sábado, outubro 30, 2010

RAPIDINHAS

A verdade – Com a campanha que foi orquestrada pelo governo e por alguns comentadores políticos e económicos, ficou a sensação de que os funcionários públicos auferiam, no geral, chorudos salários de vários milhares de euros, e sem fazer nada. Afinal só 48% auferem mais do que 1.500 euros, isto apesar da percentagem de funcionários com habilitações superiores ser ainda maior do que os tais 48%. Demorou, mas lá veio alguma verdade ao conhecimento público.

O acordo – O acordo PS-PSD que se tinha transformado num folhetim informativo e num circo político e mediático com consequências graves para a economia do país, terminou. O Zé já tinha previsto que os dois partidos do centrão iam aprovar o OE de 2011, por muito que levantassem escolhos à sua aprovação, pretendendo assim demonstrar que eram menos iguais do que todos julgamos. Aí está.



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quinta-feira, outubro 28, 2010

PREOCUPAÇÕES SOCIAIS

Este é sem dúvida nenhuma um dos temas que mais devia preocupar a sociedade em geral, especialmente porque estamos a atravessar tempos muito difíceis, em que a miséria e o desemprego crescem, e a economia fraqueja.

Se uns se preocupam com os problemas sociais e com a justa repartição da riqueza, outros dão mais importância ao lucro pessoal, fechando os olhos à triste realidade que nos rodeia.

Porque já me colaram diversas designações, que por acaso não partilho, mas porque acredito num mundo mais justo mesmo que longe da (inalcançável) perfeição, fico irritado com a insensibilidade de quem devia ter especiais responsabilidades.

Governantes, economistas e empresários são os grandes responsáveis pelo poder decisório, e é com muita revolta que os ouço concluir que os “empresários só querem descontar 3% para a Segurança Social”, em vez dos 23,75% actuais.

Quem pretende diminuir os custos do factor trabalho destruindo a Segurança Social, só pode estar a preparar o país para ter uma legião de desempregados a mendigar um emprego a troco de um prato de sopa. Daqui à escravatura vai um passo, que a nossa sociedade já deu em sentido contrário há séculos. Tenham vergonha!



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terça-feira, outubro 26, 2010

GREGÓRIO DE MATOS

À MARGEM DE UMA FONTE QUE CORRIA...

A uma dama dormindo junto a uma fonte.

À margem de uma fonte, que corria,
Lira doce dos pássaros cantores
A bela ocasião das minhas dores
Dormindo estava ao despertar do dia.

Mas como dorme Sílvia, não vestia
O céu seus horizontes de mil cores;
Dominava o silêncio entre as flores,
Calava o mar, e rio não se ouvia,

Não dão o parabém à nova Aurora
Flores canoras, pássaros fragrantes,
Nem seu âmbar respira a rica Flora.

Porém abrindo Sílvia os dois diamantes,
Tudo a Sílvia festeja, tudo adora
Aves cheirosas, flores ressonantes.


PINTURA AFRICANA


domingo, outubro 24, 2010

NÃO ME CONVENCEM

A campanha eleitoral para a Presidência da República já está na rua, ainda que oficialmente nem tenha começado, e mesmo que um dos candidatos ainda nem sequer tenha formalizado a sua intenção de candidatura.

Estamos em Portugal e nada disto é de admirar, como também não é de estranhar que as apostas se centrem em dois pré-candidatos, por sinal apoiados pelos maiores partidos e, estranhamente um deles, apoiado também pelo Bloco de Esquerda. Não sei se o CDS apoia Cavaco ou não, mas sabe-se que o PCP tem candidato próprio.

O que me interessa hoje é registar as opiniões dos dois mais cotados candidatos à presidência, que por sinal eu julgo serem muito iguais, ou pelo menos muito espartilhados pelos apoios partidários que têm.

Não vou escalpelizar as declarações de cada um, mas deixo-vos apenas uma citação de Cavaco e outra de Alegre, por essa ordem. “Não sei se há alguém em Portugal que goste deste Orçamento”, diz Cavaco Silva, e acrescenta Manuel Alegre “este é um orçamento que me custa e acho que vai custar a todos os portugueses…”. Não sei se encontram diferenças substâncias, mas aceito explicações, se as tiverem.



