terça-feira, abril 10, 2007

A DESILUSÃO DA POLÍTICA

Eu, como muitos outros da minha geração, que começámos a aprender a política em 1968 e nos envolvemos nela em 74, acreditámos em ideais, lutámos por eles tentando cada um à sua maneira e com a sua sensibilidade, criar uma sociedade melhor e mais justa. Os anos passaram, os políticos também, e os ideais começaram a ser esquecidos substituídos pelo que se convencionou chamar, o pragmatismo.
Hoje temos uma classe política mais preocupada com os altos desígnios da s finanças públicas, que se regem por normas internacionais, por conceitos importados do estrangeiro, virados para a macroeconomia e para as regras do mercado, e por último e apenas no discurso, preocupados com o bem estar dos cidadãos do nosso rectângulo. Os políticos são agora quase todos profissionais, forjados nas juventudes partidárias e catapultados para a ribalta mais pela militância do que pela experiência de vida ou por conhecimentos comprovados nas áreas de intervenção.
O divórcio entre esta nova classe política e os cidadãos é ainda maior porque ao eleger-se a economia como prioridade, se criam dependências e cumplicidades com o poder económico, mais interessado com o lucro do que com a justiça social e o bem estar geral das populações.
O resultado é o fecho de escolas, maternidades e urgências com o pretexto da rentabilidade, como a relação custo benefício destes serviços pudesse ser medido do mesmo modo, na cidade ou no interior. O cidadão não é o interesse primeiro dos novos políticos, mas sim a economia. A cidadania é reduzida a números colocados nas colunas do deve e do haver e a política é um mero exercício de contabilidade.
Não acredito em políticos para quem os números são mais importantes que as pessoas, nem nos que prometem uma coisa e depois fazem outra. O meu voto vai continuar a ser em branco, enquanto os políticos não forem capazes de dignificar a política.

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FOTO


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A MELHOR DE ONTEM


CARTOON


Distraído

5 comentários:

Anónimo disse...

Ainda bem que há mais gente que vota em branco como eu

Anónimo disse...

A desilusão é colectiva, não conheço ninguém que admita ter votado PS

Anónimo disse...

Ideologia, só a do dinheiro. Isto é o capitalismo selvagem no seu pior. Política? Não existe, a menos que a obtenção e manutenção de tachos agora tenha esse nome.

José Lopes disse...

Estão na moda esses urinóis?

CORCUNDA disse...

Não queria ser alarmista, mas penso que irá continuar em branco por muito tempo. Infelizmente...
É que não consigo descortinar uma nova geração de políticos que possa inverter a tendência dominante. Infelizmente...
Abraço.