terça-feira, janeiro 31, 2012

CARICATURA DE JUSTIÇA

O julgamento e a sentença dada a um indivíduo que terá furtado uma embalagem de champô e outra de polvo, num supermercado Pingo Doce no Porto, foi o retrato perfeito da Justiça em Portugal, numa altura em que a ministra dispara em todas as direcções.

Um julgamento por este caso de furto, é já uma bizarria, que o sistema permite por a queixa não ter sido retirada e por não haver custas para o queixoso, neste caso a sociedade que detém o supermercado.


A sentença, neste caso aplicada a um sem-abrigo, de multa de 50 dias a cinco euros dia, num total de 250 euros, é simplesmente desadequada e porventura excessiva, tendo em atenção a falta de recursos do mesmo, pois a alternativa exigida é a cadeia.


Há certamente castigos mais consensuais e adequados para casos desta natureza, que até um jovem defensor oficioso terá sugerido, mas o tribunal decidiu-se por esta pena. É lamentável que sejam também tribunais destes a julgar outros processos que envolvem grandes interesses e grandes valores extorquidos ou sonegados ao Estado, e os deixem simplesmente prescrever, como é o caso de diversos dos processos bem mediáticos.


Não se fale numa justiça para ricos e noutra para pobres, que isso é uma visão distorcida das coisas, mas sim da falta de Justiça. A tal malha fininha construída pelo excesso de leis apanha o peixe miúdo e rompe sempre que apanha os tubarões.


Recomendação: Enviem-se os custos do processo para a sede da SGPS da família que é a maior accionista da Jerónimo Martins, na Holanda.

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segunda-feira, janeiro 30, 2012

PALAVRAS DO ZÉ

Como bem escreveu o amigo Pata Negra na caixa de comentários no domingo, ao Zé devia bastar um manguito para expressar muito do que sinto, devido ao que me rodeia em consequência da crise e da má governação deste país.

Um manguito já não expressa toda a minha insatisfação, nem o desprezo que cada vez mais sinto por quem tão mal nos governa. Podia chamar os bois pelos nomes, mas lá era eu sinalizado por alguém a quem desagradassem os palavrões utilizados.


É essencialmente por esta razão que por vezes me socorro de algumas leituras recentes, ou outras que me tenham ficado na memória, para amenizar este espaço de modo a não o tornar demasiado azedo.


Nem só de política vive o homem!



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1.360

domingo, janeiro 29, 2012

PESSOA

Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!


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sexta-feira, janeiro 27, 2012

AS GALINHAS POEDEIRAS

Uma das notícias com algum relevo no dia de ontem era o processo aberto contra Portugal por infracção ao direito comunitário, por não ter adoptado as novas normas de produção de galinhas poedeiras.

Não se deduza pelo facto de aqui trazer esta preocupação da Comissão Europeia, que sou contra estas preocupações com o bem-estar dos animais que usamos na nossa alimentação, ou que sou insensível à crueldade que ainda grassa por aí no que toca ao tratamento dos animais, porque eu realmente preocupo-me com isso.

O que causou estranheza a muita gente, eu incluído, é que a Comissão Europeia não mostra idêntica preocupação com a falta de protecção social existente neste país, a falta de protecção das condições de trabalho, e a falta de protecção na saúde, da infância e da velhice, por exemplo.

As condições de vida em Portugal pioraram neste último ano e todas as previsões preveem que os próximos dois anos (pelo menos) serão ainda piores, por isso acho que a CE bem podia prestar também atenção a isso. Afinal de contas não há político que perante o eleitorado não afirme que para si as pessoas estão primeiro, não é?

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PINTURA
By Leonid Afremov

quinta-feira, janeiro 26, 2012

O PREÇO DA LIBERDADE

Mais de três décadas depois da queda da ditadura em Portugal, eis que a censura volta a mostrar a sua cara e a sua intolerância.

O serviço público, neste caso a RTP, decidiu o fim do espaço de opinião “Este tempo”, logo após ter ido para o ar uma crónica sobre a RTP e Angola. A crónica tinha feito um retrato bem negativo do poder em Angola e dos que giram em torno desse mesmo poder, mesmo alguns estrangeiros.

Ficam algumas palavras do jornalista Pedro Rosa Mendes que acabou a sua colaboração com a Antena1, na sequência desta estranha decisão: “duvido que quem vive dobrado em democracia se endireite em tempos difíceis” e “uma sociedade asfixiada por valores do silêncio, da cobardia, do bajulamento”.