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Mafra by Palaciano

TIRAS
By Gilmar

sexta-feira, outubro 22, 2010

PREOCUPAÇÕES SOCIAIS

Uma boa parte dos cortes anunciados na despesa pública advém dos sacrifícios impostos aos funcionários públicos, e goste-se ou não, os empregados no sector privado e o patronato ficou feliz com o facto.

À primeira vista até se podia julgar que o mau estado da nossa economia está directamente ligado ao nível de salários praticados na função pública, e nada mais. Confundir os salários do trabalhador que foi admitido por concurso e que progride na carreira com a normalidade estabelecida legalmente, com o quadro que é nomeado por via da confiança política e que só presta contas perante o superior hierárquico, que é um qualquer político conhecido, é de um simplismo patético.

Considerando que com a diminuição dos salários na FP também os descontos serão menores, para IRS e para a Segurança Social, não admira que isso já esteja previsto na colecta de impostos, e aqui a relação é directa.

Lamentavelmente é no sector privado, o tal que é virtuoso e o único que produz, na voz de muito boa gente, que mais se escapa aos impostos. Eu sei que é assim, e todos o sabem também, mas não gostaria de generalizar, porque é feio. Para elucidar os que agora devem estar zangados comigo, aconselho a leitura das declarações do Presidente da CIP, que sem entrar em detalhes, “diz que é possível reduzir custo dos salários”. É muito edificante.



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Fotografia - Ruína
Escada decrépita


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Humor Variado
Que rico par

A Lenda

OLHA O BELMIRO!

Belmiro de Azevedo, o empresário, critica “luta entre partidos”. Não quero tomar esta frase literalmente porque seria injusto, mas ficou no ar uma dúvida sobre o significado de Democracia, na sua óptica.

Qual brilhante economista, sem o ser, tem muitas dúvidas sobre as previsões do crescimento previsto pelo Governo, mas nós sabemos que pretende dar uma ajudinha a Sócrates.

Já sei que me vão dizer que não são os melhores amigos, mas convenhamos que até chegam a acordo uma vez por outra. Lembram-se das penalizações para os contratos a termo? Pois não existem para os próximos anos. E que tal lembrar a alteração dos horários dos hipermercados? Começam já no próximo domingo.

Belmiro e Sócrates pensam de modo muito diferente? Talvez, mas nem sempre!



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quarta-feira, outubro 20, 2010

O CATEDRÁTICO

Meninos: um catedrático,
sentindo-se paralítico,
atacado de reumático,
mandou chamar farmacêutica
que desse remédio prático
usado na terapêutica,
que lhe curasse o reumático.

Ora ela era epiléptica
e de figura fantástica,
magrinha como uma éctica
e bem pouco entusiástica.

Chegou a mulher esquelética,
cansada, porque era asmática
e logo perdeu a estética,
constrangida, sorumbática,
ao ver a figura exótica
da tal pessoa reumática,
ficando então tão caótica,
que se movia automática.

Brada o pobre catedrático,
quase em estado cataléptico:
- Cure depressa o reumático,
mesmo com ácido acético!

Ante um dizer tão asnático,
ainda que fosse piadético,
teve ela um ataque asmático,
seguido de outro epiléptico.

E ele que não era céptico,
não ficou na cama estático:
levantou-se, então, frenético
e lá se foi o reumático!

Poema atribuido a Nicolau Tolentino

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By Palaciano


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segunda-feira, outubro 18, 2010

MINISTRO E ECONOMISTA

A minha descrença sistemática nas previsões dos economistas cá do pedaço, é conhecida e assumida por mim sem qualquer problema. Sei que são muito respeitados por alguns, e requisitados por outros, sempre para se pronunciarem sobre a situação do país, mas invariavelmente dizem apenas banalidades que qualquer outro cidadão podia também dizer.

O ministro Teixeira dos Santos é um reputado economista, ou pelo menos é assim que os seus pares o consideram, mas apenas em Portugal, porque consta que já foi considerado o pior ministro das Finanças da União Europeia, ainda que possa ter sido apenas a má língua a funcionar.

Eu não tenho nenhum apreço por Teixeira dos Santos, nem o considero um bom ministro das Finanças, mas tenho cá os meus motivos.

Confrontado pelos jornalistas do DN, com as contas feitas pela Deloitte e por outras consultoras, o senhor ministro lá admitiu que a média que se paga do IRS anda na ordem dos 11%, ainda que a estrutura do imposto tenha taxas de 10%, 20% e 40% para os diversos níveis de rendimentos. O que Teixeira dos Santos não nos explica é porque é que assim acontece.

