sexta-feira, outubro 05, 2007

POLÍTICAS CULTURAIS

O aumento do número de visitantes dos nossos museus, palácios e monumentos tem sido notícia tendo originado algumas movimentações no sector, e nos dois institutos responsáveis pelo Património Nacional. Não estou referir-me ao caso específico do Museu Nacional de Arte Antiga ou sequer a qualquer outro museu ou monumento.
Nos meios ligados ao Património há quem já esteja a pensar em actualizações dos preços dos ingressos, muito por causa da falta de verbas oriunda do orçamento de Estado. Percebo a preocupação, mas sinceramente acho que o problema não está no preço das entradas.
Portugal compete no mercado turístico, e refiro-me só a este porque é aquele que mais influi na obtenção de verbas, com a nossa vizinha Espanha, e quando se equaciona mexer em tarifas temos de ter em conta a realidade dos preços e da oferta do país vizinho.
Podemos entrar por caminhos delirantes, como o que foi seguido pelo Palácio Nacional da Pena, e aumentar os bilhetes para 11 euros, e comprometer a curto prazo todo aquele turismo cultural que ninguém se preocupa em quantificar, ou podemos ser mais coerentes e praticar preços que sejam compatíveis com o nosso poder de compra, fidelizando também o público nacional, e compatíveis com o mercado do nosso maior competidor. Claro que me vão falar da necessidade de arrecadar receitas, mas isso é outra questão.
Sem aumentar os preços dos bilhetes, podem aumentar-se as receitas, bastando para tal melhorar e diversificar a qualidade dos serviços prestados, com inteligência e aproveitando a experiência já adquirida por outras instituições por esse mundo fora.
As Lojas, são um dos meios mais conhecidos, mas nunca nos moldes centralizados e dirigidas à distância, sem o conhecimento das especificidades de cada serviço. Os produtos não podem ser todos comuns aos diversos museus e monumentos, e não pode haver falta de informação nos mais diversos suportes, nas principais línguas, em nenhum deles.
Os edifícios e as obras expostas devem estar em boas condições de manutenção e de preservação, e os funcionários devem ser experientes e aptos para fornecer todas as informações quando solicitadas pelos visitantes. Não há hipótese de isto acontecer com o recurso sistemático a contratos temporários, o que só devia acontecer em época de maior fluxo de visitas, no Verão ou por altura de grandes exposições.
Muito mais se pode fazer para tornar os nossos museus, palácio e monumentos mais atractivos, mas é necessário investir, dialogar, e motivar os funcionários das diferentes áreas.

Nota: Falei dos preços e do caso particular do Palácio Nacional da Pena, pelo que aconselho os mais interessados a consultar os sites dos museus do Prado, Thyssen-Bornemisza e o Centro de Arte Reina Sofia, para poderem comparar, não só os preços mas também a oferta de serviços e as colecções expostas e exposições programadas.

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GRANDES PINTORES
Vulcano (pormenor), Tintoretto

Vénus de Urbino - Ticiano

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CARTOON

Estas imagens ilustram com algum humor, se é que é possível ter algum com este exemplo de insensibildade social, o artigo aqui publicado ontem.

Steve Sack

Bob Englehart

17 comentários:

quintarantino disse...

11 euros para ir onde?
Eu este Verão paguei 9 euros para visitar o Louvre.
Que grande museu esse deve ser para se ter de pagar mais que no Louvre.
Se alguém duvidar, tenho os bilhetes...

Zé Povinho disse...

Não tenho qualquer dúvida, amigo, e o exemplo do Prado que dei, foi porque lá são 6 euros a entrada. O que eu não percebo é a coerência, ou falta, do nosso Ministério da Cultura.
Quanto ao Palácio Nacional da Pena, agora é gerido por uma sociedade anónima, que põe e dispõe, nas barbas de um ministério ausente, com a conivência do Instituto de Turismo de Portugal e do Instituto dos Museu e da Conservação, I.P..
Abraço do Zé

quintarantino disse...

Meu caro, absolutamente fora do contexto mas temendo que por lá não passasse de novo, aqui fica o que respondi (saberá, certamente, do que se trata):
[ Paris, em podendo, não perco. Lá versejar, foi aqui a Romi que me meteu nestas andanças. Mas sou fraco poeta. E entao dançarimo, nem se fala...]

quintarantino disse...

eu peço perdão... mas a história do nome vem de uma brincadeira... as americanas lá no balcão onde só se charla em inglês, viam-se aflitas e de Quintino passei a Quint. Quando dei por ela, o amigo Joshua (do palavrossaurusrex) saiu-se com a do Tarantino... achei piada... e ficou...
e como remate mesmo final, passe lá pela taberna que sempre se dará umas notas soltas e umas ideias tolas...

ANTONIO DELGADO disse...

o artigo é bem realista sobre a Portgual. Tenho uma relação muito particular, com Espanha, onde residi durante 10 anos. E os programas museologicos são completante diferentes. Todos eles, mesmo os provinciais, são servidos por optimos programas instalações e tecnicos. Por exemplo em Alcobaça que é a minha terra tem um mosteiro que não tem casas de banho . Paga-se 4euros e meio , por entrada, e, além da estrutura arquitectónica, paredes e divisões. não tem mais nada que se veja. Folhetos com descrições nas varias salas não existe...muito menos noutras linguas... ver para crer!

Um abraço faterno
Antonio

Anónimo disse...

