quinta-feira, julho 31, 2008

ELES FALAM, FALAM…

O país esteve suspenso de uma comunicação ao país do Presidente da República, durante um dia inteiro. Sua Excelência interrompeu as férias, e no último dia do mês de Julho, resolveu dizer de sua justiça, algo de “muito importante”, antes da partida para férias de grande parte dos cidadãos.

Foi interessante ver e ouvir as reacções do pessoal nos cafés e nos transportes públicos, onde alguns diziam que o Governo ía cair, outros afiançavam que ia ser um discurso com preocupações sociais, para “entalar” o primeiro-ministro. Eram mais os que mostravam estar na expectativa do que aqueles como eu, que nada esperavam, nem tinham palpites de qualquer espécie.

Veio finalmente a comunicação ao país, e foi um desencanto total. Enfim, e que me desculpem os açorianos, eram apenas algumas discordâncias quanto ao Estatuto dos Açores, assuntos jurídicos que passam ao lado do cidadão comum, e que não nos interessam já que há um Tribunal Constitucional que pode atestar a qualidade e validade do documento, para onde até já foi enviado.

Ficou a imagem de Cavaco Silva bem bronzeado, a desilusão de alguns mais crédulos, e a estupefacção dos comentadores de serviço para quem o discurso vai afinal render pouco “sumo”, que é como quem diz, linhas de jornal, e minutos na rádio e nas televisões. O senhor presidente afinal só deu o tiro de partida para as férias da política.

Nota: Se conseguiu ler o artigo até ao fim, e se preferia estar agora a ouvir música em Paredes de Coura, então desligue o leitor da direita e carregue no play deste aqui abaixo.

God Save the Queen - The Sex Pistols

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FOTOGRAFIA
By Palaciano
Zé Povinho

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CARTOON
Harry Harrison
Cameron (Cam) Cardow

terça-feira, julho 29, 2008

A INTOLERÂNCIA

Na blogosfera, como aliás por todo o lado, há gente que não admite que alguém pense de modo diverso e, ainda pior, se atrevam a expressar ideias com as quais eles não concordam. Eu chamo a isso intolerância.

Nos últimos tempos já vi uns três blogues serem sinalizados como contendo conteúdos impróprios, e confesso que dos que estou a falar, nenhum continha algo que se pudesse considerar de impróprio, nem em imagem nem nas opiniões expressas. Detendo-me um pouco sobre os tais blogues, pude constatar que foi a opinião manifestada que originou os ataques dos tais intolerantes que por aí andam. Por acaso dois desses blogues fazem parte dos meus links, e confesso que os leio com bastante regularidade.

A blogosfera é para mim um espaço de Liberdade, onde cada um pode expressar as suas ideias e convicções, e onde todos podemos aceder e visualizar a diversidade de opiniões, podendo ou não deixar os comentários que achamos pertinentes, e se quisermos, podemos deixar de aceder ao que não gostamos, exercendo a nossa liberdade.

Recentemente o ataque incidiu sobre O Jumento, no passado já tinha acontecido o mesmo em relação a outros, e no futuro pode acontecer com qualquer outro blogue, enquanto uns tantos intolerantes por aí andarem armados em censores.



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UM PRÉMIO (?) QUE ME ENVIARAM
Uma brincadeira do meu amigo Goraz, que fica aqui registada.

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FOTOGRAFIA
Nostalgic meadow by oriontrail

Daisy by oriontrail

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CARTOON
Simanca Osmani
Sergio Langer

segunda-feira, julho 28, 2008

A VIDA ESTÁ DIFÍCIL

A vida não está fácil para a grande maioria dos portugueses, e eu não fujo à regra tendo que conjugar duas actividades diferentes para equilibrar o barco. Não posso dizer que sou uma vítima mas o que é certo é que com apenas um emprego, onde faço 40 horas semanais, não me é possível enfrentar a carestia de vida.

Nos últimos dias publiquei aqui dois poemas sobre Sintra, mas no último, Ilhas de Bruma, esqueci-me de dizer que é da autoria de Afonso Lopes Vieira, que tal como eu não era natural de Sintra mas que lhe dedicou aqueles versos. Não vos deixei poesias apenas por estar apertado em tempo, mas porque gosto de Sintra e, sempre que posso, vou recolhendo informação sobre esta vila encantada.

No passado sábado, na companhia de alguns amigos, percorri caminhos da serra, espreitei algumas quintas que poucos conhecem, e até fui dar uma vista de olhos a Seteais, onde pude constatar um atentado ao património de que tinha tomado conhecimento nos últimos dias. Claro que para alguns não é nada de grave, trata-se apenas de umas pequenas obras num hotel de charme, e são obras de iniciativa privada, mas para mim é Património, e por isso mesmo deve ser preservado e não abastardado.

