quinta-feira, janeiro 31, 2008

MUDANÇAS, OU TALVEZ NÃO!

Na política por vezes diz-se que é preciso mudar, para que tudo fique na mesma. Não pretendo ser cínico nem precipitado, mas tão pouco estou distraído deixando passar algumas informações que são públicas.
Foi feita uma pequena remodelação, aliás ainda há mais uns ajustes a decorrer, mas logo surge a afirmação de que a política seguida até agora vai ser continuada pelos novos ministros. Depois surgem umas quantas palavras para desmobilizar os protestos, admitindo José Sócrates que não é insensível às pessoas nem às suas queixas, e admitir até que não haverá mais encerramentos de urgências sem alternativas.
Uns podem ficar confusos com estas contradições, mas é natural que haja um interregno, facilmente explicável pelo tempo necessário para os novos ministros conhecerem os cantos à casa (chamam-lhe dossiers), mas tudo voltará ao mesmo, pois o responsável dessas políticas continua a ser o mesmo, o 1º ministro.
José Sócrates revelou mais uma vez a sua arrogância e irritação, acusando o PSD de “aproveitar sentimentos primários das populações”. Ainda não entendeu o senhor 1º ministro que as populações não são assim tão manipuláveis, e que os apupos e as manifestações contra a política do governo são apenas manifestações de desagrado evidente com o rumo das coisas. Por favor não nos chame tolos!
A guardo com alguma expectativa, para ver como vai a nova ministra da Saúde compatibilizar as suas declarações proferidas antes de o ser, com a continuidade das políticas de Correia de Campos, e também quero ver como é que o novo titular da pasta da Cultura vai conseguir gastar menos e melhor, com a absoluta centralização dos meios existente, e sem alguma autonomia responsável, como foi o rumo traçado pela sua antecessora com o beneplácito de José Sócrates.
Estaremos cá para comentar as cenas dos próximos capítulos.