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Fome

quarta-feira, janeiro 25, 2012

DESTA NÃO GOSTARAM...

O governo português e os grandes do mercado da distribuição ficaram todos contentes com as reformas laborais com que brindaram a maioria dos portugueses, alardeando-o sem qualquer pudor perante a troika e perante os parceiros europeus.

Todos sabemos que os problemas de competitividade e de produtividade do país não residem no factor trabalho, e que esta toda a ofensiva que penaliza quem trabalha, conduz a curto e a médio prazo a uma depressão económica, causado pela diminuição dos salários e pelo factor incerteza que não se pode negligenciar.

O governo tem dito muitas vezes que não existem outras opções, e que o caminho seguido é inevitável, mas as coisas não são assim. O problema da nossa economia não se resolve penalizando mais quem trabalha, mas pode ser solucionado acabando com as ajudas a certos operadores privados que estão em sectores com privilégios injustificados, e esses estão perfeitamente identificados.

Encher a boca com a palavra liberalização e continuar a distorcer os mercados falseando a concorrência, tem sido a palavra de ordem, mas parece que a OCDE decidiu abrir a boca e dizer que mais do que cortar em salários, o que importa mesmo é cortar na protecção de certos sectores privados que não gostam de verdadeira concorrência, e são dos mais poderosos deste país.


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A caridadezinha

segunda-feira, janeiro 23, 2012

SACRIFÍCIOS SÃO PARA TODOS

A frase proferida por Passos Coelho, diz-se que a propósito das queixas de Cavaco Silva, para quem as reformas recebidas não chegam para pagar as despesas, é risível.

Para começar temos o facto de cerca de 11.000 euros mensais ser mais do que suficiente para governar qualquer casal português, por isso é um disparate ser levado a sério por qualquer português.

Quanto a Passos Coelho e a tal frase “sacrifícios são para todos”, penso que foi um aproveitamento das queixas de Cavaco, que cai muito mal nos ouvidos dos portugueses que sabem bem que isto não passa de folclore político.

Como já foi dito por todo o lado, “com a pobreza deles estava eu bem”.


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By Palaciano

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Fado

domingo, janeiro 22, 2012

O FILME DE HOJE

Porque a memória é curta e os tempos são conturbados, nada melhor do que recordar um filme que de algum modo parodia uma realidade da 1ª metade do século passado. Diz-se que a História não se repete, mas a verdade é que nada melhor do que conhecer o passado para evitar os mesmo erros no presente.

sexta-feira, janeiro 20, 2012

EXPLICAR O INEXPLICÁVEL

João Proença, o líder da UGT, tem pela frente a tarefa impossível de tentar explicar o inexplicável, que foi a assinatura do chamado Acordo de Concertação Social.

O líder da central sindical UGT, não consegue mostrar aos portugueses, nomeadamente aos seus associados, uma única virtualidade deste documento, ou uma só medida favorável aos trabalhadores e desempregados deste país. Não consegue porque não há!

Escusado será dizer que todas as explicações entretanto por ele dadas são ridículas. Primeiro veio dizer que o governo teria ameaçado que sem o acordo “iria cumprir e eventualmente ultrapassar” o memorando de entendimento Para seu azar, Vítor Gaspar veio reconhecer que o governo foi mais longe do que a troika exigia na execução de reformas no mercado laboral português.

O que era escusado, por ser mais do que ridículo, foi a afirmação de João Proença dizendo que tinha sido “incentivado” por altos quadros da CGTP a negociar o acordo com o governo. Isto é um disparate total, pois como é sabido a CGTP abandonou as negociações antes do seu final, tornando clara a sua posição quanto ao documento.

O desnorte do líder da UGT é evidente, pois a sua assinatura naquele acordo foi apenas favorável ao patronato, que vê satisfeitos os seus desejos, e para o governo que bem-feitas as contas, não cedeu em nada que favorecesse os trabalhadores.

Leia também ISTO e ISTO
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quinta-feira, janeiro 19, 2012

A IMPORTÂNCIA DA ESTABILIDADE

Eu sempre me guiei na vida por alguns princípios básicos, e um deles é que o que é mau para mim também é mau para os outros.

Este princípio não faz parte da atitude de muita gente a começar por grande parte dos políticos, continuando pelos grandes empresários e acabando até em muitos dos trabalhadores que acham que desde que eles se safem, então não há problema.

Vem esta introdução a propósito de declarações de Paulo Azevedo, o herdeiro que é presidente executivo da Sonae, à margem do Congresso da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição.

