quinta-feira, junho 28, 2012

ENTRE O BATER RASGADO DOS PENDÕES

Entre o bater rasgado dos pendões 
E o cessar dos clarins na tarde alheia, 
A derrota ficou: como uma cheia 
Do mal cobriu os vagos batalhões. 

Foi em vão que o Rei louco os seus varões 
Trouxe ao prolixo prélio, sem idéia. 
 Água que mão infiel verteu na areia — 
Tudo morreu, sem rastro e sem razões. 

A noite cobre o campo, que o Destino 
Com a morte tornou abandonado. 
Cessou, com cessar tudo, o desatino. 

Só no luar que nasce os pendões rotos 
’Strelam no absurdo campo desolado 
Uma derrota heráldica de ignotos. 

Fernando Pessoa

FOTOGRAFIA

5 comentários:

Pata Negra disse...

Perdemos com a Espanha? Ficou em família! Perder com a Alemanha? Tem sido tantas as humilhações... Ah! se fosse a Itália eu ficar-me-ia pelas mulheres bonitas!
Um abraço latino... e também um pouco suíno...

o escriba disse...

Forte, este poema de Pessoa!

Há muito tempo que andamos a viver de sonhos e teimamos em acordar...


Um abraço
Esperança

o escriba disse...

Ora que a euforia murchou de tal maneira que me deixou zonza... quero dizer "e teimamos em não acordar".

Anónimo disse...

A Merkel hoje vibrou... mas foi de raiva! Esperem pela resposta...
Lol

AnarKa

C Valente disse...

Uma beleza de forte poesia
o resto é treta