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PORTADORES DE HIV - DIFERENÇAS E OPORTUNIDADES


Todos nós podemos ser portadores de HIV ou termos, entre os mais próximos, alguém que o seja.
Quando tal acontece sabemos bem o valor da informação que nos permite lidar com esse problema de saúde e, também, com as representações sociais sobre a doença.
A entrevista que a seguir se publica é um testemunho vivo que toca e que dói.
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Lídia - As pessoas com sida estão em desigualdade de oportunidades em relação às outras pessoas?
Raul - Vamos considerar quando fala em pessoas com sida pessoas infectadas pelo HIV, pois Sida é o último estágio no avanço da doença e essas pessoas, estão muito debilitadas normalmente. Claro que estão em desvantagens em todos os aspectos quer a nível de trabalho, quer empréstimos quer seguros de vida. A máscara continua a ter que ser usada e o engenho de cada um tem de ser usado para contornar estes obstáculos.
Lídia - Há maiores dificuldades a nível de emprego, escola e participação em actividades de grupo?
Raul - Uma das maiores preocupações de qualquer infectado que tenha um emprego estável o qual lhe permite viver confortavelmente, é o medo de perder esse emprego devido à sua condição de infectado pelo HIV. Normalmente as grandes empresas pedem check-ups anuais ou de dois em dois anos, aos seus funcionários. Dos diversos testes que pedem um deles é ao HIV, o qual é aterrorizante para quem sabe que está infectado e sabe que tem de fazer o teste daí a uns tempos. Depois nas próprias instituições ouvem-se conversas sobre sida (as pessoas não sabem que o colega está infectado) que são autênticas aberrações e mostram o que realmente a sociedade pensa acerca da doença. O pobre desgraçado ouve aquilo como um escárnio sobre ele, só que não se revela porque não é louco, precisa de trabalhar e está amedrontado. O stress é grande acredite. Soube do caso do cozinheiro despedido pelo grupo Sana? A justiça ainda deu razão à entidade empregadora não obstante haver relatórios científicos que atestavam a infecção pelo HIV não ser perigosa no desempenho das suas funções e não haver risco para os clientes do hotel. Mas há mais …muitos mais casos. Nas escolas certamente tem lido e os leitores também, os problemas que os pais das outras crianças levantam quando sabem haver na escola uma criança seropositiva ao HIV. Nas actividades de grupo não vejo dificuldades. Ou estou em grupos dedicados à Sida e outras DSTs (Doenças sexualmente transmissíveis) e aí estou à vontade, ou então nos outros grupos não vejo necessidade de revelar a minha condição de infectado.
Lídia - Sente preconceitos da sociedade em relação a esse tipo de doença?
Raul - Directamente não, mas eu não revelo a minha condição de infectado excepto em casos em que isso é necessário. A minha família sabe, as pessoas envolvidas de qualquer maneira na problemática da Sida com as quais tenho contacto sabem, os meus amigos infectados e pouco mais. Não tenho que publicitar a minha doença, assim como não o tenho de fazer em relação à minha orientação politica, ao clube de que gosto ou mesmo preferências sexuais. Se o tiver que fazer faço-o com o mesmo à vontade. Para os contactos comuns o meu problema de saúde é uma insuficiência hepática e agora recentemente problemas cardíacos. Não estou mentindo sequer, só que não sou obrigado a dizer que a minha insuficiência hepática é devida á toxicidade de medicamentos que tomei para o tratamento da SIDA.. Estou ligado também a doenças comuns em infectados pelo HIV, como a hepatite C e as tuberculoses multi resistentes e isso não quer dizer que seja tuberculoso ou tenha a hepatite C ou outra qualquer doença. Agora em relação à SIDA e aos preconceitos da sociedade em relação à doença eles existem, e a prova disso são os casos que acontecem diariamente, alguns mesmo vindos de entidades governamentais responsáveis que vão alimentando a fogueira da discriminação, exclusão social e do estigma.
Lídia - O que acha que deve ser mudado a nível de mentes?
Raul - Disse-me que não entende muito de informática. Mas é necessário formatar o disco e colocar tudo de novo. Os erros do passado deixaram marcas profundas e é um trabalho gigantesco mudar as mentalidades. Se todos actuarmos e tivermos o apoio das entidades governamentais a pouco e pouco as coisas podem mudar. Um dos trabalhos era o governo apoiar palestras nas escolas com crianças mesmo antes de estas iniciarem a sua vida sexual activa. As crianças podem levar essas informações para os pais em casa. Era uma maneira de aproveitar o Know how da comunidade infectada e ao mesmo tempo dar-lhes a possibilidade (aos infectados) de com esse trabalho arranjarem um meio de subsistência. O saber e a experiência de muitos infectados torna-os em peritos altamente qualificados nessa matéria. Depois a frente de combate não pode ser só na desmistificação da doença. Temos de actuar cada vez mais na prevenção, para evitar novas infecções. Os comportamentos têm de mudar, e nunca é demais lembrar que a SIDA existe. A educação em relação á doença tem de passar pela informação e não pelo medo. A Sida não é o Papão com que se assustavam as criancinhas, aplicado a todo o povo menos informado.
Lídia - E de apoios estatais?
Raul - Apoio social a nível do infectado ou a nível de associações que trabalham nesta área? A nível de infectados há um apoio para ajudar na renda de casa, água e electricidade. Os assistentes sociais dizem desconhecer essa lei e que essa verba existe. É difícil de conseguir essa ajuda e podem-se contar pelos dedos da mão as pessoas que a nível nacional a recebem. Só com muitas cunhas dizia-me há tempos um feliz contemplado. A nível de associações o estado ajuda em alguns projectos. Mas as coisas estão difíceis e cada vez é mais complicado as associações receberem essas verbas. Quanto aos critérios para a atribuição dessas verbas e aos projectos aprovados e à sua utilidade na ajuda aos infectados, tenho uma opinião, mas não me vou pronunciar sobre ela nesta entrevista, desculpem-me.
Lídia- O que lhe falta?
Raul - Falta-me terminar o meu ciclo de vida e morrer. Até lá falta-me a segurança que me garanta a subsistência alimentar e de tecto que até hoje ainda não faltou. Note-se que nunca recebi qualquer subsidio ou apoio estatal, ou de qualquer outra instituição de apoio social. Também nunca o pedi até hoje.
Lídia - O que mudou na sua vida?
Raul - Morri e voltei a nascer, talvez seja a frase certa para ilustrar as mudanças. Na altura em que fui infectado sabia que a SIDA existia, e a minha noção acerca da doença era que matava rapidamente, e que bastava apanhar-se uma simples gripe que ela nunca mais curava e acabava por matar a pessoa infectada. Sabia que havia um medicamento chamado AZT, para a tratar mas via esse medicamento em botijas de alguns litros que era aplicado com internamento hospitalar tipo soro ou sangue nas veias. Via o tratamento da SIDA num cenário aterrador de dor e sofrimento. O meu retrato robot de uma pessoa com SIDA, era visualizado mentalmente como a figura de alguém andrajoso com feridas na cara e nos braços. Foram as imagens passadas ao mundo desde o inicio e que ficaram em memória. O quanto eu estava errado e essa minha ignorância no passado faz com que hoje compreenda o que muitas pessoas pensam acerca da SIDA. Ao saber que estava infectado, o impacto da doença mudou completamente a minha vida. É complicado aqui descrever tudo o que fiz. Sentia necessidade de ver outros infectados falar com eles, queria aprender …aprender…aprender… a como viver com a SIDA. Tinha um encontro obrigatório com a morte que ia adiando sucessivamente um mês, seis meses um ano. Ia estabelecendo metas antes de me entregar. Os meus filhos estavam no secundário ainda e não estavam preparados para a vida, essa era a minha maior preocupação. Fui negociando e adiando a minha partida. Os filhos acabaram o secundário depois acabaram a faculdade, a filha casou, já tenho um neto e a vida continua. Após 11 anos de infecção, não sei quantos anos irei viver mais, mas não estou preocupado com isso. Um dia hei-de morrer mas não tenho pressa. Se analisar a SIDA na minha vida até que nem foi tão má assim. Tive tempo para parar, pensar e saber o quanto gosto de viver. Passei a ter mais amor pelo meu próximo e a gostar mais de mim mesmo. Dediquei a minha vida à causa da SIDA e não quero parar de lutar. Sei o que sofri e sei o que cada um sofre quando sabe o resultado do teste. Não há necessidade para esse sofrimento e é por isso que estou aqui tentando dar uma ajuda a quem precisa dela. A minha vida só tem sentido enquanto houver pessoas que precisam de mim. Não tenho raiva da SIDA, ela ajudou-me a crescer como ser humano. Embora pareça um absurdo, acho que lhe estou agradecido por me ter feito acordar para a realidade da vida.

