terça-feira, setembro 25, 2007

PESSOAS EM VEZ DE NÚMEROS

Quando leio artigos a dizer que o “desemprego registado cai 10,2% em Agosto” embora esteja 0,6% acima do registado no final do mês de Julho, logo a seguir avançam com outro dado, segundo o qual “o número de desempregados registados, mantém-se com uma trajectória descendente em termos anuais”, fico preocupado.
Os números apresentados como “desemprego registado” não correspondem ao número de pessoas que efectivamente estão desempregadas, e pior ainda, o facto de haver um aumento no mês de Agosto não é um bom sinal, como se sabe, já que é a época do ano em que mais se recorre a contratos sazonais.
Fico solenemente irritado com este adoçar da pílula, sempre que se fala dos desempregados, porque acima de tudo significam e afectam pessoas e agregados familiares, num país em que os salários já de si são muito baixos em relação ao custo de vida, e também porque os apoios sociais são cada vez menores.
Detesto o espírito economicista que prevalece nas instâncias do poder, e em grande parte da classe empresarial, porque subvalorizam sistematicamente o desemprego, mas não hesitam em anunciar aumentos de lucros cada vez maiores e ainda exigem maiores facilidades para efectuarem despedimentos, fazendo baixar por essa via os próprios salários.
A mesquinhez que muitos destes agentes demonstram perante a situação dos trabalhadores vai certamente ter um fim, mais cedo ou mais tarde. Como alguém dizia, “ a fome é má conselheira” ou “perdido por cem, perdido por mil”, são frases que cada vez mais me ocorrem.

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FOTOGRAFIA
Energetic
VyFy

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CARTOON

Patrick Chappatte
Brian Fairrington

14 comentários:

Pata Negra disse...

Aumenta a criação de riqueza proporcionalmente ao aumento da pobreza. Viva o salário mínimo e a mobilidade! Viva o Partido Socialista e o capital! Viva o Belmiro e o Sócrates!
Já me estou a entusiasmar, abri a caixa só para acrescentar aquela frase feita que diz que "a estatística é a forma científica da mentira".
Um abraço

quintarantino disse...

Conheci em tempos um partido e um secretário-geral que prometeu que as pessoas não eram números... ai, como era mesmo o nome de um e outro? - magicava José Sócrates.
Vendo-o assim, Silva Pereira disse-lhe: Ó Zé, mas tu até andaste lá no Governo...
- Eu? Cala-te. Disparate.
E mais não digo. Tenho de pôr de pé o meu negócio. O amigo Zé Povinho não está interessado na sociedade? Vai-se chamar "Portugapontes"... e vai ficar com o exclusivo das pontes a Norte da Vasco da Gama... em água, terra e no que houver. Em sendo a Norte, a coisa é da empresa!

Tiago R Cardoso disse...

Gosto de estatísticas, fazem me rir, é extraordinário, como podem ser lidas de diferentes ângulos, tipo a historia do copo meio cheio ou meio vazio.
No entanto continuamos a ser tratados como números, vistos por perspectivas diferentes, mas unicamente números.

Archeogamer disse...

São somente números, e os números podem ser adulterados, basta ter um bom contabilista no cato de entrega de um irs, por ex. Esse caso é o mesmo com a componente de mexer com as vidas humanas.

Rui Caetano disse...

O desemprego é um dos grandes problemas da nossa sociedade. Da forma que se vê o rumo das nossas economias e do desenvolvimento do país a situação tende a piorar. O que inquieta é que os ricos estão cada vez mais ricos. É, vê-los de Jaguar, BMW topo gama, Mercedes, Ferraris e a viverem em Grandes palacetes ou apartamentos de 100 mil contos. POrque será?

SEMPRE disse...

Ninguém como o João Rato para comentar sobre estes temas. Que me perdoem os outros mas este Leitãozinho é o máximo. Sentido crítico tem até mais não e diz as verdades que têm que ser ditas.
Sabes Zé Povinho há 3 espécies de mentiras: as grandes mentiras, as pequenas mentiras e as estatísticas.

CHEVALIER DE PAS disse...

Ó meu caro Zé, estou furiosa, hoje disseram-me para ser prudente, mas neste país consegue-se ser prudente? se nem cidadão já se consegue ser!

"A Prudência é uma velha solteirona, rica e feia, cortejada pela Impotência" - o profeta do modernismo William Blake

enquanto besta, peço desculpa aos sábios desta espécie de país democrático, pela erudição!