Tb acho amigo Zé!
Pode-se e deve-se fazer mt mais nos nossos Museus. Bom, já estão bastante melhores mas ainda falta a questão da relação qualidade/preço. Em Londres, por ex, não se paga a maior parte dos museus...e são tds muiiiiito melhores que os nossos.

Abraço de bom fds prolongado :-D

Boa música!

A SULISTA

Tiago R Cardoso disse...

Quando se ve o aumento de turistas e visitantes e se pensa em aumentar logo os bilhetes, faz-me lembra a galinha dos ovos de ouro. Como sempre em Portugal procura-se o caminho mais fácil, agora essas histórias de mudanças de politicas, reforma do sistema, abrir a janelas para arejar o mofo da cultura, é melhor não dá muito trabalho.

Se quiser, passe lá no fixadores, que afixei lá uma lembrança.

papagueno disse...

O que se passa com as lojas dos monumentos é uma vergonha. Qualquer pessoa que se desloque à loja de qualquer monumento do antigo IPPAR pode verificar que a maior parte dos artigos de maior venda se encontra esgotada. Assim é impossível fazer dinheiro.
Um abraço

Tiago R Cardoso disse...

peço desculpa, não tinha reparado no prémio, penso que foi quando estive ausente, agradeço e permita-me retribuir o gesto.

Anónimo disse...

É uma vergonha ver o estado de abandono em que caiu o Palácio de Queluz, bem como aquilo a que se chamam jardins, sei lá porquê. Também na Pena paga-se obrigatoriamente para ver um Parque e deparamos com um abandono miserável e com os lagos que eram lugar aprazível de passeio onde setiravam optimas fotografias, vazio e com lixo. Que dizer do Palácio da Vila de Sintra, onde passei muitas vezes tardes inteiras com um livro nas mãos, e que agora está fechado ao público, dizem-me que há vários anos.
Onde pára a ministra da Cultura e quem é que a pode responsabilizar por estas vergonhas?
Desculpe o desabafo, mas é sentido.

Kalinka disse...

Começo por desejar um excelente Fim de semana prolongado. O meu tem por finalidade descansar fisicamente e fazer umas arrumações de Outono.

AMIGO ZÉ
tiras-me quase sempre as palavras dos dedos - e ainda bem, pois sabes explicar-te melhor do que eu; tinha pensado escrever sobre o assunto depois de ter lido há 3 dias a notícia do Museu do Prado de ter decidido que haveria alguns dias da semana que as entradas seriam gratuitas...e, cá, neste País, haverá algo gratuito?

Na minha teimosia de fazer um 3º post sobre a letra F, faço destaque a um evento artístico que teve início a 29 de Setembro e termina a 31 de Dezembro, na Estrada Nacional (EN) 10, junto ao Seixal. Acolhe o Drive In Art 2007, que já vai na sétima edição. As trinta telas de enormes dimensões (2 m por 1,85 m) foram pintadas por vinte artistas, jovens e muito jovens (dos 15 aos 30 anos), e podem ser avistadas nos dois sentidos da EN 10 no troço entre as Paivas e o Fogueteiro. O vencedor (ah pois, isto é um concurso!) ganha 500 euros. Se o público não vai à arte...

Beijokas.

Archeogamer disse...

O mal não é por vezes o preço que colocam é as ofertas serem coerentes com esse mesmo preço, o que muita das vezes não acontece. Paga-se demasiado ao serviço oferecido.

Anónimo disse...

O batuque lá é Samba...arranjei-o na Net já faz mt tempo ;-)

Continuação bom fds!
Abraços :-)


SULISTA

Isamar disse...

Excelente post! Todos sabemos que é preciso angariar verbas para manter os museus mas , a preços proibitivos, arriscam-se a tê-los às moscas. Quanto ao resto, fico a rir. Saio com boa disposição.

Beijinhossss

Meg disse...

Olha Zé, hoje passei mesmo só para ler o que aqui se escreve. Sobre este assunto, que para mim é longínquo, pois isto AQUI não é o "meu país".
Cultura? Museus? Palácios?
Isso é em Lisboa e arredores.
Um abraço

Maria Faia disse...

Olá Amigo Zé Povinho,

Coloca uma questão deveras importante para todos nós. Sempre que me desloca para além fronteira nacional, não resisto à comparação que, quase instantâneamente, faço entre o estado de conservação, preservação e acesso do património de outros países e o nosso. Infelizmente, no nosso Portugal, parece não haver grande brio a este nível e isso machuca aqueles que gostariam de ter e viver a sua história e cultura de forma mais participada e qualificada.
Os recursos humanos são escassos e, pior do que isso, na maioria das vezes, inqualificados para as funções que desempenham. O estado de conservação é paupérrimo e, quando se pensa em alterar este estado de coisas, a primeira solução que vem a lume é aumento dos preços de acesso aos monumentos. Para mim, nada mais errado, uma vez que, dessa forma, somente se consegue "elitizar" cada vez o nosso património.
Acredito muito mais na melhoria e diversificação da prestação do serviço pois, somente por essa via conseguiremos, senão competir, pelo menos igualarmo-nos às diferentes realidades patrimoniais e culturais por esse mundo fora.

Parabéns pelo excelente trabalho que nos deixa.

Um abraço amigo,
Maria Faia

C Valente disse...

os cartoons são uma maravilha ,as imagens tambem, e para terminar o texto, é verdade os museus estão ás moscas, 1º os preços para os bolsos de maioria dos portuguese, são proibitivos, e começam a ser para o turista , depois em dias que os meuseus deviam estar aberto e por horas encontram-se encerrados, é tuda uma politica de cultura que está errada
bom fim de semana
saudações amigas