Para mais informações consulte:
SIDADANIA - http://sidadania.blogspot.com/
Retirado do blog MOENDO CAFÉ - http://moendocafe.blogspot.com/

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FOTOGRAFIA - A MOSCA

Smolkov

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CARTOON

quarta-feira, janeiro 30, 2008

REMODELAÇÃO NA CULTURA?

Conheceu-se esta tarde a substituição de Isabel Pires de Lima por António Pinto Ribeiro que causou alguma confusão devido ao nome do agora indigitado, com um outro de um agente cultural que foi director artístico da Culturgest.
O futuro ministro da Cultura é um quase desconhecido no meio cultural, licenciado em direito, e actualmente era administrador da PT Multimédia e da Fundação de Arte Moderna e Contemporânea – Colecção Berardo.
Ao contrário de Vasco da Graça Moura, acho que a ministra que agora cessa funções, não teve uma actuação minimamente aceitável, nem conseguiu ter influência ou peso político para defender condignamente a sua pasta. A Cultura atingiu durante o seu mandato o ponto mais baixo, e negativo, pelo menos no que respeita à política de defesa do Património. A sua saída era aliás esperada e anunciada por muitos, mas a ocasião talvez não tenha sido a mais conveniente, porque as verbas atribuídas a este ministério já estão definidas, e são extremamente curtas, e os projectos anunciados engolem a quase totalidade do orçamento disponível.
Não conheço o novo ministro para ter algum tipo de expectativas, mas apesar de esperar que tenha uma melhor actuação do que a anterior titular, antevejo uma grande dificuldade em alterar o (mau) estado das coisas, pois o que é preciso remodelar é mesmo a política cultural seguida por este governo, e isso não me parece ser viável com José Sócrates como 1º ministro.