Não basta a um economista que até é o titular da pasta das Finanças, dizer que “há aqui algo de profundamente errado no sistema fiscal, em particular da tributação do rendimento”, porque o que lhe compete, na posição que ocupa, é precisamente corrigir esta injustiça.

Lamento dizer que não só acho o senhor ministro incapaz de desempenhar a contento a sua função, como ainda acho que neste pacote de medidas que pretende introduzir via OE, está a praticar conscientemente uma enorme injustiça, não merecendo por isso nem confiança nem respeito por parte deste contribuinte.



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sábado, outubro 16, 2010

É PRECISO TER MUITA LATA

O último debate na Assembleia da República foi muito mau, e politiqueiro, e perante os cortes já anunciados para o novo Orçamento de Estado, não se notou grande preocupação por parte dos deputados ou dos membros do Governo.

Atacando-se uns aos outros, destilando ódios e rivalidades partidárias, esqueceram-se os senhores políticos, que se dizem representantes do povo, de que estão ali para defenderem os interesses dos portugueses.

O que mais me irrita é apelarem ao sentido de responsabilidade, uma e outra vez, quando eles próprios são os responsáveis pela mísera situação em que nos encontramos. Depois de 14 anos com a economia portuguesa a divergir da economia europeia, será que ainda há dúvidas quanto à identidade dos responsáveis?

É preciso muita mesmo, para se falar em responsabilidade e continuarem agarrados aos lugares que desempenharam tão mal, já para não falar na gestão danosa dos dinheiros públicos. Se houvesse responsabilidade na política estes senhores, no mínimo, já se tinham demitido.

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quinta-feira, outubro 14, 2010

AS PALAVRAS

São como um cristal,

as palavras.

Algumas, um punhal,

um incêndio.

Outras,

orvalho apenas.


Secretas vêm, cheias de memória.

Inseguras navegam:

barcos ou beijos,

as águas estremecem.


Desamparadas, inocentes,

leves.

Tecidas são de luz

e são a noite.

E mesmo pálidas

verdes paraísos lembram ainda.


Quem as escuta? Quem

as recolhe, assim,

cruéis, desfeitas,

nas suas conchas puras?


Eugénio de Andrade



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Praça do Município - Beira

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terça-feira, outubro 12, 2010

O FEITIÇO E O FEITICEIRO

Por vezes o feitiço vira-se contra o feiticeiro, diz o povo na sua infinita sabedoria. Este ditado aplica-se na íntegra ao presidente da CIP que enquanto representante do patronato disse que “comprar barato pode sair caro”.

António Saraiva teceu tão sábio comentário usando como exemplo as torneiras feitas na Ásia (?), e acabou por dizer que com a subida do IVA haverá uma quebra no consumo e um maior recurso aos produtos de marca branca.

O presidente da CIP está preocupado com a baixa do consumo e com a preferência pelos produtos mais baratos, mas é um defensor dos baixos salários e do não aumento do salário mínimo para os 500 euros.

Continuando a citar provérbios populares, não se pode querer sol na eira e chuva no nabal, e mudando de idioma if you pay peanuts, you get monkeys.



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Qta da Regaleira por Palaciano

Qta da Regaleira por Palaciano

segunda-feira, outubro 11, 2010

ADAPTABILIDADE

Uma das razões do sucesso dos humanos enquanto espécie dominante foi o seu grande poder de adaptação aliado à inteligência. O tamanho, a força e as suas armas (no sentido físico) não suplantam as de muitas outras espécies que partilham connosco a Terra.

A adaptabilidade do ser humano é fantástica, e verifica-se em muitas áreas, não só nas que nos diferenciam das outras espécies, mas também no que nos diferencia uns dos outros.

Não me interessa aprofundar muito o poder de adaptação, mas tão só registar algo em que reparei um destes dias e que deita por terra muitas teorias dos nossos gestores e economistas. Nós somos muito versáteis e sabemos adaptar-nos sempre que necessário.

Passeava eu pelo Rossio, em Lisboa, numa manhã que nasceu solarenga e fui abordado por quatro ou cinco indivíduos que me tentavam impingir óculos de sol de marca, provavelmente contrafeitos, o que recusei seguindo para a minha vida. Ao meio da tarde, já depois de ter tratado do que me levara à baixa de Lisboa, passei outra vez pelo Rossio, e na altura começara a chover. Espanto meu, os tais indivíduos dos óculos, apressaram-se a guardá-los e tiraram dos sacos que carregavam uns chapéus-de-chuva e começaram a apregoar os ditos a plenos pulmões, e não foram poucos os transeuntes que se aproximaram e compraram os úteis adereços.

