sábado, novembro 29, 2008

A SEMANA EM REVISTA

O meu último post tinha abordado a questão da possível cedência de Património a privados, conforme uma proposta de lei que esteve em discussão pública. Não será algo que mobilize, pelo menos por enquanto muitos portugueses, e por isso resolvi "botar" hoje aqui uma imagem do meu amigo Goraz, que faz humor à custa de uma brochura editada por uma conhecida imobiliária.

O Orçamento de Estado para 2009 foi aprovado apenas com os votos do PS, como se esperava. Atendendo a que a oposição, e aqui o Zé, votam desfavoravelmente o tal orçamento, rosadinho como se calcula, as flores deste post vão em azul, para demonstrar o meu desagrado.

Como parece que quase tudo corre mal aos portugueses, não podia de deixar também umas imagens, do melhor que se faz aqui em Portugal, sobre a nossa infinita capacidade de sofrer, neste caso no futebol.

A todos desejo um bom fim-de-semana.

Abraço do Zé



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FOTOGRAFIA
NeboSV

Alex Beresnev

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CARTOON
Obstáculo transposto por Henrique Monteiro

A Desgrécia benfiquista por Henrique Monteiro

quinta-feira, novembro 27, 2008

CONCESSIONAR O PATRIMÓNIO

Vai realizar-se nesta quinta-feira às 17 horas, na Torre de Belém um debate promovido pela Plataforma pelo Património Cultural, um debate em torno da proposta de lei do Regime Geral dos Bens de Domínio Público que se encontra em discussão pública até ao final do mês.

É intenção do Governo que os edifícios históricos, culturais ou religiosos, como igrejas, castelos ou fortalezas, ou outros possam vir a ser concessionados aos privados, que podem vir a pedir a sua desafectação do domínio público. Esta medida, diz-se, pretende rentabilizar o património, não impedindo que os imóveis tenham exploração comercial, tipo restaurantes, pontos de venda, unidades hoteleiras ou discotecas.

A princípio falava-se de bens abandonados ou em estado de abandono, mas com uma leitura mais atenta, é possível “encaixar” lá, tudo o que se queira sem qualquer dificuldade, e note-se que incluo intencionalmente (porque possível) os monumentos classificados como bens de interesse nacional que sejam propriedade do Estado.

Sem uma definição dos bens que não possam ser objecto desta proposta de lei, parece-me que estamos perante um atentado à Cultura e ao Património. Sei que há quem seja mais crédulo do que eu, e pense que nenhum Governo se atreveria a concessionar monumentos, palácios ou museus nacionais, mas podem crer que até nem é a primeira vez que se alvitra essa hipótese.

Dizer-se que há que rentabilizar o património que está ao abandono e não presta serviço público, é uma coisa e escancarar a porta às concessões indefinidas é outra. A única maneira de se garantir a salvaguarda e o usufruto do nosso Património histórico edificado, é balizar a lei, clarificando quais serão os que não podem ser abrangidos por esta lei, e isso duvido que o Governo esteja disposto a fazer.

Conheça a proposta de lei AQUI



FOTOGRAFIA
Horloge Orsay by MiyunixBillie

Nothe Dame by D173190

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R.J. Matson

R.J. Matson

Jeff Parker

terça-feira, novembro 25, 2008

POBREZA

Começamos a ler em jornais e a ouvir nas rádios e televisões, falar-se dos “novos pobres”que aumentam de número a cada dia que passa. As explicações sugeridas são muitas e nem sempre coincidentes, embora retratem alguns casos reais, mas quase nunca indo bem ao fundo da questão.

É muito comum falar-se do excesso de endividamento e da dificuldade, ou mesmo na impossibilidade de cumprir este tipo de compromissos. É verdade que muitas pessoas chegaram a situações deste tipo, mas o importante mesmo é saber-se das razões porque aqui chegaram.

Sem pretender entrar em críticas inúteis ou em polémicas fáceis, eu pergunto-me se o modelo adoptado para a concessão de créditos não terá ido longe demais, e não terá facilitado este excesso de dívidas, usando a máquina publicitária de uma forma exagerada “pintando” em cores demasiado garridas facilidades e deixando em letras miudinhas os encargos inerentes às obrigações? Verdadeiramente, o que se tem passado é que as instituições de crédito, com tanto facilitismo e publicidade, também não têm acautelado devidamente a sua posição, um pouco à imagem do que se passou noutros países com os créditos de alto risco.