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FOTOS - COPOS
MAYOR

MAYOR

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CARTOON

segunda-feira, janeiro 28, 2008

ZAPATERO JÁ DEU A LIÇÃO

Fui um dos muitos portugueses que ouviu o engenheiro José Sócrates a dizer que rejeitava lições de esquerda, aproveitando a ocasião para se elogiar pela consciência social do seu governo, que naturalmente, e na sua opinião, tinha obra feita. Costuma dizer-se que quando mais ninguém nos elogia temos que ser nós a fazê-lo.
Duvido que o senhor primeiro-ministro esteja disposto a testar os eleitores antecipando as eleições, pois por aí poderia aferir do contentamento dos portugueses com as políticas do seu executivo.
Por coincidência, e nesta acredito, vieram a público as medidas que o presidente do governo espanhol anunciou neste domingo, em que se propõe devolver 400 euros a todos os contribuintes, independentemente do que ganhem, deduções nos impostos a quem alugue casa, o já famoso “cheque-bebé”, o aumento real das pensões e a subida do salário mínimo em 200euros (de 600 para 800 euros).
Segundo o próprio Sócrates, este é o seu melhor amigo entre os governantes europeus, ou pelo menos um dos melhores, pelo que deve ter por ele grande estima e admiração, além de se identificar com ele quanto às políticas, de esquerda naturalmente. Dera que também se prepara para anunciar políticas semelhantes, agora em Portugal, ou está a deixá-las para o ano que vem?
Duvido que o nosso 1º ministro classifique as medidas agora anunciadas por Zapatero, de demagógicas, ou que vá tecer comentários pouco elogiosos ao seu homólogo, só porque a lição foi magistral e veio na ocasião certa e logo após as suas declarações sobre “lições de esquerda”.
Por vezes a arrogância paga-se cara.

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FOTOGRAFIA
MAYOR

MAYOR

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CARTOON

O FINANCIAMENTO DOS MUSEUS

Já começa a ser um hábito ouvir-se falar da penúria a que se encontram votados os museus e o restante Património nacional, o que não se compreende é que ao mesmo tempo que se realça a importância da Cultura na atracção de fluxos turísticos, e o consequente arrecadar de verbas, se assita em paralelo à diminuição das verbas atribuidas pelo orçamento de Estado.
Que sentido faz virem proclamar com pompa e circunstância a exposição de obras do Hermitage, e até a criação de um pólo desse museu em terras lusas, se os nossos museus são forçados a ficar sem exposições por não haver margem orçamental para a sua execução?
A política para a Cultura é de claro desinvestimento, sendo um facto conhecido de que em 2007 serão atribuidos menos três milhões de euros para o funcionamento dos museus. Ainda estão no ar os ecos do Roteiro pelo Património, efectuado na semana passada, e já somos brindados com esta triste realidade, por um ministério para o qual foi prometido o mítico 1%, que afinal é só 0,4% do bolo a repartir por todos os ministérios. Claro que as promessas deste tipo soam sempre bem em campanha eleitoral, o pior é colocar em prática esses compromissos.