Aproveitei bem o sábado, e descansei no domingo, e só ao final do dia é que peguei no teclado para vos deixar este post, prometendo para os próximos dias umas visitas aos vossos espaços.



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FOTOGRAFIA
by Palaciano
by Palaciano

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CARICATURAS
Stavro
Dario Castillejos
Sergei Elkin

sexta-feira, julho 25, 2008

SINTRA

«Serra de Sintra, em ti se iam pousando

Os olhos dos mareantes que abalavam,

E só por fim ao longe adivinhavam

A pátria entre neblinas ondeando

*

Pedras sagradas, foi-vos desgastando

O olhar de tantos olhos que choravam,

Fostes o adeus de todos que ficavam,

E a saudade dos outros navegando.

*

Em ti, serra marítima e da Lua

Para a Saudade como a maresia,

Mágoa de amor tão alta e tão serena.

-

E quem depois voltava à pátria sua,

Ao mesmo tempo lá as ondas via

Terra de Portugal e sua pena…»

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In Ilhas de Bruma


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FOTOGRAFIA
Tower bridge by Malleni

Fire and Ice by Tears and Thunder

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A REALIDADE E O CARTOON
Earl Grey

Gilmar

quarta-feira, julho 23, 2008

A (IN)JUSTIÇA

A justiça em Portugal tem dado de si própria uma péssima imagem nos últimos anos. O último reduto de um estado democrático é precisamente a Justiça, e quando ela não funciona, tudo se desmorona ao seu redor.

Foram muitos os casos mediáticos que recentemente foram dados à estampa, e convenhamos que sempre que atingiram figuras conhecidas ou importantes instituições ou empresas, os resultados foram ou insignificantes ou mesmo nenhuns.

Não sei se o defeito está nas leis, se nos executantes, ou até nos interesses atingidos, o que é um facto é que quase ninguém acredita que se faça Justiça, quando os suspeitos são conhecidos ou têm dinheiro para ser defendidos pelos melhores advogados.


Os resultados estão à vista, e infelizmente o descrédito mina os cidadãos que cada vez menos confiam que se faça verdadeiramente Justiça.


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FOTOGRAFIA
Sergey Nikolaev

voodison

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CARTOON

domingo, julho 20, 2008

SINTRA

«Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra,

Ao luar e ao sonho, na estrada deserta,

Sozinho guio quase devagar, e um pouco

Me parece, ou me forço um pouco para que pareça,

Que sigo por outra estrada, por outro sonho, por outro mundo,

Que sigo sem haver Lisboa deixada ou Sintra a que ir ter,

Que sigo, e que mais haverá em seguir senão parar mas seguir?

Vou passar a noite em Sintra por não poder passá-la em Lisboa,

Mas quando chegar a Sintra, terei pena de não ter ficado em Lisboa.

Sempre esta inquietação sem propósito, sem nexo, nem consequência,

Sempre, sempre, sempre,

Esta angústia excessiva do espírito por coisa nenhuma,

Na estrada de Sintra, ou na estrada do sonho, ou na estrada da vida…»

Poesia de Álvaro de Campos

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FOTOGRAFIA
Line of Fire by *Solkku
Euphoria by *Solkku

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CARTOON
Ana von Rebeur

Ana von Rebeur

quinta-feira, julho 17, 2008

O FURACÃO

As últimas notícias sobre a Operação Furacão deixaram no ar a sensação de que a montanha pariu um rato. Não discuto, nem estou habilitado para tal, os meandros da Justiça e do segredo da justiça, mas desde o início deste processo, envolvendo grandes empresas nacionais, eu e muitos outros portugueses ficámos com a sensação de que tudo isto ía dar em nada.

Se o resultado de toda esta investigação e de todas as suspeitas envolvidas for o que se está a desenhar, ficará na mente dos cidadãos deste país a sensação de que o crime de colarinho branco compensa, e que Cravinho tinha razão para ter levantado tantas ondas, que lhe valeram o exílio dourado para o qual foi empurrado.




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A CRISE E O NUCLEAR

O preço dos combustíveis disparou, o mesmo aconteceu com os preços dos bens alimentares, os salários não acompanharam esta escalada de aumentos e a vida tornou-se ainda mais difícil para a grande maioria dos portugueses.