Ao risco dos créditos fáceis junte-se o modelo de legislação laboral, onde a precariedade predomina, e onde a segurança no trabalho é cada vez menor, e temos criadas as situações mais propícias para o endividamento das famílias e para o incumprimento nos pagamentos.

O resultado destas situações é simplesmente desastroso, porque todos sabemos que não existe uma rede social com capacidade para atender a todos os casos, o que terá consequências a outros níveis, especialmente se a crise económica durar muito tempo, que é o que se desenha por agora.



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FOTOGRAFIA
Лебеди

Sergevic

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CARTOON

domingo, novembro 23, 2008

BOLAS, É DOMINGO!

Quando posso descansar um pouco, tento esquecer-me das notícias, mas basta ir ao café e trocar dois dedos de conversa com os amigos para começarmos a nos inteirar das últimas.

O maioral do BPN até há pouco tempo ficou detido na cadeia VIP, indiciado pela prática de sete crimes. Não sei porquê, mas lembrei-me logo do Vale e Azevedo e afivelei um sorriso cínico, para não ter de comentar a notícia.

O assunto da “nacionalização” do BPN também veio à baila, e logo alguém atirou com o caso mais recente, o do BPP, um banco que geria grandes fortunas e que estará necessitado de 750 milhões de euros para manter a actividade, isto já para não falar dos outros grandes bancos nacionais que também já anunciaram ir recorrer ao aval do Estado.

Ganda nóia! Então andavam por aí a dizer os senhores economistas e os grandes gestores que os problemas de competitividade do país residiam essencialmente na fraca produtividade e nos elevados custos da mão-de-obra nacional, e agora revela-se que os grandes problemas económicos afinal são devidos a más gestões, péssimos investimentos, abuso de especulação e péssima previsão dos resultados inerentes às práticas levadas a cabo.

O dinheiro que era escasso para remunerar o trabalho, afinal ia para a especulação, e agora que isso deu raia, recorre-se ao “chapéu” Estado para obter garantias e grandes injecções de capital, de modo a não ir tudo por água abaixo.

Se também neste campo se pudesse usar a avaliação do desempenho, qual seria o veredicto dos novos accionistas (todos nós), sobre a actuação do Banco de Portugal, o Ministério das Finanças e os gestores dos bancos que agora recorrem ao Estado (outra vez nós), depois de durante mais de uma década terem apresentado lucros verdadeiramente fabulosos, que afinal foram para ao bolso de alguns, que agora não têm ou não querem assumir o risco de investir nessas instituições?



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FOTOGRAFIA
The sincere by *estellamestella

Satellite Dishes 8648 by *Sooper-Deviant

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Mike Keefe

Manjul

sexta-feira, novembro 21, 2008

RAPIDINHAS

Portugueses infelizes – Segundo um estudo agora divulgado, da autoria da European Foundation for the Improvement of Living and Working Conditions, da Comissão Europeia, os portugueses são o terceiro povo mais infeliz da Europa. Atrás de nós só os búlgaros e os macedónios. Para que conste, e para que se possam tirar conclusões, mais do que óbvias, os povos mais felizes são os dinamarqueses, os suecos, os finlandeses e os noruegueses. Porque será?



Novas (velhas) da Cultura – O ministro da Cultura, perante a Comissão de Ética, Sociedade e Cultura, desvalorizou mais uma vez o reduzido aumento do orçamento da Cultura para 2009, e garantiu que vai fazer uma execução orçamental “aturada e rigorosa”, em 2009, e apresentou mais uma vez críticas e números da execução orçamental desde 2000, afirmando que ficaram por executar nesse período um total de 259 milhões de euros. Aguardemos!


O caso BPN - Depois de estalar o escândalo, e porque o rombo é muito grande, havia que encontrar culpados para acusar. Oliveira e Costa era naturalmente uma peça essencial, e pelo que veio a público há poucas horas, a máquina da Justiça já lhe deitou a mão, estando a ser interrogado. Que alguém é culpado das grandes maroscas que têm vindo a público, não restam dúvidas, mas continuo a pensar que num banco para se fazerem aquelas irregularidades todas, e para movimentar tais somas em dinheiro, não deve bastar apenas um único homem. Veremos se na lingada não aparece outro peixe graúdo, também com culpas no cartório.