Zé Povinho disse...

Caros amigos
Hoje fiquei particularmente agradado com os comentários. Gostei dos vivas, da lembrança das promessas,do elogio dos números que nos podem fazer rir, ou parecer o contrário do que temos, do elogio à economia (nada) justa do país, da caracterização das diferentes mentiras e da D. Prudência. Confesso que se a situação não fosse grave, me riria. Mas fico-me pela revolta e profundo desprezo por quem nos tem (des)governado. Se houvesse justiça, esses incompetentes seríam obrigados a viver durante pelo menos um ano, auferindo o salário mínimo nacional ou o subsídio de desemprego da maioria dos que, ainda, dele auferem.
Abraço do Zé, acompanhado dum grande manguito para a política económica.

Jorge P. Guedes disse...

Comungo dessa tua preocupação. De facto, os números do desemprego real são outros e não os que sefalaciosamente são anuciados pelos agentes do Estado.

Naturalmente que a criminalidade tenderá a aumentar, ao mesmo tempo que se anunciam mais 200 polícias para o país inteiro. Façam-se asc ontas ao número de cidades existentes, só às cidades, e ver-se-á quantos tocam a cada uma.
Depois, veja-se em que proporção é que os pequenos e médios assaltos e crimes diversos têm aumentado e facilmente se poderá concluir que, quando esses polícias forem de facto disponibilizados, já serão em número ainda mais insuficiente do que já é agora.

Manipulam-se osnúmeros e assim se engana uma boa parte do "pagode" votante...e pagante!

Um abraço.

SILÊNCIO CULPADO disse...

ZÉ POVINHO
Ainda voltarei aqui para comentar este post que tem muito que se lhe diga. Para já o que te quero dizer é que acabei de te atribuir, no meu blogue, o prémio VISITANTE destinado a distinguir, pela assiduidade e pela qualidade, o melhor comentarista. Tens sido um contributo de enorme importância no meu espaço. A qualidade e profundidade das tuas análises associadas à busca de uma consciência colectiva que nos está a faltar, têm sido um contributo inestimável para os debates, ainda que amenos, que tenho procurado introduzir. Sinto orgulho na tua amizade e na tua participação e, por isso, gostaria que continuásses a corrente de forma a incentivar o visitante e o comentário que representam um património tanto ou mais rico que o próprio blogue.
Um abraço

Laurentina disse...

Olá Zé, sempre mais do mesmo.
Ultimamente eu ate ja acordo ás 6 da manha para ouvir as primeiras noticias ...eheheheh só para saber se ha alguma novidade acerca de algum deles ...
É que com tanta praga em cima tenho esperança que um dia destes algum vá parar ao hospital ou mais longe sei la ...mas como não ha nada volto-me para o outro lado e siga mais um soninho até as 8 e 30 eheheheheheheheh

Beijão grande

Anónimo disse...

Ainda anteontem li uma noticia que dizia que dois em cada dez portugueses, trabalhadores, têm muito medo de vir a perder o seu emprego nos próximos seis meses...Se juntarmos os 500mil desempregados que Só-cretino prometeu empregar mas que continuam sem trabalho...dá uma soma escandalosa!!

O negócio dos desgfovernos é...NÚMEROS!!

:-(
Abraço
da
Sulista

SILÊNCIO CULPADO disse...

A manipulação estatística é a forma de embuste mais séria que temos na nossa comunicação. Transmite uma mensagem forte e credível quando na realidade esconde e enviesa a realidade. Se Sócrates voltar a ser eleito pelo PS, nas próximas eleições, e apenas 100 eleitores forem votar e, desses 100, 50 votarem nele, ele terá tido a melhor percentagem de sempre e a maioria absoluta mais folgada.
As taxas de desemprego são bem superiores às que constam dos números oficiais porque:
1) Só comtempla quem se inscreveu no Centro de Emprego o que exclui todos aqueles que, desejando ter um emprego, não se inscreveram nos Centros de Emprego ou porque não têm direito a subsídio ou porque não acreditam obter emprego através da inscrição. 2)Não são contabilizados os emigrantes que, em número surpreendentemente alto, todos os anos procuram outros países para trabalhar. 3)Os desempregados de longa duração e que passam à reforma, por vezes antecipada, podem fazer descer artificialmente a taxa do desemprego. Se considerarmos estes 3 items verificamos que as taxas reais de desemprego são bem superiores às oficiais.

CHEVALIER DE PAS disse...

ele há cada manipulador!