quarta-feira, setembro 05, 2007

A REALIDADE PESA

Com a saída de Dalila Rodrigues da direcção do Museu Nacional de Arte Antiga eis que chega Paulo Henrique para ocupar o lugar vago. Tratou-se de uma nomeação com características marcadamente políticas, não só pela polémica que envolveu a saída da anterior titular, mas também porque este lugar de direcção é de nomeação da responsabilidade da ministra da Cultura.
Deixando de parte a polémica, vemos na entrevista do recém nomeado director alguns dos pecados apontados por Dalila Rodrigues no que respeita à gestão do MNAA. Começando pela apreciação do trabalho da sua antecessora, Paulo Henriques elogia o seu trabalho de comunicação e de maior visibilidade dado ao museu, para logo referir que o mesmo deixou de ser uma referência na área de museologia. Claro que não considero que esta seja uma crítica directa a Dalila, porque acrescenta a dado passo que “obviamente que são actividades que exigem mais investimento financeiro” que ainda não terá discutido com a tutela pois está ainda em fase de análise da realidade.
O peso da realidade começa a fazer-se sentir, pois logo que seja quantificado o esforço financeiro exigido para o que se propõe realizar, o novo director terá que começar a sua batalha quase diária para conseguir a libertação desses meios, o que se vai reflectir na velocidade de realização dos projectos e no recuo de outros que gostaria de efectuar.
A dura realidade é que nunca saberá concretamente com que verbas pode contar para as actividades que venha a propor mesmo que aceites, nem sequer com as que venha a angariar de apoios mecenáticos, pois a atribuição estará sempre dependente dos serviços da tutela, como parece ser do agrado dos senhores (e senhoras) directores de museu, atendendo ao abaixo-assinado conhecido há algum tempo.

*** * ***
FOTOS
leroi

AUDIs only! By elta

*** * ***

CARTOON NACIONAL

11 comentários:

Anónimo disse...

Amigo Zé
O Paulinho começou por ficar mal na fotografia do jornal. Também não saiu melhor com as críticas veladas à Dalila, e só espero que não comece a chover a cântaros no interior do Museu das Janelas Verdes como chovia lá pelo Azulejo. Quanto à gestão, é só deixar assentar a poeira que depois falamos.
Bjos

adrianeites disse...

o gajo entrou á politico.. elogia o antecessor mas logo arranja uma forma de dizer isto está mal por causa do antecessor..

é uma nomeação politica obviamente..

cp's

Anónimo disse...

Não será só a realidade a pesar, a herança também o vai perseguir. Não começou bem e terá que fazer melhor do que a anterior. Quanto aos meios, estamos cá para ver se lhos dão e se não apostar na visibilidade não há mecenas, o que parece que não é uma aposta deste director.
Bjos

quintarantino disse...

Críticas veladas ou directas à antecessora? Pois não as poderá ele fazer (e acho que até nem terá sido tanto como querem fazer crer) se ela as podia fazer à tutela e até a colegas?
No resto, subscrevo mais uma vez aquilo que o Zé Povinho escreveu. Procurou ir ao cerne da questão, deixando de lado a emotividade das posições a favor da Dalila ou do Paulo...

Tiago R Cardoso disse...

Eu abaixo-assinado concordo com o que o amigo Zé escreveu... raios, onde é que meti a minha esferográfica cor-de-rosa?

Meg disse...

Olha, Zé... que se pode esperar já?
Pois se o problema é de verbas, já viste alguém fazer omeletes sem ovos? Eu não.
Um abraço

Zé Povinho disse...

Caros amigos
Para que não restem dúvidas, não conheço pessoalmente nem o Sr. Paulo nem a Sra. Dalila. O que conheço, e bem são os museus onde os dois trabalharam, isso sim! Mas também isso não vem ao caso, no artigo em questão.
No que me debruço com a objectividade possível, de quem não tem poder decisório na matéria, é na questão da gestão e programação que a meu ver não pode ser feita sem se saber com o que é que se conta a médio prazo, pelo menos uma a dois anos de distância. E aqui é que a porca torce o rabo, porque isso não vai ter o novo director, pelo que não lhe auguro grande futuro. Não me debruço sequer sobre a sua competência nem sobre os seus planos, só sobre as condições que lhe vão ser proporcionadas.
Abraço do Zé

NÓMADA disse...

Enquanto lugares-chave, que exigem competências acrescidas, forem preenchidos na base da confiança política, e até por pressões do sector económico, Portugal nunca irá para a frente. Tem que ser entendido e defendido de uma vez por todas que têm que ser escolhidos os melhores e mais capazes independentemente da sua raça, credo, sexo, orientação sexual etc, etc, etc. Por isso temos que nos indignar cada vez que alguém com provas dadas é substituído. Seja de que quadrante político for. A pergunta que se põe é a seguinte: se Dalila Rodrigues fosse do PS teria apanhado um chuto no dito cujo? Não me parece. Eu fui quadro de uma grande empresa pública onde uma das razões que me levou a sair foi exactamente essa: a dança das cadeiras sem ter em conta as competências. Na altura até eram os PC´s o maior alvo das espingardas. Mas para mim o que contava não era a cor mas sim o trabalho.

SILÊNCIO CULPADO disse...

Dalila Rodrigues era, e é, um grande quadro. Digo-vos eu que a conheci de perto. Esta coisa da cor política a mim agonia-me. Tenho visto muita coisa suja nos sítios por onde tenho andado, e estou a falar de grandes empresas.Aliás a única forma de obstar a que a corrupção alastre e se aprofunde é ter, em lugares sensíveis, pessoas de diferentes quadrantes políticos. Servem de vigias uns aos outros tanto em matéria de corrupção como de trabalho e competências. Eu procurei formar, sempre que possível, equipas mistas e nunca me dei mal. Mas o Big Boss não gostava. Achava que alguns tinham que ser lançados borda fora porque podiam ser "espiões perigosos". Então eu mandei-o a um sítio que eu cá sei e vim embora.

Jorge P. Guedes disse...

Não conheço minimamente as pessoas em questão.
Tenho a ideia de que a senhora que saiu não fez um mau trabalho, dadas as circunstãncias.

De resto, quem entra procurará naturalmente fazer melhor do que o antecessor, mas se as coisas não mudarem a nível de apoios e de verbas, duvido que possa sair-se como por certo desejaria.
A não ser que vá buscar verbas a entidades particulares...

Enfim, estamos num país sem fundos (públicos!)

Um abraço.

MANIA disse...

Onde há gato, nada mais há que me distraia.Essas politiquices já enfadam, por serem o prato servido quase diáriamente.
Um abraço