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FOTOGRAFIA
Bouquet by *dalantech

Orange Rose by switch-sgfx

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Títulos da Imprensa e Imagens Sugeridas


Teixeira dos Santos admite assinar avales à banca «em breve»



quarta-feira, novembro 19, 2008

NÃO MERECE COMENTÁRIO

Ouvi o título da notícia, no carro a caminho de casa. A princípio julguei que se tratava de uma gralha, ou até algum anúncio de um programa humorístico. Estava enganado, a notícia estava publicada no JN online, e pude ler as declarações de Manuela Ferreira Leite.

Vou transcrever apenas algumas frases da líder do maior partido da oposição, e porque não conseguiria manter o nível, depois de as transcrever, aqui ficam a seco:

"Eu não acredito em reformas, quando se está em democracia..."

"Quando não se está em democracia é outra conversa, eu digo como é que é e faz-se", observou em seguida a presidente do PSD, acrescentando: "E até não sei se a certa altura não é bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia".

"Agora, em democracia efectivamente não se pode hostilizar uma classe profissional para de seguida ter a opinião pública contra essa classe profissional e então depois entrar a reformar -- porque nessa altura estão eles todos contra. Não é possível fazer uma reforma da justiça sem os juízes, fazer uma reforma da saúde sem os médicos".




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PINTURA AFRICANA
African village by Caleb

African beauty by Caleb

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CARTOON
Digital Média by Massoud Keshmiri

Digital Média by Musa Gumus

segunda-feira, novembro 17, 2008

NA CALMA

No domingo o Zé tirou uma folga e aproveitou para descansar e dar um passeio com a mulher e, diga-se de passagem que soube muito bem.

A máquina fotográfica também foi dar uma volta e fixou umas flores, porque às vezes até fico com água na boca com algumas fotografias que escolho para alegrar este cantinho. Não serão tão boas nem tão trabalhadas como as habituais, mas estas são mesmo minhas.





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CARTOON
Lapa por Henrique Monteiro

Leãozinho por Henrique Monteiro

sábado, novembro 15, 2008

AVALIAÇÃO

Nunca tive particular preocupação em ser politicamente correcto, e expresso sempre a minha opinião neste espaço, mesmo quando sei que não é consensual. Hoje o tema é a avaliação do desempenho, muito em particular na função pública.

Tenho visto e lido muitas opiniões favoráveis à avaliação, que normalmente se refugiam em parâmetros de produtividade, de qualidade e de competência no desempenho das funções. Quase nunca ouço falar de condições de trabalho, e meios colocados à disposição, mas à partida penso que todos concordam que eles devem existir. Partindo destes princípios é difícil ser-se crítico em relação à avaliação.

Na função pública as coisas não são tão lineares assim. Começando pelos objectivos dos serviços que estão condicionados pelos dirigentes máximos, que no fundo são os ministros, e que portanto têm objectivos políticos e não funcionais. Segue-se toda uma hierarquia de pessoal nomeado por confiança política, que naturalmente respondem nessa mesma qualidade.

Depois dos objectivos temos a legislação e os procedimentos, a que muitos chamam, noutro contexto, burocracia, que condicionam cada acto dos funcionários. Há ainda o problema das condições de trabalho e os meios colocados à disposição, que naturalmente dependem dos orçamentos disponíveis, mas sobretudo da vontade e da “celeridade” do processo burocrático que depende de toda a cadeia hierárquica inerente a cada serviço ou organismo.

Por último, e porque estou naturalmente a simplificar as coisas, temos os avaliadores, os mesmos que foram nomeados por confiança política, e que portanto não são nem podem ser isentos, porque estão dependentes da (boa) vontade de quem os nomeou.

Isto traduz-se em anacronismos como o de ver um engenheiro civil a avaliar mecânicos, um engenheiro de máquinas a avaliar arquitectos e engenheiros civis, ou um doutorado em germânicas a avaliar técnicos informáticos. O que resulta numa grande trapalhada, especialmente quando há três ou quatro dezenas de funcionários a avaliar e quota de “relevantes” ou muito bons só permite atribuir uma ou duas notas dessas. O resultado é invariavelmente o mesmo: os que estão mais próximos da chefia são os bafejados, e todos os outros são preteridos, qualquer que seja o seu empenho e competência.