Quem disse que não sabemos adaptar-nos às situações?



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Flowers by Palaciano

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Poupanças

sábado, outubro 09, 2010

EXEMPLO VERGONHOSO

A acumulação de salários e pensões do Estado afinal vão continuar a ser consentidas aos que já as auferem, e as medidas agora anunciadas pelo executivo socialista só se vão aplicar para o futuro.

Primeiro julguei que estava a ouvir mal, mas depois pude confirmar a notícia na internet. O que ontem à noite tinha sido dito era que a proibição iria abranger todos os que acumulavam pensões e salários, contudo o ministro das Finanças vem hoje recuar e, alegando motivos legais e de carácter constitucional, deu o dito por não dito.

Não consigo perceber quais são os motivos legais e constitucionais invocados, mas recordo que noutras matérias como seja a alteração das regras das reformas da função pública ou dos cortes nos salários, nunca ouvi o senhor ministro preocupado com os direitos adquiridos, ou com a retroactividade das medidas.

Termino dizendo que é vergonhoso que tenhamos políticos no activo que acumulam salários e pensões, e outros que deixaram a política mas que também as acumulam. Se houvesse vergonha, teríamos notícia de pessoas que renunciavam à acumulação que agora se verifica.



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Qta da Regaleira by Palaciano


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Muito Mentiroso...

sexta-feira, outubro 08, 2010

SONETO DE JOSÉ RÉGIO

Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.

Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.

E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,

Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.




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Conhecem?

quinta-feira, outubro 07, 2010

OPÇÕES E ESTILOS

Olhando simplesmente para carros podemos ver duas tendências de consumo bem aproveitadas pelos construtores mais atentos, os económicos e os que de algum modo dão ideia do status do proprietário.

Para encaixar numa destas categorias de carros temos que abdicar de certos predicados, pois se queremos mostrar poder temos também de aumentar os custos, pelo contrário se optarmos pela economia, podemos cortar nos custos só que nunca descurando a funcionalidade e uma certa elegância.

No estilo de vida de cada um também há opções a tomar, assim estejamos em condições de as poder tomar, o que cada vez mais se torna difícil para o cidadão comum.

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By Palaciano

By Palaciano


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terça-feira, outubro 05, 2010

LAUREADOS

Podia ter vindo aqui falar do Nobel da Medicina que será entregue ao “pai” da fecundação in vitro e da incomodidade da igreja católica com esta escolha, mas disso falarão outros.

Escolho os prémios IgNobel, que pretendem antes de mais fazer rir as pessoas e depois fazê-las pensar.

Na categoria Biologia quem arrecadou o prémio foram Gareth Jones da Universidade de Bristol e Min Tan do Instituto Entomológico de Guangdong, pelo estudo que mostra que animais adultos, além do homem, que praticam sexo oral: o morcego.

Na categoria da Engenharia o helicóptero telecomandado usado pela Sociedade Zoológica de Londres para recolher muco de baleias, usado no estudo de doenças respiratórias do grande cetáceo, foi o premiado.

Estes prémios que nos fazem rir destas experiências bizarras, são levados a sério por muita gente, incluindo alguns laureados com o Nobel, que fizeram questão em estar presentes na cerimónia. Confesso que esperava encontrar lá alguns “tugas”, responsáveis por algumas bizarrias que por cá se praticam, mas a academia ainda não tem representação em Portugal.



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Palácio Nacional de Sintra By Palaciano

Qta da Regaleira By Palaciano

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domingo, outubro 03, 2010

RECORDAR

Desde que se cumpram certas cerimónias ou se respeitem certas fórmulas, consegue-se ser ladrão e escrupulosamente honesto - tudo ao mesmo tempo. A honradez deste homem assenta sobre uma primitiva infâmia. O interesse e a religião, a ganância e o escrúpulo, a honra e o interesse, podem viver na mesma casa, separados por tabiques. Agora é a vez da honra - agora é a vez do dinheiro - agora é a vez da religião. Tudo se acomoda, outras coisas heterogéneas se acomodam ainda. Com um bocado de jeito arranja-se-lhes sempre lugar nas almas bem formadas.

Húmus

Raúl Brandão

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