terça-feira, abril 07, 2009

UM SONETO DE ANTÓNIO NOBRE

Ó virgens que passai, ao Sol-poente,
Pelas estradas ermas, a cantar!
Eu quero ouvir uma canção ardente,
Que me transporte ao meu perdido Lar.

Cantai-me, nessa voz omnipotente,
O Sol que tomba, aureolando o Mar,
A fartura da seara reluzente,
O vinho, a Graça, a formosura, o luar!

Cantai! Cantai as límpidas cantigas!
Das ruína do meu lar desaterrai
Todas aquelas ilusões antigas

Que eu vi morrer num sonho, como um ai...
Ó suaves e frescas raparigas,
Adormecei-me nessa voz... Cantai!

António Nobre



*** * ***
PINTURA
Sur un air de printemps by maroe

Chapel by WillBlairArt

*** * ***
CARICATURA
William Medeiros

Bira

7 comentários:

o escriba disse...

Foi bom reler António Nobre!
Gostei das aguarelas e muito das caricaturas.

Um abraço
Esperança

alex disse...

Amigo Zé
como vou para a cama com o coração mais quentinho por reler António Nobre ao som de Elvis.
A pintura está divinal e a foto também. Caricaturas sou fã
uma boa noite

Anónimo disse...

Um belo e doce soneto.
Lindas aguarelas.
As caricaturas,perfeitas.

cumps

Laurentina disse...

Um doce poema para acalmar as nossas raivas...
Páscoa Feliz Zé para ti e para os teus.
Beijão grande

Meg disse...

Zé,

Há muito tempo que não lia António Nobre, o poeta de quem Fernando Pessoa dizia...
"Ele foi o primeiro a pôr em europeu este sentimento português das almas e das coisas, que tem pena de que umas não sejam corpos, para lhes poder fazer festas, e de que outras não sejam gente, para poder falar com elas".

Um abraço

Anónimo disse...

Poesia e caricaturas muito interessantes, ainda que o que nos rodeia esteja em desacordo com o que aqui se vê.
Lol

AnarKa

Anónimo disse...

A poesia que tão arredada tem andado das tuas escolhas, penso que por opção, condizem bem com as escolhas das imagens que pontuam por aqui.
Bjos da Sílvia