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FOTOGRAFIA
Max Snegirev

D!M

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CARTOON

Daryl Cagle

Christo Komarnitski

sábado, janeiro 26, 2008

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO

Aquilo que muitos julgavam poder vir a ser uma medida importante e diferenciadora, que iria beneficiar os bons profissionais da Função Pública, que era a avaliação do desempenho com as novas regras introduzidas pelo SIADAP, está a tornar-se numa enorme confusão que em nada beneficia os serviços, nem os funcionários.
Hoje pude constatar junto de diversos funcionários públicos, que há problemas para todos os gostos. Queixavam-se alguns que devido à reestruturação que aconteceu ainda em 2007, alguns dirigentes não tinham estabelecido os objectivos pessoais dos funcionários, e que devido aos atrasos nas mesmas reestruturações tinham passado 8, 10 ou mesmo 11 meses nos antigos serviços, e agora ninguém sabia como se podia contornar a situação. Noutro serviço foram instados a proceder informaticamente à autoavaliação, mas pura e simplesmente não viram aceites as respectivas palavras-chave. Para cúmulo, ao tentarem demonstrar a situação na mesa do jantar, há poucas horas, fomos todos surpreendidos com um problema detectado pelo Internet Explorer, que reportava um problema com o certificado de segurança do Web site onde deveriam aceder http://www.siadap.gov.pt .
Isto parece ser tudo demasiado ridículo para ser verdade, mas foi exactamente o que ouvi e pude constatar pelos testemunhos destes meus amigos. Acrescento um outro relato de um serviço, onde ainda mesmo antes do preenchimento da ficha de autoavalição pelos funcionários, já se sabe à partida, que caso seja disponibilizada uma nota de excelência, a mesma está já destinada à segunda pessoa mais importante na hierarquia do serviço, como aliás já aconteceu no ano anterior.
Diferenciação e moralização? Com esta trapalhada não acredito mesmo nada, mas aguardemos pelos próximos episódios.


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PINTURAS E ESTILOS

Coventina by *Elfin-Grrl

Caronte - Hade's Boatman by Ricardo1962

Busy vase Lonely by erichjuang

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CARTOON

Campanha com infiltrados?

sexta-feira, janeiro 25, 2008

A BLOGOSFERA

Tenho escrito sobre diversos assuntos, com especial relevo para a Cultura e a sociedade em geral, manifestando as minhas opiniões com toda a liberdade. Penso que a intervenção de quem está por prazer na blogosfera contribui de algum modo, para a discussão de diversos temas, para a divulgação de ideias, para divulgar alguns talentos e até para proporcionar alguns momentos de Cultura e de entretenimento.
Não pretendo dizer que seja um mundo perfeito, essa nunca será atingida, mas é com toda a certeza um mundo estimulante, onde se criam amizades e cumplicidades que são sempre importantes para quem é minimamente sociável.
Uma outra faceta deste espaço comunitário, ainda que virtual, são os blogues onde se contam histórias de vida, experiências contadas na primeira pessoa, que nos fazem meditar e despertam em nós o espírito de solidariedade, numa altura em que o individualismo e o egoísmo parecem caracterizar a humanidade.
Todos temos problemas e enfrentamos as nossas dificuldades, mas ao ler alguns depoimentos e testemunhos que vou encontrando aqui e ali, deparo-me com problemas muito mais graves do que os meus, e muitas vezes com testemunhos de coragem e de esperança, que mesmo sem encontrar as palavras certas, me apetece louvar e incentivar.
Temos a tendência para sobrevalorizar os nossos problemas e a nossa dor, mas olhando em volta podemos constatar que existem outras pessoas com problemas e dores iguais ou até maiores, que não desistem de lutar e de tentar viver a vida o melhor possível com uma tenacidade que nos pode fortalecer, e também emocionar, porque não?

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FOTOS DE FLORES
Marisha

ooo7

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CARTOON NACIONAL

F. Santos in Cartoonices

F. Santos in Saboonices

quinta-feira, janeiro 24, 2008

RAPIDINHAS

Mobilidade na Cultura – Já referi por estas bandas que há falta de pessoal de certas categorias no Ministério da Cultura, e é uma verdade que os factos demonstram, com os encerramentos de serviços todos os anos. Agora os meus leitores ficaram a saber que há pessoal neste mesmo ministério que é considerado excedentário, e que vão ser “dispensados” 364 funcionários. Devo dizer que o procedimento de dispensa foi uma trapalhada, e que os critérios não são claros, nem foram divulgados, nem tão pouco se conhecem os novos quadros do pessoal, e a sua afectação pelos serviços deste ministério. Por motivos de clareza e de justiça, penso que seria elucidativo saber-se quais as tarefas e os serviços onde se encontravam estes trabalhadores, e quais os critérios que presidiram à sua indigitação para o quadro de mobilidade. É que assim, como se desenrolou o processo, parece que há gente a mais neste ministério, ou então que havia muita gente que não fazia nada, e todos ficaríamos mais elucidados.