As “cabecinhas pensantes” cá do burgo, chegaram finalmente à conclusão de que a energia era o factor de produção que mais distorcia a competitividade e produtividade nacional, e não os salários como tinham dito até à exaustão, e vêm agora com “novas” soluções milagrosas.

A energia nuclear saltou para o discurso de empresários, e espante-se, até para o discurso do governador do Banco de Portugal, como remédio santo para a crise. Não estamos no Irão, mas também temos por cá gente que pretende brincar com o fogo, pretendendo ignorar os perigos associados à opção nuclear, e até ao tempo e aos custos associados a tal aventura.

Hasan Bleibel

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FOTOGRAFIA
I Don't Know The Reason Why by eleanorRigbyy
Hide Your Love by eleanorRigbyy

domingo, julho 13, 2008

A FAMÍLIA

Só nos últimos dias, tive a oportunidade de ler 3 artigos sobre a importância da família num contexto que tem que ver com a pobreza e com a criminalidade. Nada mal, numa sociedade cada vez mais empurrada para um liberalismo selvagem, alguns dos seus defensores mais acérrimos atiram-nos com dissertações destas para adormecer a populaça.

É uma evidência que a criminalidade e a pobreza estão correlacionadas, como evidente é também que estes dois males se têm vindo a agravar nas sociedades europeias, na directa proporção das desigualdades de distribuição da riqueza por falta de eficácia dos Estados. Criou-se, ou impôs-se, uma ideia de que os mercados se regulam a si próprios e que a concorrência é a garantia absoluta da justiça dos preços dos bens e serviços a que acedemos. Revelou-se que isto é uma falácia e que a função reguladora dos Estados é indispensável sob pena de ficarmos reféns da lei do mais forte.

O que mais me impressionou, pelo seu descaramento, é que a defesa da importância da família nas sociedades tenha vindo exactamente da pena de pessoas que são defensores intransigentes do liberalismo económico e laboral. É absolutamente incongruente dizer-se que se deve defender as famílias e ao mesmo tempo apregoar as virtudes da desregulamentação dos horários laborais, a precariedade no trabalho e uma menor intervenção do Estado na regulação dos mercados.

Também eu, tive a oportunidade de ler “The Roads to Modernity: The British, French and American Enlightenments”, como alguns dos escribas que refiro, e quanto ao prefácio de Gordon Brown, na sua mais recente edição, só digo que é preciso ter muito desplante.

Nota:
Por afazeres profissionais e acções de actualização de conhecimentos, a minha actividade tem estado reduzida, principalmente nos comentários, e mesmo as minhas intervenções neste espaço só se têm verificado com a ajuda dos meus amigos que contribuem com quase todo o material que aqui podem apreciar.

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FOTOGRAFIA
myas-nik
Акварелька

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CARTOON

sexta-feira, julho 11, 2008

GOZAR COM A FOME

Jantar de trufas e caviar na cimeira do G8


Os líderes mais poderosos do planeta deixaram de lado suas preocupações com a crise dos alimentos e a fome mundial para desfrutar de um banquete que marcou o início da cimeira do G8. A ementa, que entretanto foi divulgada por diversas agências internacionais era composta por 24 pratos, incluindo algumas iguarias raras e caras, confeccionadas por 25 chefs japoneses e estrangeiros, entre os quais alguns galardoados com as afamadas três estrelas do Guia Michelin. Tudo isto custou 300 euros por pessoa.

Trufas pretas, caranguejos gigantes, bolbos de lírio de Inverno, uma selecção de queijos acompanhados de mel e amêndoas caramelizadas, entradas de milho recheado com caviar e salmão fumado, foram apenas algumas das iguarias do jantar que, para não destoar, foi regado com cinco vinhos diferentes, alguns igualmente caros.

Mais AQUI



GASTRONOMIA

A Trufa (em francês truffe e em italiano tartufo) é um fungo subterrâneo, que tem sabor e aroma agradáveis. São do género Tuber.

Trufas negras

Trufas negras são cogumelos que nascem embaixo da terra, nas proximidades de raízes de carvalhos e castanheiras, utilizados na alta gastronomia. São iguarias culinárias da França.

Aspectos

Possuem aspecto de mármore negro e bege, com odor agradável. A colheita é feita por porcos ou cães adestrados.

