quinta-feira, abril 29, 2010

A HIPOCRISIA DESTA EUROPA

A União Europeia respondeu, com toda a celeridade, no passado recente, aos problemas sentidos pela banca em resultado da crise do imobiliário e da especulação sem regulação. A pronta resposta dos governos em socorro do sector financeiro, o mesmo que de certo modo causou a crise, foi justificada pelo perigo do risco sistémico que podia advir da falência dessas instituições.

A crise continuou até hoje, mudando apenas os seus contornos e as entidades em risco. A especulação desequilibrou os mercados, os défices escondidos tornaram-se públicos, as responsabilidades da crise financeira causada pelas entidades privadas foi assumida pelos Estados, que recorrendo ao crédito para as ajudas e para compensar a falta de investimento ficaram por sua vez em maus lençóis.

Os dinheiros públicos foram a salvação do mercado financeiro, obrigando ao aperto do cinto do contribuinte, e agora vem aí um maior aperto do cinto para socorrer o país, endividado e perto da banca rota.

Onde está a Europa solidária, que demora uma eternidade em encontrar um acordo na ajuda à Grécia e à Islândia, deixando que a especulação atinja agora Portugal, ameaça a Espanha e a Irlanda? A falência dos bancos podia causar um risco sistémico, já a falência dos países é encarada com mais indiferença.

Esta Europa que me impuseram nunca me agradou.



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The One Who Got Away de Julie Mavros

Your Move porJulie Mavros

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Marcin Bondarowicz

Fredy Villamil

terça-feira, abril 27, 2010

É SÓ SAÚDE

Notícias chegadas dos Estados Unidos relacionam a depressão ao consumo de chocolate. Segundo os especialistas americanos e de acordo com um estudo publicado, as pessoas depressivas consomem, em média, mais 55% do que as outras.

Em geral diz-se que o chocolate alegra a nossa disposição, mas o mais difícil era confirmar cientificamente esta relação, que agora ficou mais evidente, quer falemos de homens ou de mulheres.

Noutras paragens a preocupação com a hipertensão, que afecta um em cada quatro brasileiros, levou o ministro da Saúde do Brasil a deixar a recomendação de combater a doença com o recurso ao “sexo cinco vezes ao dia”.

O sexo foi referido como um excelente exercício físico, como se pode constatar na seguinte frase: «Além de comer cinco peças de fruta por dia, recomendaria fazer sexo cinco vezes ao dia. Dancem, façam sexo, percam peso!».

Os investigadores norte-americanos confirmaram o que já se dizia sem certezas, mas o ministro brasileiro confirmou o que poucos sabíamos, que é natural deste lado do Atlântico, mais concretamente de Monção.

Façam o que puderem para manter uma saúde de ferro.



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Andrey59

Andrey59

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DEPOIS DE ABRIL

Ouvi com alguma atenção os discursos por ocasião do 25 de Abril e, na generalidade, os discursos não me surpreenderam de todo. O único discurso que me deixou algumas questões foi o de Cavaco Silva, e apenas em parte.

O falhanço na área social, que não é exclusivo deste governo mas sim um acumular de erros dos diversos governos dos últimos anos. Invocar esta causa é politicamente correcto, mas conhecendo-se a ideologia e o pensamento dos partidos políticos, pode soar a oco todo o discurso que se ouviu.

As desigualdades existentes, e vergonhosas, mostram o falhanço dos modelos impostos. Relembremos que o discurso do sucesso vem dos tempos da governação de Cavaco Silva, e a única mudança verificada até hoje foi mudar a palavra e passar a pronunciar “mérito” em vez de “sucesso”.

O neoliberalismo que tem vindo a criar raízes no poder político acentuou as desigualdades salariais, e portanto o discurso lamechas com preocupações sociais que sai das bocas de quem detém o poder soa a falso, como a falso soam certas citações, absolutamente a despropósito, de personalidades que nunca dariam o seu aval a um capitalismo sem freio que se vai instalando.