Paulo Azevedo brindou os jornalistas com estas frases: “Com toda a sinceridade, as (empresas) que temos (na Holanda) é pela estabilidade do sistema fiscal”, acrescentando que “é muito penalizador para as empresas estarem a questionar permanentemente a estrutura dos grupos e não saber, mês após mês, o que têm de fazer, se têm de transformar tudo ou não, e ninguém esclarecer”, e ainda “a gestão fiscal é um peso enorme para as empresas em termos de estabilidade e segurança”.

Curiosamente o CEO da Sonae tem toda a razão, e eu concordo inteiramente com ele nestas afirmações, mas continuo a prezar o tal princípio que mencionei no princípio, o que é mau para mim também é mau para os outros.

Paulo Azevedo podia ser coerente com o que afirmou reconhecendo que a instabilidade fiscal também é má para os restantes portugueses, e na sua grande maioria eles não podem ter sede na Holanda. Podia também mudar de opinião e de atitude no que respeita à instabilidade laboral, e à precariedade, porque é muito penalizadora para os seus funcionários (e não só), que passam dias e dias a pensar quando é que serão enviados para o desemprego, não sabendo como honrar os compromissos das suas casas e das suas famílias.

A estabilidade é boa para as empresas, é boa para os trabalhadores, é boa para se projectar o futuro e é um factor importante para a melhoria da produtividade. Tudo isto se aprende facilmente na vida sem ser necessário mandar vir um Nobel da economia, meus caros. Tenho pena que os nossos empresários não o consigam entender, e que os (maus) políticos também não o percebam.


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terça-feira, janeiro 17, 2012

A ECONOMIA VISTA DO UMBIGO

Quase que me apetece dizer que a qualidade dos nossos professores de economia é péssima, a avaliar pelos resultados a que chegou o nosso país, sob a batuta de muitos deles, mas sei que não devo generalizar, mesmo porque nem todos passaram pelo poder ou o adularam com muita frequência.

A maioria dos que são conhecidos, ou por terem passado pelos governos, ou que emitem opiniões com alguma frequência, erraram mais do que acertaram, mas há um que hoje me caiu na rifa, e é o Daniel Bessa.


A frase “Portugal deve procurar manter a sua mão-de-obra o mais barata possível, de forma a manter-se competitivo no seio da zona euro” é de antologia.


Não acredito que Daniel Bessa ache que deva auferir (apenas) um salário baixo, para que o seu empregador fosse mais competitivo, e que certamente encontraria meia dúzia de argumentos para o justificar, mas ele é uma pessoa excepcional.


Por acaso o senhor economista não mencionou que os países com os salários mais elevados da zona euro. São precisamente os mais competitivos e os que têm as economias mais fortes. É apenas um detalhe que perante o brilhantismo do professor empalidece e perde a importância.


Também de antologia é a sua afirmação “é importante que os recursos humanos mantenham alguma qualificação e que fiquemos entre os mais baratos”, que é um verdadeiro hino à ignorância, mas que deve ter feito vibrar uma plateia dos que avidamente o escutam.


Estas afirmações, percebi-o mais tarde, foram proferidas no Museu do Oriente, o que justifica a influência marcante no pensamento. Ele falava em sermos competitivos na área dos call centers, quem sabe se para competir com o Paquistão e a Índia. Formidável, é um génio!



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VÍDEO

segunda-feira, janeiro 16, 2012

UM PORTUGAL MELHOR

Já tenho aqui manifestado alguma admiração pelo “espírito nórdico”, onde a organização existe, a consciência cívica se manifesta, e onde as preocupações sociais são uma realidade. Não estou a falar em mundos perfeitos, mas em sociedades mais justas porque todos para isso contribuem segundo as suas obrigações.

Não é por acaso que nos países nórdicos a economia paralela é muito inferior à média da OCDE. Mencionei já questões de educação, inculcadas desde tenra idade e fortalecidas pelo exemplo, podia mencionar alguma influência religiosa, que muitos preferem ignorar, para explicar uma maior consciência do bem comum, mas isso é outro assunto.


Por cá, e pelos países do Sul da Europa, a economia paralela tem elevada expressão, e aumenta em situações de crise causando ainda maiores problemas sociais do que aqueles que os que a praticam pretendem solucionar.


É mais fácil atacar os funcionários públicos, dizendo que ganham muito, têm muitas regalias e não fazem nada. Os governantes até ajudam nesta matéria, porque isso divide o universo dos trabalhadores por conta de outrem, enfraquecendo todos os assalariados, e desvia as atenções dos erros de governação.