Esclarecimento – Estive um pouco afastado dos meus habituais comentários, por motivos profissionais, mas há um comentário de um leitor que não conheço que não posso deixar passar em claro. Criticou-me o dito por ter na coluna do lado direito alguns prémios ou distinções atribuídas por alguns amigos que muito prezo, afirmando que era pura vaidade de quem vive para o elogio fácil. Devo esclarecer esse leitor que eu nunca me insinuei a ninguém, nesse sentido (dos prémios ou distinções), nem fiz publicidade do meu blog em lado nenhum. Escrevo sobre os assuntos de que gosto, critico aquilo de que não gosto, coloco imagens que me agradam, ou que me fazem sorrir, porque isso me dá prazer, mas não sou imune nem às críticas bem educadas nem aos elogios de quem conheço o trabalho, tantas vezes melhor do que o meu. Visito muitos blogues, em alguns comento às vezes, noutros quase não comento e outros passam à lista dos que nunca mais tenciono visitar porque não me interessam. Procuro sempre não ser desagradável, mesmo quando não concordo com algum texto, mas também só expresso a minha discordância onde sei que há pessoas que toleram a diversidade. Quanto à coluna do lado direito, essa continuará lá por respeito aos meus amigos, que aliás constam da lista também do mesmo lado, juntamente com outros blogues que acho interessantes mesmo não sendo os seus autores, leitores deste meu cantinho.

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FOTOGRAFIA
snowballs by sauco

Luiza Gelts

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CARTOON

Daryl Cagle

Pat Bagley

terça-feira, janeiro 22, 2008

ROTEIRO PRESIDENCIAL

Recebi por correio electrónico uma mensagem amável de um amigo, que lamentava a situação de fecho das ruínas de S. Cucufate, mas que considerava o tema inoportuno exactamente por referir o roteiro de Cavaco Silva pelo Património, ensombrando assim esta iniciativa e prejudicando o impacto que a mesma teria na comunicação social e portanto na opinião pública. Lamento ter de afirmar que não concordo mesmo nada com essa ideia, porque o estado de abandono a que está votado o nosso Património deve ser divulgado, a par do que eventualmente esteja a ser bem feito, que é bem pouco.
Recordo as palavras proferidas pelo presidente da República em Coimbra “Portugal só será um país verdadeiramente moderno se for um país com memória”. A preservação, o estudo, a divulgação e a fruição destes espaços que constituem o nosso Património são um imperativo nacional, não porque o presidente assim o diz, mas porque fazem parte da nossa identidade e da nossa história enquanto povo.
Certamente que os responsáveis pela Cultura neste país estão a mostrar o que já foi feito, e o que têm intenção de vir a fazer no futuro, mas é óbvio que não vão querer dizer o que não fizeram, e muito menos o que estão a fazer mal.
A política de recursos humanos, e já só falo do pessoal indispensável à manutenção e abertura dos serviços, como é o caso de S. Cucufate, é um perfeito desastre, para não dizer que até roça a ilegalidade, pois tem sido baseada na contratação de pessoal ao abrigo de um protocolo de mercado social de emprego com o IEFP, para o desempenho de funções que são de necessidade permanente dos serviços. Veja-se que com a alteração deste tipo de contratos, agora até nem se pode contratar ninguém em situação semelhante, devido à inexistência de pessoal do quadro. O Ministério da Cultura não conhece a legislação, para cometer um erro desta natureza? Isso é inadmissível e só pode ter acontecido por absoluta incompetência dos serviços.
É precisamente na altura em que o mais alto responsável da nação dedica uns dias à Cultura, que se torna oportuno denunciar este tipo de situações, para que os responsáveis do sector tomem as medidas necessárias para resolver este problema, até porque não é desejável que tenhamos de falar novamente no problema dentro de uns meses, quando o mesmo problema se vier a colocar com outros serviços também na alçada do Ministério da Cultura.
A crítica pode ser construtiva nesta ocasião, até porque a solução deste problema vai para além do Ministério da Cultura, pois a quem tem a palavra final é o todo-poderoso Ministério das Finanças, como todos bem sabemos.