Podem fazer-se discursos politicamente correctos, mas a prática é que pode definir a sinceridade das palavras, e aí…



PINTURA
Autumn Cannibalism, 1936

Suburbs of a Paranoiac-Critical Town: Afternoon on the Outskirts of European History, 1936

Sun Table, 1936


CARICATURA
Chaplin by Andre Padua

Keith Richards by Sidnei Marques

domingo, abril 25, 2010

25 DE ABRIL DE 2010



Porque a Liberdade não se esgota em cerimónias ou comemorações oficiais, o que importa é difundir as razões que levaram ao 25 de Abril de 1974, e o que falta ainda conseguir para que se cumpra integralmente o espírito libertário despoletado pela revolução.

sexta-feira, abril 23, 2010

AS VIAGENS DE INÊS

O Parlamento aprovou o pagamento das viagens da deputada Inês de Medeiros, assunto que tem andado nas bocas do mundo e nas páginas dos jornais. Não posso dizer que tenha sido surpreendido com esta decisão, mas continuo a achar que foi uma má decisão.

Os deputados são eleitos por círculos, e a deputada em causa foi eleita pelo círculo de Lisboa, pelo que é incompreensível que as viagens sejam da responsabilidade do Parlamento. Esta excepção admitida para a deputada Inês de Medeiros pode levar a extremos caricatos.

Creio que em Lisboa o PS podia ter encontrado um candidato que residisse nesse círculo, porque a partir de agora fica em aberto a possibilidade de surgir na lista de Leiria (ou de qualquer outro círculo) um residente na Austrália.

FOTOGRAFIA
Day 071 by NJMPhotography

CARICATURA
Por Baptistão

Por Baptistão

quinta-feira, abril 22, 2010

DIA DA TERRA

Há um site oficial, em língua inglesa, que é bastante completo e que partilho com os que por aqui passam. Para aceder clique na imagem.

terça-feira, abril 20, 2010

A ISENÇÃO

Os políticos nacionais conseguem fazer-nos rir com doses de imaginação que são simplesmente fantásticas. O protagonista da afirmação mais fantástica desta semana, é sem qualquer dúvida, o deputado socialista Ricardo Rodrigues.

Como é público está em funções uma Comissão Parlamentar de Inquérito, para analisar a alegada intervenção do Governo no negócio da compra da TVI pela Portugal Telecom. A referida comissão tem como relator o deputado do BE, João Semedo, que em declarações ao Público afirmou estar convencido de que houve intervenção do Governo no negócio da TVI.

O deputado Ricardo Rodrigues criticou as afirmações de João Semedo, e pediu que ele desmentisse o que disse ao Público, ou então ficaria a suspeita de falta de isenção.

Apetece-me perguntar se o senhor deputado Ricardo Rodrigues pensa que alguém acredita que ele próprio seja isento nesta matéria, mesmo antes de ter emitido esta opinião sobre o deputado João Semedo.

Isenção fantástica, a do deputado Ricardo Rodrigues!



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sexta-feira, abril 16, 2010

A CULTURA PARA TOTÓS

Os nossos ministros da Cultura têm tido uma actuação interessante e opiniões que nos surpreendem pelo exotismo e clarividência demonstrados.

Há poucos anos ainda ouvia-se da boca da ex-ministra Isabel Pires de Lima, o projecto do Museu da Língua à semelhança do que a senhora terá visto no Brasil. O local da sua implantação foi apontado para o antigo espaço ocupado pelo Museu de Arte Popular.

À medida que mudam os ministros mudam também os projectos, as designações dos projectos e até as localizações. O Museu da Língua foi esquecido, passou a ser designado por Museu das Descobertas e globalização, ao tempo de Pinto Ribeiro, e agora fala-se no Museu da Viagem, uma ideia da ministra Gabriela Canavilhas.

É interessante constatar a coerência de pensamento dos membros do governo, por sinal sempre com o mesmo 1º ministro, em assuntos que envolvem muito dinheiro, espécie que neste ministério é mais do que escasso.

Somos muitos os que pensamos que estas fugas em frente servem apenas para desviar as atenções da intenção de mudar de lugar o Museu Nacional de Arqueologia e o Museu Nacional dos Coches, o que vai custar uma pipa de massa e que era perfeitamente dispensável nestes tempos de vacas magras. Talvez fosse mais sensato dar maior atenção à manutenção do nosso Património e deixar para mais tarde os sonhos de grandeza que não podemos custear.

Museu da Viagem ficará nos Jerónimos onde está o de Arqueologia


PICASSO





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quarta-feira, abril 14, 2010

O PECADO E AS DESCULPAS

A pedofilia está a manchar a imagem da igreja católica, e não apenas pela denúncia de diversos casos nos últimos tempos, mas também pelo encobrimento destes casos por parte da hierarquia da igreja.

Passando do pecado para os pecadilhos, ficámos a saber que o apoio de Luís Figo a José Sócrates foi comprado, com dinheiros de uma empresa de capitais públicos, a Taguspark.