É também popular atacar um ou vários empresários que decidem mudar os domicílios fiscais das suas empresas para países menos sedentos de impostos. O que se evita é dizer que são muitos os trabalhadores que não descontam pela totalidade dos seus salários, e são coniventes com os seus patrões nessa “esperteza”.


As culpas são sempre dos outros, e os problemas reais e perfeitamente identificados ficam sempre por resolver.


Se os governantes não nos governam bem, podemos correr com eles. Se os impostos são demasiado altos, porque há muita gente a fugir das suas obrigações, vamos exigir mais fiscalização e menores taxas de imposto. Há muita coisa que pode ser feita com consciência cívica. Cada um de nós tem o seu papel na sociedade, mas só podemos exigir dos outros se nós próprios cumprirmos a nossa parte.


Este não é um discurso moralista, mas apenas um conjunto de ideias que nos podem ajudar a ter uma sociedade melhor e mais justa. A política nacional não prima pela ética, mas a sociedade no seu conjunto pode mudar as coisas, se cada um souber e quiser fazer a sua parte.



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Falência

domingo, janeiro 15, 2012

VAMOS AJUDAR OS CHINESES

Devo começar por dizer que não sou nenhum especialista em assuntos chineses, ainda que desde pequeno tenha convivido com muita gente oriunda daquele país, e tenha até frequentado um clube chinês onde aprendi judo e ténis de mesa.

Ao contrário da minha pessoa, o senhor Eduardo Catroga veio a revelar-se um “profundo conhecedor” do pensamento oriental, explicando com toda a convicção(?) a lógica das escolhas da empresa estatal chinesa que concorreu e ganhou o concurso para a privatização de quase todo o capital ainda detido pelo Estado português.


Diz o especialista E. Catroga que os chineses escolheram para a EDP “caras conhecidas”, o que me deixou de boca aberta perante tão inteligente dedução. Pelo que percebi, os chineses “aterraram “ aqui de paraquedas, e deram logo com as caras do senhor Catroga, do senhor Braga de Macedo e com a da dona Celeste Cardona. Terão caído no goto dos representantes chineses, certamente.


Pelo que vou percebendo os chineses nunca viram a televisão portuguesa em horário nobre, nem viram os programas mais vistos pelos portugueses, pois se o tivessem feito as escolhas teriam sido outras e igualmente acertadas, pois seriam também caras conhecidas.




Eu decidi deixar aqui mais um friso de caras conhecidas, pelo menos de quem ainda vê a nossa televisão, pois parece-me que os nossos “amigos” chineses ainda estão interessados em comprar parte da REN, que vai a concurso em breve. Quem sabe se desta vez eles escolhem rostos mais conhecidos dos portugueses….

sábado, janeiro 14, 2012

POESIA

Retrato de Alves Redol

Porém se por alguém não foi ninguém
cantou e disse flor canção amigo
a si o deve. A si e mais a quem
floriu cresceu cantou lutou consigo.

Homem que vive só não vive bem
morto que morre só é negativo
morrer é separar-se de ninguém
e contudo com todos ficar vivo.

Nado-vivo da morte. É isso. É isso.
Uma espécie de forno de bigorna
de corpo imorredoiro que transforma
em fusão o metal do compromisso:
Forjar o conteúdo pela forma:
marrar até morrer. E dar por isso.


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sexta-feira, janeiro 13, 2012

ESTES PUBLICITÁRIOS SÃO LOUCOS

Imagine-se em frente dos painéis de São Vicente, no Museu Nacional de Arte Antiga, e de repente ao olhar para o lado, dar de caras com um manequim de carne e osso a passear-se em roupa interior.

A cena pode parecer-lhe insólita mas aconteceu, não em terras lusas mas sim em Paris, no Museu d’Orsay.


Pelos vistos uma marca de lingerie decidiu fazer uma campanha publicitária naquele museu de Paris, colocando três manequins a desfilar em lingerie, bem no meio do público que estava a admirar obras de arte. As meninas entraram vestidas de gabardina, e retiraram-na de repente e sorrindo lá tentaram simular um desfile.


A acção foi mal sucedida e as modelos foram conduzidas para a saída do museu, porque a direcção do mesmo não achou graça nenhuma à campanha.


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quinta-feira, janeiro 12, 2012

OS AMIGOS E AS NOMEAÇÕES

Em Portugal tornou-se um (mau) hábito transformar a chegada ao governo num autêntico regabofe de nomeações de correlegionários e amigos para os cargos mais bem remunerados e de importância estratégica, em lugares do Estado e empresas onde o governo tem participação ou influência notória.

