quarta-feira, outubro 24, 2007

MEDO DO REFERENDO?

A opinião do ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, é respeitável se emitida na condição de simples cidadão, mas é inoportuna e criticável enquanto membro do governo português. Todas as opiniões são possíveis, e certamente cada um terá a sua, mas nem todos estão condicionados, como Luís Amado pelas posições anteriormente assumidas perante os seus eleitores e perante toda a opinião pública.
A frase mais difícil de “engolir” na sua entrevista ao Rádio Clube Português é a seguinte “os tratados internacionais não têm de ser referendados. É para isso que existem os parlamentos”. O senhor ministro esquece-se propositadamente do compromisso tomado perante o eleitorado pelo seu partido, quando se apresentou às eleições legislativas, e pretende dizer que mesmo não respeitando os compromissos eleitorais, os eleitos têm legitimidade para aprovar este tratado. É muito curioso este conceito de legitimidade política, na sua boca.
É também incompreensível que enquanto ministro do governo português tenha emitido esta opinião, quando também recordou que o governo condicionou a sua posição oficial por exercer a presidência da União Europeia até ao final de Dezembro, não querendo por isso condicionar ou inibir o desenvolvimento do processo negocial. Mas afinal Luís Amado é ou não o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal?
Por fim, temos o argumento da complexidade deste tipo de tratados e da dificuldade de fazer uma pergunta concreta entendível para o cidadão comum. Senhor ministro, os eleitores em causa são os mesmos que votaram maioritariamente no seu partido nas anteriores legislativas, para o bem ou para o mal.

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PAISAGENS NO OUTONO
lilit10

monterey

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CARTOON FRANCÊS
Chappatte

Delize

10 comentários:

Anónimo disse...

Para muitos, o significado da palavra - político é - aldrabão. Este assunto vai confirmar, ou não, essa tese bastante em voga.
Fui

Tiago R Cardoso disse...

Como eu escrevi na segunda-feira no "Notas Soltas" :

"Já ouvi alguns dizerem que se trata de questões complexas e que os políticos compreendem melhor o assunto que os cidadãos. Tenho para mim que estamos perante uma forma educada de chamar estúpido e ignorante ao povo."

Anónimo disse...


Já viste a trabalheira que um referendo ía dar aos senhores da política? Tinham de ler o tratado e depois tinham de o tentar explicar por palavras deles, e ainda tinham de responder a perguntas. Achas que eles estão dispostos a isso tudo?
Que optimista...
Bjos

quintarantino disse...

Ai mas nessa onda também Vital Moreira (um PCP arrependido) e Manuel Porto (CDS/PP). Já se adivinha o que aí vem...

Isabel Filipe disse...

"...
O senhor ministro esquece-se propositadamente do compromisso tomado perante o eleitorado pelo seu partido, quando se apresentou às eleições legislativas, e pretende dizer que mesmo não respeitando os compromissos eleitorais, os eleitos têm legitimidade para aprovar este tratado. É muito curioso este conceito de legitimidade política, na sua boca.
..."

pois ... ele sofre muito desse mal... tudo que prometeu ... ficou no esquecimento ...

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lindas as paisagens de outono
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bjs

Meg disse...

Mas alguém ainda se lembra das promessas? Olhem que se calhar o homem não prometeu nada disso e nós é que andamos todos enganados!!!
Tantas promessas falhadas... será???
Estou como tu, amigo Zé.
Um abraço

adrianeites disse...

como hoje escrevo no meu blogue acho que deve ser a assembleia a decidir..

cp's

Isamar disse...

e assim vamos nós, cantando e rindo, ou melhor, chorando. O eleitorado, decepcionado, ouve e lamenta.
Beijinhos

Pata Negra disse...

Deixemo-nos de tretas: a única razão porque não querem o referendo é porque sabem que, muito provavelmente, não obteriam o resultado que pretendem!

SILÊNCIO CULPADO disse...

Os portugueses ainda não se aperceberam bem do quanto estão arredados de todas as participações. Temos uma ditadura democrática, mais perigosa nesta falsa sensação de liberdade que inibe alguma revolta. Porém, não podemos continuar por muito mais tempo a ser achincalhados e cheira-me que não demora muito que comecem a surgir focos, cada vez mais activos, de contestação.