Os dois casos são da esfera criminal, e igualmente condenáveis, mas têm em comum o facto de terem defraudado a confiança de quem ainda acreditava em pessoas que deviam estar fora da lista dos suspeitos.

Luís Figo teve uma carreira desportiva digna de admiração, e certamente não tinha necessidade nenhuma de se envolver nesta trapalhada, mesmo alegando que não sabia que a empresa era de capitais públicos.

A igreja devia ter condenado os pedófilos, entregando-os logo à justiça dos homens, em vez de os proteger. É caricato ouvir-se da voz de altos dignitários da igreja a tentativa de ligar a pedofilia à homossexualidade, como se uma coisa derivasse da outra.

Creio que as desculpas em ambos os casos são completamente disparatadas, e que só lhes ficava bem reconhecerem que erraram e aceitarem o castigo que eventualmente a justiça lhes possa cobrar.



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Pat Bagley


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Devil F. by Palaciano

My garden by Palaciano

domingo, abril 11, 2010

TODOS IGUAIS

O PS atacou ferozmente os funcionários públicos, com aumentos abaixo da inflação, congelamentos de salários e de progressões profissionais, para não falar das avaliações que apenas premeiam os amigos e as elites, considerando todos os outros como meros figurantes dum jogo viciado.

O PSD, por hora ainda na oposição, já começou a delinear uma estratégia que também passa pelo ataque aos funcionários públicos, agora dizendo que o corte de salários é “inevitável”. Miguel Frasquilho foi o arauto desta “novidade”, a que acrescentou um pormenor risível, ao pedir que os políticos sejam incluídos nesta medida como “exemplo”.

O anedotário nacional ficará mais rico com este anúncio, e estou certo que o futuro de M. F. será risonho, atendendo à qualidade da política que defende e que pelos vistos tem o aval do seu partido, o PSD.

Fonte





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By Palaciano

By Palaciano


TIRA DO RODRIGO
Clique na imagem para aumentar
Dr. Mouse por Rodrigo

quarta-feira, abril 07, 2010

RAPIDINHAS

Toques de magia - Desta vez desapareceram documentos do negócio dos submarinos, por coincidência quando o caso voltou à ribalta devido a investigações alemãs. Há coincidências a mais sempre que se conhecem casos que envolvem políticos que estão, ou estiveram no poder. Os nossos dinheiros são gastos em negócios mais do que duvidosos, mas as investigações e processos judiciais acabam sempre em águas de bacalhau, precisamente quando os montantes são muito altos.

Explicações para quê? – Acabei de ler que Mexia justificou a sua remuneração milionária. Sem duvidar da competência deste senhor, julgo ser impossível aceitar que os objectivos alcançados e ultrapassados na EDP, sejam da responsabilidade exclusiva de uma só pessoa. É preciso ser-se mais do que convencido, para alguém se arrogar de ter superado os seus objectivos numa empresa desta envergadura a solo, e ao mesmo tempo ter aumentado as dívidas à banca, transformando a EDP na empresa nacional que mais deve ao estrangeiro. Mexia ficou no 3º lugar nas maiores remunerações das companhias energéticas da Europa, quando o país e a rendibilidade da empresa ficam muito, mas mesmo muito, abaixo da concorrência europeia.



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By Palaciano


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Fruta por Nobert Van Yperzeele

Junião

segunda-feira, abril 05, 2010

SUBMARINOS AO FUNDO

Portugal mergulhou o mais fundo que possamos imaginar, não pelas dificuldades económicas, mas sim pela falta de credibilidade da sua classe dirigente.

O incrível acontece quando menos se espera, já se tiram cursos aos domingos, aldraba-se a qualquer hora e em qualquer lugar, arranjam-se amigos para conversas telefónicas privadas sobre grandes negócios. Os negócios envolvem sempre grandes escritórios de advogados, uma instituição bancária, vários especialistas em pareceres e aconselhamento, e muito, muito dinheiro dos contribuintes.

Corrupção é palavra que não se pode pronunciar. A cabala está na moda, bem como as campanhas negras e o jornalismo de buraco de fechadura.

Para aprofundar bem esta bandalheira toda, que tal uns submarinos alemães, apimentados por umas madrinhas veneráveis e umas luvas branquinhas, bem a condizer com as fardas dos marinheiros? As cores aqui são indiferentes, neste cenário bem negro das profundezas.



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By Palaciano

By Palaciano


CARICATURA
Turcios

Dalcio