As coisas são assim há anos e sempre que estão na oposição, os chamados partidos do arco da governação, criticam acerrimamente esta prática que usam quando estão no poder.


As recentes nomeações na EDP são o exemplo acabado desta prática condenável, mesmo que tenham havido umas quantas declarações dizendo que tinham sido os accionistas a fazer a escolha. A explicação resulta ainda pior. Porque se os ditos acharam que aquelas pessoas eram as que melhor serviam os interesses da empresa, então importa perguntar porquê, e então as coisas ainda se tornam mais turvas.


Como se costuma dizer, a cada cavadela sua minhoca, e agora temos a Águas de Portugal onde lá aparecem os tais nomes que todos associam aos partidos do governo, e as explicações são ainda mais difíceis, e nem interessam.


Porque será que dois partidos que vinham a enfatizar o reconhecimento do mérito nunca o encontram fora do círculo de amigos, nem dentro das estruturas das empresas para onde fazem as tais nomeações? Estranho, não é?


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Concorrência Desleal

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terça-feira, janeiro 10, 2012

SERÁ QUE PERCEBI BEM?

Depois de ouvir há poucos dias um responsável governativo dizer que não era de se esperar pedir mais sacrifícios aos cidadãos, eis que o “governo assume derrapagem no défice de 2012”, ainda no dia 9 de Janeiro.

Em Portugal começa a ser “normal” existir um orçamento rectificativo antes de o orçamento propriamente dito ter entrado em vigor. É normal dizer-se em campanha eleitoral que os impostos não aumentam, e logo que se é nomeado dá-se o dito por não dito, invocando a sua legitimidade.


Mas não me apetece falar do que já se passou há meses. Espanto-me porque se justificou o orçamento rectificativo com os fundos de pensões da banca, recebidos pelo Estado, mas fico pasmado porque logo de seguida, o Ministério das Finanças vem admitir que “o valor final do défice orçamental será superior ao previsto pelo Orçamento de Estado”, devido ao pagamento das dívidas de hospitais e ao pagamento das pensões da banca.


Mas que raio andam a fazer aqueles senhores do Ministério das Finanças? Afinal não tinham previsto pagar as dívidas dos hospitais e as pensões dos bancários? Será que tantos técnicos julgavam que era só amealhar o “guito” e deixar por pagar as dívidas? Olhem que o sr. Francisco da mercearia da esquina, que fechou porque ele já não tem idade para ir comprar os frescos de madrugada, para abastecer o lugar, é um barra em contas e juntou um bom pé-de-meia pagando sempre a tempo e horas aos seus funcionários e fornecedores.



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MÚSICA

segunda-feira, janeiro 09, 2012

QUEM SE INTERESSA PELA CULTURA?

Afinal, quantas pessoas se interessam pela cultura?, se põem o problema da vida?, do homem?, se põem a interrogação sobre o que nos rodeia? É um erro tocante o imaginar-se que as pessoas cultivadas se interessam pela cultura. A cultura não vem nos livros, nem nos cursos, nem nas salas de conferências, espectáculos, exposições com uísque ou a seco. A cultura é um problema que tem que ver com os nossos cromossomas e tem a dimensão secreta, oculta, privada, íntima, de uma vivência sagrada.

Vergílio Ferreira, in 'Conta-Corrente 3'


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domingo, janeiro 08, 2012

NOITE DE CINEMA

Hoje deixo-vos ficar com um filme de 1953 que me fez recuar a memórias de outros tempos e de outros filmes.

sexta-feira, janeiro 06, 2012

OS “ESPERTOS” E A CONSTITUIÇÃO

Quando está mais do que claro para todos, especialista e leigos, que os cortes dos subsídios de férias e de Natal dos funcionários públicos e dos pensionistas são inconstitucionais, eis que aparecem uns chicos espertos a tentar criar umas entorses para satisfazer o governo.

Não é de admirar que apareça agora um jornal (Diário Económico) a colocar um título dizendo “Função Pública sem subsídios mesmo que corte seja inconstitucional”. Curiosamente citam um constitucionalista para fundamentar semelhante barbaridade.

A citação do artigo 282º nº4 de onde destacam “a segurança jurídica, razões de equidade ou interesse público de excepcional relevo, que deverá ser fundamentado, o exigirem”, e a possibilidade de o Tribunal Constitucional vir a não dar efeitos retroactivos à decisão de inconstitucionalidade com a fundamentação do interesse público por ficar impedido de cumprir os compromissos assumidos, são argumentos muito pobres e mirabolantes.

