quarta-feira, outubro 31, 2012

POR QUE NO TE CALLAS?



Há ocasiões em que o melhor seria estar-se calado, e Fernado Ulrich perdeu recentemente ocasiões de estar calado.

Não faz muito tempo que o ouvimos dizer que daria emprego no seu banco a muitos desempregados se o Estado os obrigasse e lhes pagasse. A generosidade do banqueiro ficou registada e foi considerada uma proposta indecente por quase toda a gente.

A afirmação mais recente do banqueiro foi a de que “Se Portugal aguenta mais austeridade? Ai aguenta, aguenta!”, acrescentando quase de seguida que os gregos ainda estão vivos.

Não se pedirá a um banqueiro que tenha sensibilidade social, mas que seja no mínimo razoável. Curiosamente o BPI é um banco privado quase na falência técnica, que recentemente recorreu à ajuda com aval do Estado.

Não sei se Ulrich está a fazer um favor ao governo, mas a sua atitude e as suas declarações levam a que esta dedução não seja de descartar, porque é difícil aceitar que alguém com alguma inteligência possa dizer barbaridades tais, pelo menos no seu perfeito juízo. 


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terça-feira, outubro 30, 2012

INUTILIDADE



Por estar de molho com uma gripe tive a oportunidade de estar a assistir a uma sessão na Assembleia da República, em que mais uma vez se verifica o atirar de culpas para outrem. PS e PSD atiram a bola para o campo do adversário como se as culpas não fossem dos dois.

Passos Coelho parece não conseguir perceber o que todos já entenderam, que a receita aplicada ao país só nos conduz ao que está a acontecer com a Grécia. Já todos desconfiamos até que o governo já está a negociar um novo Memorando de Entendimento e um novo pacote de ajuda.

O parecer do Conselho Económico e Social é bem claro ao dizer que todas as metas do governo falharam e que as suas previsões para o próximo ano estão abaixo do que é razoável, pecando por serem demasiado irrealistas.

É uma inutilidade assistir a estes debates, e se este governo não cair muito em breve, o país ficará mais pobre e dependente, e os cidadãos terão já perdido a esperança num futuro melhor.



sábado, outubro 27, 2012

FADO PORTUGUÊS



O Fado nasceu um dia,
quando o vento mal bulia
e o céu o mar prolongava,
na amurada dum veleiro,
no peito dum marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.

Ai, que lindeza tamanha,

meu chão , meu monte, meu vale,
de folhas, flores, frutas de oiro,
vê se vês terras de Espanha,
areias de Portugal,
olhar ceguinho de choro.

Na boca dum marinheiro

do frágil barco veleiro,
morrendo a canção magoada,
diz o pungir dos desejos
do lábio a queimar de beijos
que beija o ar, e mais nada,
que beija o ar, e mais nada.

Mãe, adeus. Adeus, Maria.

Guarda bem no teu sentido
que aqui te faço uma jura:
que ou te levo à sacristia,
ou foi Deus que foi servido
dar-me no mar sepultura.

Ora eis que embora outro dia,

quando o vento nem bulia
e o céu o mar prolongava,
à proa de outro velero
velava outro marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.
José Régio



quinta-feira, outubro 25, 2012

PINÓQUIO

Perante a critica quase generalizada dos portugueses tem sido recorrente a afirmação de que o governo tem legitimidade para governar, pois está no poder pelo voto dos eleitores.

É inegável que o PSD de Passos Coelho recolheu a maioria dos votos nas últimas eleições, mas também é inegável que enquanto candidato, Passos Coelho prometeu fazer uma coisa, e agora está a fazer exactamente o seu contrário.

A legitimidade não é compatível com a mentira, e os portugueses (muitos) votaram de acordo com as promessas do então candidato, e não votaram nestas políticas que o governo tem vindo a implementar.

Todos se recordam da imagem do Pinóquio que esteve associada a José Sócrates por ter defraudado as naturais expectativas por ele criadas, pelo que a mesma imagem do Pinóquio encaixa na perfeição ao actual 1º ministro, com um nariz ainda maior, pelo incumprimento das suas promessas antes de ser eleito, como se pode constatar pelo vídeo colocado abaixo, da autoria do blogue Aventar.

quarta-feira, outubro 24, 2012

A DEMAGOGIA E O EXEMPLO

Sempre que se ouve dizer que os políticos, para terem credibilidade, deviam ser os primeiros a praticar as medidas de austeridade, cortando a si próprios salários e regalias, lá surgem os ditos a dizer que se trata de pura demagogia.


Percebemos todos que para os nossos governantes não é demagogia cortar subsídios de desemprego, subsídios de doença e pensões de quem trabalhou uma vida inteira. Eu não consigo perceber a lógica daquele pensamento, mas eu não vivo da política.

Com políticos que não sabem nem querem dar o exemplo, o que é que se espera que sintam os cidadãos que vão vendo os seus proventos ser cortados de cada vez que um governante se lembra de falar em público?


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segunda-feira, outubro 22, 2012

A INEVITABILIDADE



Os discursos de Passos Coelho, e também de Vítor Gaspar, são sempre pontuados com as teses da inevitabilidade e da falta de margem de manobra, sempre que se referem às medidas de austeridade de vão impondo consecutivamente.

A verificar-se a aprovação do Orçamento de Estado para 2011, que eu espero que não aconteça, e depois de conhecido o resultado do défice de 2012 e o falhanço absoluto das metas estabelecidas, creio que os dois serão confrontados com as suas próprias teses.

Os cidadãos deste país vão manifestar-se exigindo a demissão do governo, é inevitável, e perante o falhanço das medidas implementadas até agora, não haverá qualquer margem de manobra para Cavaco Silva, que só terá como opção fazer cair o governo e abrir a porta a eleições legislativas.