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FOTOS - REFLEXOS
Reflections by *werol

sunrise impression by *werol

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CARTOON


OS EXEMPLOS DOS OUTROS

Foi José Sócrates, o próprio, que afirmou que Zapatero é um grande amigo e que não se importava de fazer campanha a seu favor, nas próximas eleições em Espanha. Deduzimos nós que o 1º ministro português se identifica nas políticas seguidas pelo seu homólogo, tal o entusiasmo demonstrado em expressar o seu apoio.
Este pobre escriba logo deduziu que a próxima medida a anunciar por José Sócrates vai ser o aumento do valor das pensões mínimas em pelo menos 150 euros, valor ainda assim inferior aos 200 euros prometidos por Zapatero. Já estou a imaginar uma conferência do Partido Socialista português subordinada ao tema “ter ou não ter… direitos. As famílias na sociedade do bem-estar”. Até já imagino a inclusão dos princípios da “liberdade, igualdade e solidariedade” nos próximos discursos oficiais, em vez dos rasgados elogios à acção governativa.
Mas não é só de Espanha que Sócrates fala com admiração, já o ouvimos elogiar a Alemanha e a destacar o seu papel de locomotiva da Europa. Pois então, agora que já não está na presidência europeia, bem pode o senhor primeiro-ministro ensaiar um discurso em defesa dos postos de trabalho, tantas vezes ameaçados pela deslocalização praticada por diversas empresas, muitas delas altamente favorecidas por medidas extraordinárias, como sejam isenções e subsídios estatais. Pode mostrar a sua firmeza e defender os interesses nacionais, fazendo como o governo alemão, que pede o boicote ao uso de telemóveis Nókia em retaliação à deslocalização da fábrica para a Roménia. As declarações dos governantes alemães são contundentes, chegando mesmo a classificar a atitude da marca como “capitalismo de caravana”.
Saberá, ou quererá José Sócrates seguir os exemplos dos seus homólogos, mostrando uma faceta de preocupação social e de defesa intransigente dos direitos? Ou será que os elogios e as referências são apenas para iludir o povinho?

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FOTOS - IMPROVÁVEIS

владимир диденко

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Dalcio

Hamid Karout

segunda-feira, janeiro 21, 2008

TAMBORES JAPONESES EM SINTRA

Noticiei aqui na passada quinta feira a actuação de um grupo percussionista japonês, num espectáculo de tambores Taiko. Não tive a oportunidade de me deslocar ontem a Sintra para assistir a esta actuação, mas os amigos servem-me muitas vezes como tábua de salvação em ocasiões deste tipo, e também desta vez não me saí mal, tendo recebido um interessante folheto distribuído no local, com uma breve descrição do grupo e do tipo de espectáculo que se realizou. Como bónus, ainda recebi fotografias tiradas no local, das quais escolhi apenas algumas.
Um muito obrigado ao meu amigo Palaciano, preciosa ajuda em temas relativos à Cultura.

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Cavaco Silva e S. Cucufate – Aparentemente ninguém encontrará qualquer tipo de ligação entre o Presidente da República e a villa de S. Cucufate, em Vila de Frades, no concelho da Vidigueira, e de facto não há. Cavaco Silva vai estar no norte de Portugal na segunda etapa do “Roteiro para o Património”, enquanto o local em referência está bem a sul. Não estou a jogar com as palavras, estou apenas a trazer a lume que enquanto temos as Ruínas de S. Cucufate, ou a estação arqueológica para ser mais exacto, encerrada ao público por não ter pessoal para assegurar a sua abertura, o senhor presidente dirige-se em direcção contrária no seu roteiro patrimonial. Eu sei que estas coisas são programadas com antecedência pelo seu gabinete, mas bem podia fazer uma surpresa mudando o percurso, ou pelo menos podia questionar os responsáveis pela Cultura, sobre esta situação. Como diz com imensa razão um autarca local, não há falta de pessoal, até porque o desemprego é grande, o que há é pouco empenho do Ministério da Cultura em manter aberta esta estação arqueológica, e em condições aceitáveis de conservação, o que também não é o caso.
Saiba mais sobre S. Cucufate AQUI e AQUI.