Desde a 1ª hora o governo foi avisado da inconstitucionalidade desta medida que só pode ser classificada de confisco, por isso teve muito tempo para encontrar alternativas. Não o fez apesar de ter sido avisado da falta de equidade da medida e estar a violar um compromisso estabelecido com os funcionários públicos e com os pensionistas, tornando esta medida selectiva e discriminatória, o que é constitucionalmente iníquo.

Se existir Justiça neste país, os cortes serão considerados inconstitucionais, mas se pelo contrário essa não for a decisão do TC, então pode dizer-se que a Constituição está morta e enterrada e o TC não tem razão de existir.


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quinta-feira, janeiro 05, 2012

A INIQUIDADE FISCAL

A propósito do caso da deslocalização fiscal da Jerónimo Martins, para a Holanda, foi muito interessante ouvir os comentários dos nossos especialistas e comentadores ouvidos pela comunicação social que temos.

Todos percebemos que a deslocalização fiscal desta empresa visa claramente poupar dinheiro com os impostos. Quem pudesse ter dúvidas sobre as intenções, penso que ficou esclarecido com o profuso rol de argumentos ouvido.

O que é revoltante, para mim, é que quase todos os comentadores dizem que é devido aos altos impostos praticados em Portugal, que as holdings empresariais nacionais fogem para o estrangeiro procurando regimes fiscais mais favoráveis.

Se os impostos são demasiado altos em Portugal, porque é que os mesmos comentadores não o dizem também sobre os impostos que são cobrados aos trabalhadores por conta de outrem, aos reformados e às pequenas empresas? Porque é que percebem e até apoiam os aumentos de impostos sobre os mais “pequenos” e são tão compreensivos para com os mais poderosos?

Depois da saúde para pobres, do arrendamento para pobres, agora temos a justiça fiscal para pobres, que são todos aqueles que não têm as benesses instituídas para as holdings, nem podem fugir com os seus rendimentos para países com fiscalidades mais amigas.

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terça-feira, janeiro 03, 2012

ALIANÇA DE INICIAIS

Há alguns dias atrás ouvi algumas pessoas a dizer que não percebiam como é que Passos Coelho podia pensar em privatizar o que o Estado ainda tinha de participação no capital da EDP, vendendo a uma empresa detida pelo governo chinês.

Não encontrei nenhuma resposta lógica ou coerente, do ponto de vista do interesse nacional ou mesmo político, mas ao tentar conseguir um "boneco" para para ilustrar a dita privatização, descobri uma afinidade entre Coelho e a República Popular da China: as iniciais. Falta a República, dizem-me vocês, mas lembrem-se que já nem o 5 de Outubro é feriado.

segunda-feira, janeiro 02, 2012

PORTUGAL VERSUS DINAMARCA

Acabei o ano de 2011 lendo umas comparações entre o que se passa em Portugal e na Dinamarca, país de onde vem o senhor Poul Thomsen, representante do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Em todos os aspectos analisados, mercado laboral, arrendamento, carga fiscal, e saúde, é fácil para qualquer leitor constatar, mesmo que desconhecendo a realidade no terreno, que a balança pende claramente para o lado da Dinamarca e dos dinamarqueses.

Quando a troika e o senhor Blue Eyes fala da liberalização do mercado laboral, nunca temos um governante português a contrapor com a protecção social dos desempregados. Ao falar do arrendamento e das medidas para a sua liberalização, não se refere o nível de rendimentos do arrendatário nem a ajuda estatal, porque não é conveniente.

Quanto à carga fiscal, que até é semelhante na sua globalidade, nunca se diz que os direitos sociais na Dinamarca são muito superiores aos que alguma vez tivemos por cá, mesmo antes da crise.

No campo da Saúde, e mesmo da Justiça, que são fulcrais nas medidas exigidas pela troika, omite-se que o acesso à saúde é grátis e o meso acontece na justiça, onde as custas só são aplicadas aos que prevaricam, ainda que em todo o processo a igualdade de meios esteja garantida.

Mr. Blue Eyes nunca é confrontado com a realidade do seu país ou por ignorância dos nossos negociadores ou por pura incompetência dos nossos governantes, que não sabem defender os mais altos interesses dos portugueses. Seja qual for a realidade, isso em nada abona sobre a qualidade dos governantes portugueses.


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