Em abstracto pode ser-se favorável às avaliações, mas na prática elas são um embuste, cujo único objectivo (economicista) é retardar ao máximo subidas nas carreiras e não reconhecer qualquer tipo de mérito.



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FOTOGRAFIA
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ojousama

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CARICATURA
"Viemos, vimos e vencemos" por Baptistão
"Por Diego, con Diego, en Diego, toda honra y toda gloria..." por Gustavo Duarte

quinta-feira, novembro 13, 2008

MAIS UMA DESCOBERTA NO EGIPTO

Foram descobertos os restos de mais uma pirâmide no Egipto, desta vez da rainha Sesheshet, mãe do rei Teti (ou Titi), o primeiro faraó da sexta dinastia. Como salientou o conhecido arqueólogo Zahi Hawas, é uma importante descoberta já que após mais de 4300 anos, ainda estão de pé cinco metros da estrutura original, que media no passado 15 metros, com uma inclinação de 51 graus.

Esta descoberta foi feita no complexo de Saqara, onde se encontra também a pirâmide de Zoser fazendo parte da necrópole de Mênfis. Apesar de ainda não se ter entrado na câmara da pirâmide, que foi naturalmente saqueada, os vestígios já identificados confirmam que se trata da pirâmide da mãe do rei Teti (2323-2291 a.C.) cuja pirâmide se encontra a pouca distância desta.

Não vos vou maçar com descrições destes reis do Egipto e sobre a sua época, mas quem estiver interessado pode seguir os links que estão nos respectivos nomes, e ainda AQUI e AQUI.



Pirâmide de Zoser

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FOTOGRAFIA
bubblewash by puffinpunk

wideworld by puffinpunk

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CARICATURA
Angela Merkel by Turcios

Quino e Mafalda by Turcios

terça-feira, novembro 11, 2008

OPORTUNISMO

É comum afirmar-se que em épocas de crise há muitas janelas de oportunidade que é preciso saber aproveitar convenientemente. O princípio não deixa de ser verdadeiro, mas também é notório que quando não existe consciência social, o oportunismo tem o caminho muito facilitado, quando o Estado prima pela ausência de regulação.

Podia estar a falar da GALP, que continua a brindar-nos com preços da gasolina que são em média mais altos do que a média europeia em pelo menos 3 cêntimos, ou nos preços do gás que teimam em não baixar, perante a passividade do Estado accionista e regulador. É simplesmente uma vergonha, mas é a mais pura verdade.

Hoje, foi a Associação Nacional de Transportadores Rodoviários de Pesados de Passageiros (ANTROP), que veio a terreiro afirmar que os transportes públicos poderão vir a aumentar em 2009, muito acima da inflação. O entendimento da ANTROP é de que como foram congelados os aumentos dos passes sociais no segundo semestre deste ano, os aumentos para o próximo deveriam ser o somatório do valor que ficou por aumentar em 2008, mais a inflação prevista para 2009.

O oportunismo da ANTROP é absolutamente descarado, porque o dito congelamento implicou compensações vindas do erário público e também os preços do crude são hoje inferiores (muito inferiores) aos verificados no segundo semestre de 2008. Um pouquinho de bom senso e alguma consciência social ficavam bem aos dirigentes da ANTROP, mas pelos vistos essa atitude não lhes deve ter ocorrido.

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PINTURA
THE SUN OF SEPTEMBR by *Leonidafremov

WEDING UNDER THE RAIN by *Leonidafremov

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CARTOON
Perigo na estrada

Ultrapassagem difícil

domingo, novembro 09, 2008

DOMINGO COM TORGA

Confiança
 
O que é bonito neste mundo, e anima,
É ver que na vindima
De cada sonho
Fica a cepa a sonhar outra aventura...
E que a doçura
Que se não prova
Se transfigura
Numa doçura
Muito mais pura
E muito mais nova...
 
                Miguel Torga


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PINTURA IMORTAL
O rapto das filhas de Leucipo de Rubens

Dança dos aldeões de Rubens

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CARTOON
Junião

Junião

Junião