sábado, janeiro 19, 2008

MUSEUS E PLANEAMENTO

Já tenho abordado aqui as dificuldades com que se debatem os museus, palácios e monumentos, quer no que respeita a verbas, quer no campo dos recursos humanos. Infelizmente o retrato é muito negativo e não podemos embandeirar em arco, como se pretende, só porque o número de visitantes aumentou no último ano. As estatísticas frequentemente escondem fragilidades que não convém admitir.
Quem conhece ou trabalha neste meio, queixa-se de que os portugueses visitam pouco os nossos museus e monumentos, o que é uma realidade bem patente quando se sabe que em certos serviços os nacionais rondam apenas 12% do total das visitas, e mesmo assim porque se contabilizam as visitas de estudo, senão ficariam certamente abaixo dos dois dígitos. Talvez isto seja uma surpresa para alguns, quando se sabe que algumas exposições registaram números verdadeiramente interessantes.
O grande mal no sector do Património reside no planeamento, que pura e simplesmente é impossível. Estamos para além do meio do mês de Janeiro e ainda não está aprovado um plano de actividades para os museus e palácios dependentes do IMC, IP. O exagerado centralismo, a burocracia e os atrasos das reestruturações resultam na incapacidade de programar as actividades dos serviços.
Estou a lembrar-me da conversa tida recentemente com um conservador de um grande museu estrangeiro, que me dizia que tinha em mãos dois projectos de exposições, uma para 2009 e outra para 2010. Confidenciou-me este senhor que dois anos para contactos e planeamento de uma exposição, eram um tempo curto, e que a um ano de distância já tinha a aprovação do orçamento consagrado para o evento. Isto é absolutamente inviável em Portugal, pelo que a grande maioria das exposições são feitas com poucos recursos, e muitas vezes preparadas à pressa, não reunindo muitos dos meios que mereceriam e que estavam na ideia de quem as concebeu. Os resultados são fracos e o público não se sente atraído.
O “Roteiro para o Património” que Cavaco Silva vai iniciar na próxima semana, vai passar ao lado destes problemas, não me constando que esteja previsto nenhum encontro com os trabalhadores dos museus, palácios e monumentos, o que é pena, pois com alguma visibilidade talvez alguma coisa pudesse mudar nos tempos mais próximos.

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e6e1

pantera-kat

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sexta-feira, janeiro 18, 2008

AMPLO DEBATE, AGORA?

Com a decisão de não realizar o referendo ao Tratado de Lisboa, tanto o PS como o PSD prestaram um péssimo serviço à Democracia. Podem estes dois partidos aduzir os argumentos que quiserem para justificar a atitude, que nunca poderão apagar da memória dos portugueses as promessas que fizeram na campanha eleitoral anterior.
Ficou registada a preocupação com o exemplo dado aos outros países da União Europeia, que é perfeitamente descabelada considerando que são todos Estados independentes, portanto soberanos para decidirem o seu futuro, e o argumento de se tratar de um tratado diferente do que se propuseram referendar, o que ainda é mais caricato porque todos sabemos que na essência é igual, tendo sido apenas expurgado de alguns aspectos formais de pormenor. Não me esqueci também da legitimidade invocada para a ratificação parlamentar, que também tropeça no facto de este parlamento ter resultado do voto popular quando confrontado com os programas partidários, onde constava precisamente o compromisso do referendo.
O anúncio feito agora pelo governo, dizendo que está «empenhado» na promoção de um amplo debate sobre o tratado, não só no parlamento como junto da sociedade civil, é não só completamente inútil quando a sua ratificação já não depende da opinião pública, mas tão só da vontade partidária que até pode utilizar a disciplina de voto para a ratificação, como dá a sensação de ser uma manobra de diversão, tendente a desviar as atenções dos cidadãos de outros assuntos que estão ou estarão na ordem do dia.
Foram bastantes os políticos que se referiram à complexidade do tratado e à dificuldade em realizar um referendo sobre o assunto, mas acreditem que os portugueses sabem quando estão a ser “embarrilados”.

A sarjeta e a política

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FOTOGRAFIA

Onakita

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