Fonte Wikipédia





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CARTOON
Ali Derakhshi
Ali Derakhshi

quarta-feira, julho 09, 2008

RAPIDINHAS

Homenagens sentidas – Um pouco por todo o mundo são inúmeros os memoriais erigidos honrando cidadãos que foram socialmente influentes. Desde estátuas a avenidas, simples ruas ou bustos temos de tudo, e para todos os gostos, recordando tais personagens. Uma das últimas notícias que li, dizia que um grupo de cidadãos de S. Francisco, nos Estados Unidos da América, recolheu mais de 12 mil assinaturas para dar o nome de George W. Bush a uma estação de tratamentos de águas residuais (ETAR) de S. Francisco. Singela homenagem esta, a tão ilustre figura.

Liberdade de Expressão – Para uns quantos que já teceram alguns “comentários amistosos” sobre as minhas opiniões, dizendo que eu detestava os americanos, aqui fica uma nota dissonante. Robert Redford disse que o Presidente americano é “um líder mau, míope e tirano” e comparou-o a Nero. Podia ter ficado por aqui, mas acrescentou ainda que “quando temos um Nero – é isso que o Bush é. Quantos recursos temos para usar antes que estes se esgotem”. Estas declarações incendiárias de R. Redford, são-lhe permitidas pelo seu estatuto social, e porque na América, e apesar de todos os seus defeitos, estas não são consideradas acusações injuriosas, como acontece em muitos outros regimes ditos democráticos, onde tais afirmações acarretariam problemas graves com a Justiça.



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FOTOGRAFIA
Eye by Red-Skyes

Jewel by Ashivara

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CARTOON
David Horsey

Brian Adcock

segunda-feira, julho 07, 2008

POLÍTICAS IMPREVIDENTES

Está muito em voga entre os políticos de todo o mundo acenarem com a imprevisibilidade dos mercados sempre que nos vemos confrontados com crises económicas de grande dimensão. O argumento, não sendo totalmente falso, não colhe aos olhos dos cidadãos grande credibilidade, porque todas as medidas de cariz económico, quer de investimento quer as restritivas, são sempre justificadas pela previsão dos políticos e seus consultores, como adequadas para se obterem resultados futuros.

Admitindo que a alta de preços do petróleo, na dimensão a que estamos a sentir, era difícil de prever, o mesmo já não é verdade em relação aos aumentos dos preços dos produtos alimentares, com o aumento da produção dos biocombustíveis.

Quando começou a escalada do preço dos combustíveis, e se anunciou o aumento da produção de biocombustíveis, foram muitos os que alertaram para a possibilidade real dos aumentos da alimentação em geral, caso se fosse recorrer aos cereais para a sua produção. Poucos foram os que deram ouvidos aos alertas e o resultado é o que estamos a sentir nos preços da alimentação.

O que é mais grave é que se esconda o real impacto deste problema, e não se diga a verdade sobre a dimensão disto. Os biocombustíveis podem e devem ser produzidos, mas podem-se utilizar muitos outros produtos sem ser os cereais, porque esses são essenciais e o seu preço tem que ser acessível às populações, isto claro está, se queremos a paz social.

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Rose and Rain by *littlemewhatever

Rose and Rain ll by *littlemewhatever

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CARTOON
John Sherffius
Steve Sack
John Branch

sábado, julho 05, 2008

OS NEGÓCIOS DAS ÁGUAS

Baseados na sua própria incompetência e na fúria privatizadora para obtenção de dinheiro no curto prazo, os governantes deste país perderam o controlo de matérias estratégicas absolutamente vitais à economia e ao desenvolvimento.

Já todos perceberam que o Estado se sente impotente para intervir no caso dos combustíveis, e que as soluções propostas em vez de conseguirem atenuar os efeitos dos aumentos do crude, vão exactamente no sentido contrário, porque qualquer taxa criada para controlar os ganhos acabará inevitavelmente por se repercutir nos preços finais aos consumidores.

Agora temos o caso das águas, onde é evidente uma má gestão. Os prejuízos de 75 milhões não impedem prémios, também de milhões e outras benesses que o próprio Tribunal de Contas criticou. Fala-se de dívidas das autarquias e do falhanço na internacionalização da AdP, mas como é costume nesta terra, são os consumidores finais, os que até pagam o que consomem, que vão levar com mais uma taxa, agora chamada de recursos hídricos.

Está tudo louco! O país atravessa dificuldades, os salários estão cada vez mais curtos face ao aumento do custo de vida, e a solução encontrada para manter os lugares nas diversas empresas é atirar a factura da má gestão para cima dos consumidores, e continuar a dar prémios ainda que não se consigam resultados positivos.

A água é um bem essencial e escasso, nós sabemos, mas o que me revolta é que “seja o justo a pagar pelo pecador”.

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Spring Tree by *liajedi

Holidays - Blue by *liajedi

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Hamed Nabahat

Hamed Nabahat