarações de João Rendeiro, ex-presidente do Banco Privado Português, mas fiquei pasmo com as declarações do seu advogado, José Miguel Júdice.

Segundo o douto advogado, como os investidores ganharam muito dinheiro no BPP, e se queixaram logo na primeira vez que (um investimento) correu mal, não terão razão para tal, porque só queriam alto retorno sem risco.

Não se ficou por aí o advogado de defesa, que conclui que o seu cliente não pode ser punido pelo crime de burla qualificada porque não enriqueceu, nem contribuiu para que outros enriquecessem.

É formidável este raciocínio, pois segundo José Miguel Júdice, João Rendeiro não seria responsável pelos investimentos ruinosos que ditaram o afundamento do banco, que os depositantes é que eram gananciosos, e que o seu cliente é que terá sido vítima de tudo isto.


O que me preocupa ainda mais do que o caso do BPP, é que este advogado já foi requisitado ou contratado por entidades públicas e pelo próprio governo, para a feitura de leis e aconselhamento jurídico da mais variada espécie…  

terça-feira, fevereiro 11, 2014

BELAS ACTRIZES

Eis uma galeria de actrizes que deram o seu toque de beleza ao cinema da minha juventude, quando não era necessário serem tão magras como hoje em dia.


sexta-feira, fevereiro 07, 2014

CASINO PORTUGAL


 
As Finanças entram agora na esfera dos jogos de fortuna e azar com as facturas com o número de contribuinte, onde quem muito pode gastar, porque o tem, tem mais hipóteses de ganhar. Claro que o governo está consciente da situação que favorece claramente quem mais tem, ou não seria necessário, nem apropriado, colocar como prémio veículos de gama alta...


Já que falamos de economia de casino porque não dar música e dança a condizer?...

quarta-feira, fevereiro 05, 2014

PROJECTO CHAVE NA MÃO

Depois de ouvir as declarações de Passos Coelho, tentando explicar o inexplicável, fiquei a saber que afinal foram as autoridades que trataram com a leiloeira Christie’s a venda dos quadros de Miró, chamando-lhe o primeiro-ministro um projecto chave na mão.

Pretende Passos Coelho transferir a responsabilidade das ilegalidades praticadas para a leiloeira, quando está mais do que evidente para toda a gente que as responsabilidades das autoridades nacionais, que conheciam as obrigações legais para o processo se realizar, simplesmente assistiram sentados nas poltronas, esperando passar entre os pingos da chuva.

Não sei o que significa “projecto chave na mão” para o primeiro-ministro, mas todas as explicações dadas até ao momento são no mínimo patéticas.


Quanto à angariação de verbas para “enterrar” no buraco que é o BPN, Passos Coelho e a equipa das Finanças, que tutela as tais empresas que detêm os activos do BPN, preparavam-se para fazer mais um mau negócio, vendendo os quadros por atacado, o que desvaloriza o conjunto devido ao excesso de oferta, e sobretudo era um tremendo erro não os ter exibido anteriormente, o que os valorizava bastante, como sabe quem percebe o negócio de obras de arte.

A Cultura na mão de Passos Coelho sempre foi uma ideia infeliz, e o tempo tem vindo a encarregar-se de o demonstrar... 


segunda-feira, fevereiro 03, 2014

BALELAS ELEITORAIS

António Pires de Lima diz uma coisa e o governo que ele integra faz outra completamente diferente, com a desculpa das imposições da troika.

Ao dizer que o governo tem” uma visão claramente diferente”, o ministro da Economia atira para o futuro a redução dos impostos e o aumento do rendimento disponível, bem como do ordenado mínimo nacional.

A campanha eleitoral já deve ter começado mesmo sem o anúncio oficial, e Pires de Lima escolheu exemplos de salários entre 3.000 a 4.000 euros para falar da taxa de IRS, e não esqueceu também a taxa mais alta, que é de 57%, mas não se dignou a falar de vencimentos mais normais e mais baixos, onde os cortes acabam por fazer mais mossa, significando muitas vezes pobreza, mesmo para quem ainda tem um trabalho.


É evidente que os nossos governantes não conhecem a realidade de grande parte dos trabalhadores nacionais, ou a dos reformados e dos desempregados, pois só assim se percebe que escolham exemplos que retratam apenas minorias que estão muito acima da média nacional.


domingo, fevereiro 02, 2014

O LOGRO POLÍTICO

Os portugueses foram em 2013 obrigados a uma austeridade brutal com o pretexto habitual: a crise económica que deriva (?) de se ter vivido acima das nossas possibilidades.

As mentiras são mais do que muitas, e nisso os nossos governantes dos últimos anos são pródigos. O país foi mal governado, mas nenhum dos que passaram pelo poder o reconhece. As grandes decisões e opções que têm sido tomadas e que se revelaram ruinosas não têm responsáveis.

De tempos a tempos vem a lume mais um pormenor escabroso das más decisões e dos seus custos, mas culpados népias. Veja-se o caso BPN, onde foram derramados incontáveis milhões, que afinal ainda continua a sugar o sangue, o suor e as lágrimas dos portugueses (daqueles que pagam impostos).

Em 2013 foram canalizados para o BPN, ou para as sociedades que gerem os activos tóxicos por ele gerados, a módica quantia de 510 milhões de euros.


Será que algum governante, ou deputado da nação se pode sentir ofendido por alguém usar a palavra “roubo” para caracterizar as medidas tomadas pelo governo, que afinal continua a “enterrar” dinheiro no que foi a maior burla bancária deste país, ainda sem culpados condenados?